Boselli, reforço do Corinthians, é um atacante raro no Brasil
O argentino Mauro Boselli, de 33 anos, será a referência do ataque do Corinthians para esta temporada. Ele realiza exames médicos daqui a pouco para se apresentar à nova equipe nesta sexta-feira, 4, conforme já havia antecipado o jornalista Benjamin Back, do Fox Sports, informação depois confirmada por veículos tradicionais, como o GloboEsporte.com. Acostumado a vestir a camisa 17, o jogador, que chega para atuar na posição do 9, deve usar seu número da sorte também no futebol brasileiro. O atleta era pretendido pelo Grêmio e por pouco não se transferiu para o América, atual campeão mexicano. Há alguns anos, é monitorado pelo departamento de análise de desempenho do Timão. Considero um belo reforço.
Partindo do princípio de que a maior parte das contratações é composta por apostas, essa é uma que eu faria de olhos fechados. Sim, ele não é jovem, nem tem um carreira toda pela frente, muito menos poderá ser vendido por um caminhão de dinheiro no futuro, mas na América do Sul não tem jeito: como exportamos os jogadores que formamos, acabamos tendo de nos virar com os que foram para a Europa e não deram certo, ou com os bons veteranos que eram ainda melhores quando estavam mais distantes de suas aposentadorias ou buscando alternativas em clubes menores. O caso de Boselli é o segundo.
No Brasil, existem poucos atacantes com suas características, as de um exímio “centroavante clássico”, goleador nato: os também veteranos Ricardo Oliveira, do Atlético-MG, e Fred, do Cruzeiro; Barcos, também da equipe mineira, o peruano Guerrero, do Internacional; o promissor Pedro, do Fluminense; o também corintiano Gustagol, que volta ao Parque São Jorge após ter sido o artilheiro do País em 2018, e não me lembro de mais nenhum… Aliás, o retorno deste último, depois de ótima passagem pelo Fortaleza de Rogério Ceni na Série B, me parece muito oportuna. São vários os exemplos de segundas chances que deram certo, entre elas as vivenciadas recentemente pelos laterais-esquerdos Victor Luís, do Palmeiras, e Reinaldo, do São Paulo, e pelo volante Hudson, também do Tricolor Paulista.
Para quem sofreu com a má fase de Roger e Jonathas no ano passado, o torcedor corintiano tem tudo para ter mais alegrias com Boselli e Gustagol como opções para o comando do ataque. Uma eventual chegada de Vágner Love, a meu ver, é desnecessária. O Corinthians, que acertou em cheio nas contratações dos meias Ramiro (ex-Grêmio) e Sornoza (Fluminense), precisa agora priorizar reforços para a zaga e a lateral-esquerda. Independentemente disso, com o retorno do técnico Fábio Carille, deve voltar a ser competitivo.
Histórico
Artilheiro do Apertura mexicano em 2014, 15 e 17, Boselli fez 130 gols em 221 partidas pelo mediano León, que defende desde 2013 e do qual é capitão desde 2015. É o segundo maior artilheiro da história do clube, atrás apenas de Adalberto López (décadas de 40 e 50), com 136 gols. Ídolo da torcida, o camisa 17 conquistou o Apertura de 2013 logo em sua chegada ao clube e, em 2014, o Clausura. Formado nas categorias de base do Boca Juniors, teve suas primeiras chances no time principal em 2004, elenco que também contava com Carlos Tévez, então com 20 anos. Carlitos, porém, já tinha papel de destaque, era titular, e Boselli um reserva que havia acabado de chegar da base, sem muitas oportunidades. Naquele ano, os xeneizes perderam a final da Libertadores para o Once Caldas, da Colômbia, nos pênaltis.
Mesmo atuando pouco pelo Boca, Boselli foi campeão da Copa Sul-Americana ainda em 2004, depois do Clausura argentino em 2006 e da Libertadores em 2007. No ano seguinte, com algumas propostas no futebol argentino, decidiu ir para o Estudiantes, onde viveu grande momento. Em 2009, era titular e um dos principais nomes do time, que tinha como capitão “La Brujita” Verón e era comandado por Alejandro Sabella, técnico que assumiria a seleção argentina em 2011. Com uma cabeçada certeira, seu melhor fundamento, Boselli marcou o gol da virada contra o Cruzeiro que deu o título da Libertadores daquele ano e a oportunidade de ser artilheiro do torneio com oito gols. Sua melhor atuação na competição foi na goleada por 4 a 0 contra o Deportivo Quito, do Equador, ainda pela fase de grupos, em que esbanjou um hat-trick.
Ao fim daquele ano, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, diante do todo poderoso Barcelona, Boselli, novamente de cabeça, fez o gol que, até os 43 minutos do segundo tempo, dava ao Estudiantes o seu segundo título mundial. Foi quando o atacante Pedro empatou e levou a decisão para o tempo extra. Aos 4 minutos da segunda etapa da prorrogação, Lionel Messi garantiu o caneco para a equipe espanhola. Pela seleção argentina, o novo reforço corintiano disputou um Sul-Americano Sub-20 em 2005 e esteve em campo em quatro jogos com o time principal, em 2009, quando o treinador era Diego Maradona. Pela Europa, não teve sucesso: passagens apagadas por Wigan Athletic (onde ainda conseguiu ser campeão da Copa da Inglaterra em 2013 sobre o Manchester City), Genoa e Palermo, as duas últimas por empréstimo.
Ficha técnica:
Mauro Boselli
Data de nascimento: 22/05/1985 (33 anos). Local de nascimento: Buenos Aires, Argentina. Tem cidadania mexicana. Altura: 1,81 Peso: 78,5 kg
Camisa: 17
Como atua:
No início da carreira, chegou a atuar algumas vezes como segundo atacante, mas depois passou a ser sempre utilizado como centroavante. Foi assim no Estudiantes de 2009: era o único homem enfiado na área. Era municiado por Gastón “Gata” Fernandez, um segundo atacante de movimentação e velocidade, cria do River Plate, e pelos meias Verón, Enzo Perez (duas Copas do Mundo pela Argentina, 2014 e 18, e atualmente atleta do River) e Leandro Benítez. Boselli é ótimo cabeceador, posiciona-se bem, decisivo na área e bom no arremate de primeira.