Escutemos o Tite, tchê!
Entra Brasileirão, sai Brasileirão, e é a mesma ladainha: quase a metade dos times terminam o ano com uma lista de três, quatro técnicos diferentes durante o campeonato. O restante, salvas as raras exceções, com pelo menos dois.
E na edição atual, não será diferente.
Temos, hoje, apenas seis treinadores que iniciaram o campeonato (Ricardo Gomes, Caio Júnior, Tite, Felipão, Muricy e Luxa) e mais doze rodadas pela frente.
De tão comum, se criou uma expressão própria, no dicionário da bola, para designar o troca-troca: a famigerada “dança dos técnicos”.
A questão é: já passou da hora de trocar de música e pôr fim a essa dança!
E Tite, um defensor de sua classe, semana passada, deu depoimento importantíssimo a esse respeito. “É uma profissão valorizada demais, é irreal. Como técnico, ganho acima do que merecia. Eu trocaria toda essa valorização financeira por mais estabilidade”.
Não só creio na sinceridade das palavras do comandante corintiano, como concordo com todas elas a ponto de aproveitá-las para propor uma solução a tal problema
É simples: a mesma regra do Brasileirão que impede um atleta que tenha jogado por um time mais de sete vezes, jogar por outro; deve valer também para os técnicos. Com duas alterações, é claro: só seria permitida uma troca; e o limite que é de sete jogos, cairia para três.
Quero ver técnico que iniciou bem ser demitido por qualquer sequência de tropeços no meio do trajeto…
É obrigação do dirigente ser criterioso na hora de contratar o treinador do seu clube. Se entender que se equivocou, tem uma chance para concertar o erro, desde que o perceba em três jogos.
Do contrário, tem de ir com ele até o final, ou achar a solução dentro de casa ou nas divisões inferiores.
Nada mais justo, não?
Assim, teríamos trabalhos mais bem planejados, sólidos e duradouros. Se acabaria com essa valorização exacerbada para com o cargo de técnico de futebol e tornaríamos, nos anos seguintes, o campeonato ainda mais atraente. Aifnal, é evidente a importância de um técnico para uma equipe, desde que ele tenha tempo para trabalhar com ela (alguém contesta o trabalho dos treinadores citados no início deste texto?).
No mesmo dia em que clamou por uma maior estabilidade no seu meio profissional, Tite acertou novamente. Desta vez, ao defender a classe dos árbitros. “A gente cobra perfeição dos árbitros, mas nos últimos dez anos eles tiveram 25% de aumento. Eles têm que trabalhar [em um outro emprego no meio da semana], depois vão para o jogo no domingo e não podem errar. Um erro deles pode determinar um campeão.”
Quem sabe, tudo o que foi dito em tal entrevista sirva como objeto de reflexão para nós, jornalistas, comentaristas, dirigentes e torcedores, de forma a nos esquecermos um pouco dos técnicos e juízes e lembrarmos que, quem joga o jogo, não podem ser outros senão os que levam a nomenclatura de jogadores.
Enquanto não se têm mudanças, Vanderlei comemora como título a vitória contra o América-MG.
Abelão, por sua vez, após começar no Flu sob suspeita e na rodada passada encostar no G4, com o empate contra o Atlético-PR, pode retomar a leitura do caderno de Classificados.
Só para se prevenir…