Uma ótima notícia para Valdívia
Não, não, o título deste post não se refere à informação dada ontem pelo jornalista Alex Müller, do Grupo Bandeirantes, de que o Flamengo tem interesse na contratação de Valdívia, principal nome do Palmeiras no ano passado e um alguém que, há muito, divide opiniões dentro e fora do clube.
Nada contra o time de maior torcida no País, mas a referência é a um evento anterior a esse, que também não é a derrota do Verdão para a Ponte Preta por 1 a 0, na última quinta-feira, pela segunda rodada do Paulistinha.
No mesmo dia, mas antes de a bola rolar no Allianz Parque, o torcedor palmeirense se surpreendeu com o anúncio do retorno de Cleiton Xavier, que assinou contrato ontem e é, talvez, o último meia-armador que honrou a camisa 10 que já fora envergada por Ademir da Guia, Rivaldo e Alex.
CX10, que deve ser CX8 nesta segunda passagem pelo Parque Antartica, também é o protagonista do último momento que me fez explodir de felicidade com o meu time, em 29 de abril de 2009, quando acertou um chute improvável, aos 42 minutos do segundo tempo, diante do chileno Colo-Colo, dentro de um caldeirão chamado Monumental, e classificou o Alviverde, com um homem a menos e futebol proporcional, às oitavas de final da Libertadores daquele ano (outra batalha memorável, esta contra o Sport e que teve como herói São Marcos de Palestra Itália).
A notícia, porém, não é ótima somente para o Palmeiras, que, após o ano em que caiu sem cair, se vê com um elenco repleto de boas opções, estádio novo (e elitizado, o que é triste e deve ser combatido) e com os ânimos (da torcida, dos jogadores e da diretoria) completamente renovados. Tampouco a notícia é animadora apenas para mim, que queria muito a volta de Cleiton Xavier.
Por mais contraditório que seja, a notícia é ótima, principalmente, para o atual camisa 10 da equipe, Valdívia, justamente quem deve disputar posição com o 19º contratado pelo novo diretor de futebol, Alexandre Mattos.
Após tantos tapas e beijos com a torcida alviverde, o único cara diferenciado do time de 2014 passa a ter o que ele tanto precisava para render ainda mais em 2015: sua responsabilidade dividida com gente do mesmo calibre. Para isso, chegaram Cleiton Xavier, Zé Roberto, Arouca e Dudu. O Mago ainda terá de brigar por espaço com os coadjuvantes Alan Patrick, Robinho e Allione, que, pelo menos neste início, parece se sentir mais à vontade vestindo o manto palestrino.
Concorrência extremamente sadia para um alguém que, às vezes, precisa de motivação extra numa equipe que não pode, novamente, ser refém de seu futebol.
Afinal, aos 31 anos e um longo histórico de contusões, Valdívia não tem, atualmente, condições de ser a estrela solitária de qualquer time – inclusive do Flamengo, hoje, sem nenhuma sombra capaz de incomodar o Mago. Para ser útil – e não atrapalhar -, ele precisa de substituto(s) à altura. E esse cara é Cleiton Xavier, que também é experiente, querido pelos palmeirenses e permitirá que o chileno seja poupado eventualmente. Somente isso fará com que ele consiga, quando atuar, estar preparado física e tecnicamente – o mesmo vale para o “quarentão” Zé Roberto, cuja vivência só tem a agregar à equipe, e o técnico Oswaldo de Oliveira já avisou que ele atuará apenas uma vez por semana. Quando Valdívia estiver fora, o elenco farto dará conta do recado mesmo sem ele. Ao menos, é isso que se espera.
É, a meu ver, o momento de Valdívia, sempre questionado por supostamente não se doar quando o clube mais precisou dele, largar qualquer tipo de vaidade que possa existir e entender sua importância dentro do grupo.
Ele fez isso na reta final do Brasileirão do ano passado, a ponto de o esforço para estar em campo agravar a lesão que o tem tirado deste início de temporada.
Em 2015, faz sentido voltar a pensar no coletivo, pois, no atual momento da carreira, como dito acima, precisará mais do que nunca do auxílio de seus companheiros. Renovar o contrato que termina em agosto e ajudar o time quando estiver em condições para tal me parece a melhor forma de justificar a condição de ídolo. E, claro, de contrariar quem não concorde com essa idolatria.
Seria bom tanto para o Palmeiras como para Valdívia. E seria, também, a única forma de reatar este casamento.
No fundo, o chileno sabe disso, tanto que, para permanecer no clube neste ano, pediu que o elenco fosse qualificado.
Agora, não vale voltar atrás.