‘Modelo Damião’ pode ser a nova moda após medida da Fifa
A notícia de que a Fifa proibiu a participação de investidores nos direitos econômicos dos jogadores, medida muito comum no Brasil, não é nova. Porém, surpreendentemente, a CBF regulamentou todas essas novas regras da entidade internacional, na última terça-feira.
Logo de cara achei a ideia excelente, partindo do princípio que ninguém mais sabe a quem pertence os direitos econômicos dos jogadores que atuam no Brasil, principalmente os jovens. Só que desde que li a informação pela primeira vez, eu venho amadurecendo a ideia e tentando entender como ela, de fato, irá funcionar na prática.
Atualmente, devido à situação muito ruim de todos os clubes brasileiros, é mais do que comum investidores participarem ativamente de negociações envolvendo jogadores.
O lado positivo é que, com a ajuda do investidor, o clube tem um poder de compra muito maior que ele teria sozinho, no entanto, o ônus deste processo aparece quando este atleta é negociado. Nesse caso, a agremiação que serviu como uma espécie de vitrine para o jogador acaba arrecadando muito menos do que arrecadaria se estivesse investido sem ajuda.
Como sabemos, os contratos assim firmados até 31 de dezembro de 2014, independentemente do tempo, terão de ser honrados até os seus devidos términos. Até maio deste ano, porém, pode-se ainda firmar vínculos com participação de terceiros, desde que os vínculos não excedam um ano de duração.
Ou seja, num futuro não muito distante, quando contratados por qualquer agremiação, todos os jogadores pertencerão 100% ao clube. Mas o que isso irá implicar no mercado nacional?
É difícil dizer com propriedade, uma vez que ainda não sabemos quais meios estes investidores tentarão utilizar para driblar essa regulamentação. Ou alguém, por um acaso, duvida que os investidores que tanto lucram com futebol simplesmente deixarão o esporte? Eu acho improvável.
Uma negociação que teve uma participação ativa de um investidor, mas que se adequaria aos novos moldes de Fifa e CBF foi envolvendo o atacante Leandro Damião e o Santos Futebol Clube.
A Doyen, investidora maltesa, agiu como um banco nesta negociação. A empresa pagou integralmente pelo atleta junto ao Internacional e o repassou ao Santos, que, inicialmente teria apenas que pagar os salários de Damião. Os direitos econômicos, neste caso, pertencem 100% ao Santos, porém, o clube alvinegro tem cinco anos para pagar a dívida, com juros de 10% ao ano. Isso, sem contar que, caso o atleta seja vendido por um valor superior ao comprado pelo investidor, o clube só arrecadará 10% sobre o lucro total do jogador.
Este modelo, como já foi muito discutido ao longo do ano passado, provou-se ruim, já que o investidor não participa dos riscos da compra, deixando-os apenas para a agremiação. Mas, uma vez que, sem estes terceiros, muitos clubes não conseguirão manter o mesmo nível de contratações que outrora, esta medida pode tornar-se comum nos próximos anos.
E você, o que achou desta nova medida da Fifa?