Lille levou Thiago Maia e as chances de título do Santos
Em todos os times do mundo, existe um jogador que por muitas vezes é subestimado por não ser o artilheiro, o líder de desarmes, assistências ou algum outro dado que se possa traduzir em números. Mas quando esse cara não joga ou é negociado, sua ausência é sentida mais do que até mesmo o craque do time.
Esse para mim é nitidamente o caso de Thiago Maia, volante ex-Santos, que foi negociado nessa semana com o Lille da França. A diferença é que no caso do meio campista, eu não precisei esperar o patético jogo do último domingo contra o Vasco para constatar o tamanho do rombo que sua ausência deixará.
Thiago era o termômetro do time, uma vez que ele estava bem sabíamos que tínhamos meio caminho andado para a vitória. Por quê? Porque ele sozinho dominava o meio campo do time com seu dinamismo, força, velocidade, técnica, senso de posicionamento nas coberturas e raça.
Por ter ainda apenas 19 anos, é claro que o volante oscilava. Por vezes ele aparentava um jogador de qualidade duvidosíssima, mas quando ele resolvia jogar todos ao seu redor cresciam com ele. Aliás, essa é a maior qualidade que um jogador de qualquer esporte coletivo pode ter: proporcionar o crescimento do companheiro.
Certa vez li uma história sobre Michael Jordan e Phil Jackson. O primeiro, ainda que você não seja um entusiasta da bola laranja, não necessita de apresentações. O segundo é apenas o técnico mais vezes campeão da NBA (11 títulos, sendo 6 com os Bulls de Jordan e 5 com os Lakers de Kobe Bryant). Mas vamos à história:
Jackson relatou que seu maior desafio à frente do Chicago Bulls foi fazer de Michael Jordan um jogador que não fosse apenas o líder de todas as estatísticas do jogo, mas um jogador que proporcionasse o crescimento dos demais. E ele tinha que fazer isso primeiro entendendo a limitação de cada companheiro e posteriormente compreendendo no que cada um poderia contribuir. O resto é história.
Entenda bem, eu não estou comparando o Thiago Maia a ninguém, eu só acho que ele precocemente e por vezes até inconscientemente proporcionava o crescimento dos seus companheiros em campo. Um exemplo mais plausível, se você for um apreciador de futebol europeu, é outro brasileiro que por anos foi menosprezado: Casemiro. A entrada do também volante e jogador do Real Madrid tornou o time merengue praticamente imbatível. E convenhamos, o Casemiro não é nenhum craque.
O Palmeiras, de campeão brasileiro e time a ser batido, está capengando graças à ausência de Moisés, que nada mais é do que o jogador mais fundamental de todo o seu elenco milionário. Moisés não é o mais técnico, não é o mais rápido e habilidoso, muito menos o artilheiro ou líder de assistências. Mas é o cara que proporciona o crescimento de todos os outros. Ou vocês acham que o Tchê Tchê caiu de produção desse jeito porque desaprendeu?
Pouco se fala da importância de Maycon no meio campo do ainda invicto Corinthians, mas o dinamismo que o jogador oferece para o alvinegro paulistano é uma das chaves de suas sequentes vitórias. Aliás, no quesito regularidade, Maycon está até à frente do personagem principal desse texto, Thiago Maia.
O último grande Santos, campeão da Libertadores, tinha em Arouca esse jogador, o Corinthians campeão Mundial tinha em Paulinho, o grande Inter tinha em Tinga, assim como o São Paulo de 2005 tinha não apenas um, mas dois: Josué e Mineiro. Isso só para citar alguns dos grandes times da última década.
Com a saída de Thiago Maia, santista, nem se empolgue muito, pois não há no elenco do alvinegro praiano um jogador capaz de ser esse nome tão preponderante e capaz de fazer com que os companheiros cresçam. Daqui para frente, Bruno Henrique, Lucas Lima, Kayke, Copete e todos os jogadores acostumados a decidir jogos terão um trabalho mais que redobrado.
Na minha posição de torcedor, me resta esperar por um milagre, afinal, sem nosso camisa 29, a chance de conquistarmos algum título nessa atual temporada só poderá ser por obra divina. Por isso, Levir: libere o culto do Pastor Oliveira lá na concentração, amigo, porque vamos precisar.
PS: É claro que esse final foi apenas uma maneira descontraída que encontrei de encerrar o texto. Acredito em Deus, mas não misturo fé com esporte.