Um carrasco multicampeão
Num Pacaembu com mais de 35 mil testemunhas, o Corinthians afundou ainda mais o São Paulo numa areia movediça chamada “Crise” (que também atende por “Péssima Gestão”).
Sem dificuldades, o Alvinegro dominou do começo ao fim a novamente anestesiada equipe tricolor e, com 2 a 0, garantiu o terceiro título internacional em um ano.
Mais do que isso: tomou do maior rival de sua história recente a fama de campeão fora do país, em troca do rótulo de time doméstico. Por ironia da bola, tema que mais motivou as famosas provações feitas por são-paulinos aos corintianos no novo século.
Existe, porém, fato ainda mais curioso nessa história. Pode-se dizer que a inversão de papéis entre os rivais se deve – e muito – a um corintiano vencedor que também conquistou tudo que podia no Morumbi. E que além de sacramentar o título com seu gol, foi o melhor em campo na noite de ontem e, com a merecida faixa de capitão envolta no braço esquerdo, levantou a taça inédita da Recopa Sul-Americana, que, mais do que tudo, é um prêmio para ele.
Você sabe, atento leitor, que, obviamente, me refiro a Danilo. Um meia-esquerda cerebral que, com a mesma obviedade, faz jus ao carinhoso apelido de “Zidanilo”. “O falso lento” que, após conquistar o estado de São Paulo, o Brasil, a América e o mundo pelo Tricolor, com a rapidez dum Euller não apenas repetiu todos os feitos pelo Timão como se tornou o principal carrasco do ex-clube.
O camisa 20 teve atuações brilhantes nos últimos Majestosos e fez Rogério Ceni buscar a redonda nas redes em quatro deles; Denis, em um. Além de ontem, Danilo marcou no empate por 1 a 1 na primeira fase do Paulistão deste ano, na histórica goleada por 5 a 0 no Brasileirão de 2011, no 4 a 3 no estadual de 2010 e no 1 a 0 no mesmo campeonato, mas em 2012. Nos quatro primeiros, com direito a verdadeiras obras de arte desse artista que, além de exímio passador, é exímio finalizador.
Sobretudo, decisivo.
Foi assim que usou da sua arte para decidir de novo. E por saber que decidiria, esforçou-se tanto para curar a lesão no joelho canhoto e jogar a final da Recopa. Também, é verdade, porque é muito compromissado.
Nem por isso, claro, tornou-se menos discreto. Discrição que faz com que muitas vezes se esqueçam dele. Mas que, por outro lado, faz com que ele nunca se esqueça de colecionar títulos.
Mais recentemente, em cima do São Paulo. Seja valendo troféus ou apenas a piada da segunda-feira.
Tricolor na UTI
O Tricolor está na UTI. E o médico que irá curá-lo não parece ser Paulo Autuori (como não parecia antes de sua contratação). Talvez o remédio seja, sim, as saídas de Juvenal Juvêncio, Leco e Adalberto Baptista. Mas não só deles. O paciente em questão necessita, urgentemente, de uma desintoxicação completa. Nem que para isso seja necessário pôr fim a história de alguns ídolos no clube…
Galo nocauteado, mas vivo
O gol de falta de Pittoni, que contou com a enorme contribuição do atleticano Alecsandro, nos acréscimos do segundo tempo, nocauteou o Galo no Defensores Del Chaco e apagou a pinta de campeão que o mascote havia pintado no rosto.
Mas para quem na semifinal reverteu desvantagem igual contra um adversário mais forte e tão experiente quanto, nada parece impossível. Por isso, a nação atleticana tem mesmo que acreditar.