Análise da 28ª rodada
Por Diego Carvalho e Gabriel Lima
Com 29 gols, a 28ª rodada poderia ter sido melhor não fossem os vários estádios às moscas. Fator que, sem dúvida, tem relação estreita com os desfalques das equipes proporcionados pela CBF, que não paralisa o campeonato quando a Seleção joga.
Ainda assim, o Fla, sem Ronaldinho, venceu o Flu que não teve Fred. O Santos, sem Neymar, derrotou o Palmeiras; enquanto Corinthians e Inter, sem Ralf e Damião, golearam Atlético-GO e Vasco, cuja liderança perdeu para o Timão. Os empates do São Paulo, sem Lucas, e do Botafogo, sem Loco, os distanciaram do novo velho líder. Os mineiros, por sua vez, permanecem derrubando lágrimas (de jacaré ou crocodilo?) nas Sete Lagoas.
Jogo isolado na quarta-feira (Por Gabriel Lima):
Cruzeiro 3 x 3 São Paulo – Arena do Jacaré, Sete Lagoas (MG)
Jogos de Domingo (Por Diego Carvalho):
Santos 1 x 0 Palmeiras – Vila Belmiro, Santos (SP)
Em uma Vila Belmiro às moscas, o primeiro tempo do clássico começou e terminou com o Palmeiras quase tomando o gol devido a problema já conhecido: as bolas áereas. Primeiro com Durval cabeceando pra fora, depois com Alan Kardec acertando o travessão.
Num segundo tempo mais movimentado, mas não menos ruim, o gol do Peixe, então, não poderia sair de outra forma senão de uma bola alçada à área alviverde.
O paradoxo palmeirense se evidenciava ao se concluir que, dada a falta de criação no meio e um atacante que volte ao setor e busque o jogo, o seu tento só poderia sair por meio da mesma jogada com a qual os alvinegros venceram. As duas únicas chances que se diferiram de tal artimanha, sairam dos pés de Fernandão – na primeira etapa, sem acertar o gol; na segunda, com ótima defesa de Rafael.
O Palmeiras, com as vitórias de Flamengo e Inter, se não está fora da briga pela Libertadores, deve dar adeus à ela nas duas próximas rodadas. Não por razões matemáticas, mas porque permanecendo tão dependente das bolas de Assunção, não vencerá seus próximos e fundamentais compromissos ante Fla e Flu.
O Santos, ainda que somente pensando no Mundial Interclubes, prova que de fato será o “fiel da balança”. A bela partida de Danilo e o vigésimo gol do artilheiro do campeonato, Borges, indicam isso.
Flamengo 3 x 2 Fluminense – Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Sem Ronaldinho, Aírton e Willians do lado flamenguista; e Fred, Gum e Digão do lado tricolor, o Fla-Flu se iniciou morno e com pouca qualidade técnica. Sobretudo, por parte dos rubro-negros os quais, explicatamente, apostavam nos contra-ataques.
A maluquice que foi o clássico, de 0x0 no primeiro tempo a 3×2 no segundo, com virada flamenguista graças a dois improváveis chutaços de Botinelli, ilustram a imprevisibilidade que pauta a competição.
Do ostracismo, o Flamengo rouba a quarta posição do Botafogo e retorna, no melhor momento possível, à briga pelo caneco. Uma reta final com o Gaúcho inspirado, fazendo companhia a Thiago Neves, é elementar para que isso aconteça. A consistência defensiva de um time que joga no contra-ataque, é igualmente importante.
O Fluminense, logo atrás, pode disputar as mesmas coisas. Entretanto, tem de alcançar a regualidade nunca encontrada até aqui.
Internacional 3 x 0 Vasco da Gama – Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Este é o tipo de jogo que derruba palpiteiro e dimensiona o quão impossível é a tarefa de adivinhar o campeão brasileiro.
O Vasco, apático, principalmente no primeiro tempo, foi irreconhecível.
Sem Dedé, na Seleção, e Juninho, suspenso, a coisa ficou difícil, ainda mais quando quem tem sido elogiado por sua boa condição física (Felipe), andou em campo por evidente falta dela.
O Inter, mesmo sem Oscar, na Seleção, e Damião, machucado (que não estivesse, estaria com Oscar, em Torreón), se aproveitou disso para dar um chocolate nos líderes, sobretudo, por conta da inspiração dos seus meias, Andrezinho e D’Alessandro.
É difícil precisar se, a partir de agora, o Colorado embalará. Incostância tem sido a marca desse time de Dorival Júnior que, como bem escreveu Tostão, hoje, na Folha de S. Paulo, não tem elenco tão forte quanto parece. Falcão, que cansou de pedir reforços e não ser atendido, sabe perfeitamente disso.
O Vasco, por sua vez, liga o sinal de alerta, pois começa a derrapar no momento mais inapropriado.
Corinthians 3 x 0 Atlético Goianiense – Pacaembu, São Paulo (SP)
Os mais de trinta e seis mil corintianos que foram ao Pacaembu queriam ver Adriano. Se surpreenderam, pois viram mais: a segunda melhor atuação do time no campeonato (a primeira foi o 5×0 no São Paulo, no primeiro turno), mesmo sem Liédson machucado, Émerson suspenso, e Ralf na Seleção,.
Se surpreenderam, também, porque pouco viram o Imperador, que jogou pouco mais de dez minutos e nada fez durante eles, além de não chegar em um gol entregue a ele pelo peruano Ramirez.
Se surpreenderam, ainda, com a melhor atuação de Alex desde que fez ponte áerea Moscou-São Paulo.
Em noite de surpresas, o Timão se vale do tropeço da turma do G4, Botafogo (que foi ultrapassado pelo Flamengo), São Paulo e Vasco, para recuperar a ponta da tabela.
Que campeonato!
Avaí 3 x 0 Atlético Paranaense – Ressacada, Florianópolis (SC)
Se a 28ª rodada não foi de bom público, sem dúvida, a abarrotada Ressacada (junto com o Pacaembu) contribuiu para que a média não fosse pior.
Com três gols no primeiro tempo, o Avaí venceu o “jogo de seis pontos” contra o Furacão para o alívio momentâneo de Cruzeiro e Galo, que ainda está na zona de rebaixamento.
Afinal, não é a derrota dos paranaenses que os impede de, no final, empurrar qualquer um dos mineiros em seu lugar. Assim como não é a vitória dos catarinenses que deve livrá-los do descenso.
Porém, é ela que causará nos palmeirenses – os quais, nesta tarde, sofreram com os passes errados de Pedro Carmona – imensa saudade de Lincoln, o dono do jogo de hoje.
Ceará 1 x 1 Figueirense – Presidente Vargas, Fortaleza (CE)
Se no primeiro turno o Figueirense, lá no Orlando Scarpelli, foi melhor e só empatou o jogo que saiu perdendo, no PV, a história se inverteu.
A diferença é que, desta vez, os catarinenses jogaram boa parte do segundo tempo com dois homens a menos e o Ceará não soube aproveitar a diferença numérica.
Pior para o Vovô que tem chances reais de cair, especialmente se a dupla mineira, Cruzeiro e Atlético, se safar.
Já o Figueira ainda tem gordura pra queimar, mas não pode se acomodar. Este é o seu sexto empate nos últimos sete jogos.
*Nota pós-publicação: Ainda que tenhamos tido estádios vazios, como ocorreu nos clássicos paulista (7.373 pagantes) e mineiro (752 torcedores!), e nos empates entre Botafogo e Bahia (5.045 pagantes) e Cruzeiro e São Paulo (9.444 presentes), a 28ª rodada conseguiu média de público acima dos 14 mil torcedores por jogo graças aos ótimos públicos no Pacaembu (quase 34 mil pagantes; ao todo 36 mil torcedores), no Engenhão (21.052 pagantes), no Beira-Rio (23.797 torcedores), no Couto Pereira (21.960 presentes), e na Ressacada e no PV (rendas não divulgadas, embora ambos os estádios estivessem visivelmente lotados).