A hora da estrela
“Tem coisa que só acontece com o Botafogo”, é o que diz o ditado.
E tem mesmo.
Ou será que o mais otimista dos são-paulinos seria capaz de prever o gol de cabeça de Rivaldo, em cruzamento de Rogério Ceni (!), aos 43 do segundo tempo?
É fato: o Bota é um clube azarado. Há dezesseis anos sem ganhar um título de importância, os caras até montaram boas equipes, sobretudo nos últimos anos. Mas título que é bom, nada.
Vi os dois carrosseis alvi-negros enguiçarem. Dois times que prometiam muito e que acabaram com os surtos de Cuca no vestiário.
Também vi o Botafogo fazer tudo certinho e, por mais de uma vez, perder a final do carioquinha pro Flamengo, que fazia tudo errado.
E, como eu não acredito em bruxas, acho que está justamente aí o azar da camisa estrelada: a fila de títulos.
Mais de um clube tradicional do Brasil vem padecendo desse mal ultimamente. Vide Palmeiras e Atlético Mineiro.
Aliás, talvez essa seja a lógica dos próximos anos. Por trágico que pareça, o que eu vejo é um grupo de times vitoriosos que, cada vez mais, aprofunda suas diferenças em relação àqueles que não ganham nada há alguns anos.
E é por isso que, a meu ver, chegou a hora desses times da fila decidirem se querem ser grandes, ou não. E espero que o Botafogo decida (voltar a) ser grande.
Isso porque, assim como o azar baixa no Engenhão de vez em quando, também há coisas boas que acontecem com o Botafogo.
Loco Abreu foi uma delas: reviveu o marketing do clube, que praticamente inexistia, e arrebanhou uma multidão de jovens fãs. Jefferson foi outra: é um ótimo goleiro. Maicosuel e Elkeson também se encaixaram brilhantemente no time de Caio Júnior.
Mais do que isso, porém, tem o garoto Cortês. Confesso que só vi duas partidas dele em toda a minha vida – contra o São Paulo e contra a Argentina. E, como tudo no néo-colonialismo da bola, já tem nêgo de olho nele. Sim: Lyon e Napoli.
Bom, é chegada a hora do Botafogo segurar esse menino. Sua competente diretoria não pode pensar duas vezes quanto a isso.
Aliás, também chegou a hora do Botafogo dar a devida importância que os torneios internacionais merecem. Empatar com o Santa Fé, em casa, foi um baque. Mas, mesmo na Colômbia, o alvi-negro tem mais time e pode, muito bem, virar o jogo.
E tem a Libertadores, que o alvi-negro não pode perder de vista jamais.
Por isso, chegou a hora do Botafogo voltar a ser grande. Chegou a hora da estrela. Da estrela solitária.