Ruim com eles; pior sem eles
É de conhecimento geral da nação que, além das limitações técnicas do elenco palmeirense, existe um adversário imbatível: as animosidades criadas fora de campo.
Elas, aliás, são revezadas entre os principais nomes do time. Uma hora é a vez de Kléber, outra de Felipão, outra de Valdívia. Quando toma surra, é a de Marcos.
Enfim, esse siclo é vicioso e, ontem, após a poeira da possível saída de Valdívia abaixar, chegou a vez de Felipão tornar o ambiente turbulento.
O treinador criticou explicitamente as categorias de base do clube. Professou – como de praxe, em tom de ironia e revolta – frases do tipo: “Não tem jogador. Os bons da base já estão comigo”; “não vou fazer milagre. Pegar jogador e pôr só por pôr não adianta.”
(Juro que) Entendo o desgaste dessa sua segunda passagem pelo Palestra, assim como concordo com suas afirmações. Não à toa os palmeirenses são os únicos paulistanos que nunca venceram a Copa São Paulo de Futebol Júnior e a última grande revelação entre eles foi Vágner Love, em 2003, quando o Verdinho chegou à final pela segunda vez, desde a criação do torneio, em 1969.
A questão é: tudo o que Scolari disse à imprensa tem de ser pauta em suas conversas com a diretoria, para que se consiga resolver tais problemas. Tornar isso público – ainda mais no atual momento, com muro pichado e tudo o mais – é dar um tiro no pé. Pior: é dar sequência àquele que tem sido o mais ferrenho rival dessa bem montada e aplicada equipe.
Amanhã, de nada adiantará ganhar do Avaí se um ou dois dias depois, Kléber ou Valdívia tiver mais uma de suas crises de mimo e colocar tudo a perder.
Em caso de derrota, então…
De goleada?
Segura o Marcão!
A situação se faz ainda mais complexa à medida que o time, com o campeonato rolando, se vê entre a cruz e a espada, pois as atitudes reprováveis são exatamente daqueles que mais têm a lhe oferecer.
Tira Felipão? Tudo bem, e coloca quem em seu lugar?
Kléber pode ir para o Flamengo, mas o Dinei ou o Ricardo Bueno segura as pontas?
Marcos já tinha de ter se aposentado faz tempo? Mas ele é ídolo e tem jogado bem…
Ah, o Mago vai voltar para o Oriente Médio? Melhor para o Palmeiras!
Ou não…
É, palestrino, por isso é bom começar a rezar para que o tal do Carmona seja bom e de poucas palavras (certa vez, pelo Criciúma ele abandonou a concentração. Espera-se, como afirmou ao Lance!net o repórter do Diário Catarinense Marcelo Becker, “mais por ingenuidade do que por maldade”).
No entanto, era mais fácil que os principais nomes do Palmeiras tivessem consciência do quão são importantes, pensando menos neles e mais no time.
Como a curto prazo parece improvável tal mudança de comportamento e se conhece a metodologia de protesto da Mancha Alviverde e da TUP, é perfeitamente compreensiva a solicitação de reforço policial feita pela Portuguesa para o jogo da próxima quinta-feira, entre Palmeiras e Ceará, no Canindé.