O dia em que Damião calou o Barão
Foi com a frase que intitula este manuscrito que, na tarde do último domingo, Gabriel brincou comigo por conta dos 3×0 sofridos pelo meu time, o Palmeiras, diante do Internacional. Partida na qual Leandro Damião fez “hat-trick”.
A ironia do meu amigo colunista se dava, sobretudo, por dois motivos: o encantamento pelo jovem avante aliado à discordância com o meu último post; e o fato de em outrora eu ter cornetado, aqui no blog, aquele que acabava de ser o algoz do meu querido Verdão.
No dia 27 de março, Leandro, vulgo Damião, debutava na Seleção Brasileira em Londres, ante a Escócia. Horas após o término do jogo, publquei um texto com o seguinte título: “Ão, ão, ão, Damião não é Seleção!” (clique AQUI e leia).
Fato é, que, naquela ocasião, defendi essa tese pois acreditava que o Brasil, com tantos dribladores, poderia jogar sem uma referência na área. A proximidade com o mágico pontapé inicial da “Era Mano” contra os EUA – exibição na qual a mobilidade do ataque brasileiro se destacou -, fazia com que me enganasse ainda na sexta partida do ex-corintiano à frente da Seleção.
Hoje, quase seis meses depois e com a baixíssima média de 1,5 gols por partida, é imprescindível a presença de um “matador” no time de Mano Menezes.
E este cara pode ser, ao contrário do que preguei, o centroavante xará do irmão gêmeo de Cosme. Curiosamente, por conta duma qualidade que exaltei na referida coluna: sua personalidade.
Tanto contra a Escócia como, recentemente, diante de Gana e Argentina, ele desfilou com a Amareliha tal qual desfila com a Colorada em qualquer peleja do Gaúchão. Tanto que, diante dos nossos hermanos, repetiu em Papa a carretilha que culminou num gol de Tinga contra o Juventude, por pouco não assinando uma pintura tão linda quanto aquela que, em 1999, coroava o primeiro gol de Ronaldinho Gaúcho vestindo a camisa verde-amarela. Nos dois jogos anteriores, em um Damião carimbou a trave (coisa que fez por duas vezes contra a Argentina) e, em outro, marcou o seu primeiro tento.
É sempre importante manter a cautela. As alternâncias na minha concepção da relação Seleção-Damião são provas disso.
Todavia, é impressionante – tal qual é evidente – a velocidade com que ele evolui, como o próprio ressaltou antes do jogo com Gana no último dia 5. Em três jogos pelo Brasil, o mesmo acontece.
Se a procura é por um sucessor do predestinado Ronaldo, “Damigol” se candidata. Aos 21 anos, autor da virada no título da Libertadores de 2010, quando sua entrada fazia quatro minutos e havia acontecido exatamente no lugar do herói do empate, Rafel Sóbis, desde cedo mostra que tem pé quente.
Portanto, justiça seja feita.