Santa penta frevo
Nos idos de 1973, a redação da revista Placar deparou-se com um grande problema.
O Santa Cruz acabara de ser penta-campeão pernambucano, e tinha que ser matéria de capa. Até aí tudo bem.
A questão era que a chamada da primeira página só permitia 15 letras. Como, então, dizer que “o Santa Cruz foi penta-campeão pernambucano” com tamanha economia?
Foi aí que algum jornalista, cujo nome confesso não lembrar, teve a brilhante ideia: “Santa penta frevo”. E a manchete entrou para os anais das grandes sacadas jornalísticas.
E não é que a história se repetiu, 38 anos depois?
Tudo bem, o Santa não foi penta. Mas o Sport ia ser hexa. E dançou.
Sorte de dois terços de PE, afinal, o Náutico, campeão por seis vezes consecutivas na década de 60, se livrou da tragédia de ver a façanha igualada pelo maior rival.
E como é bom ver Recife, uma cidade que respira seus clássicos como nenhuma outra, em festa.
Aliás, como é bonita a festa da torcida do Santa. E como é triste pensar que essa mesma torcida, hoje, amarga a via-crucis da quarta divisão nacional.
Lembro-me bem de ir ao Canindé com amigos portugueses para ver um quadrangular final da Série B, no qual o Tricolor era o melhor time, de longe. E olha que não foi a tanto tempo assim.
Às vezes, me pego pensando: o que aconteceu no Arruda de lá pra cá? Penso que uma parte da coisa tem a ver, também, com o problema do Sport.
O nacionalismo pernambucano leva todos os habitantes do estado a acreditarem que o fato do Sport ganhar uma Copa do Brasil, por exemplo, coloca o rubro-negro no hall dos maiores clubes do país.
Nessa toada, o Santa achou que Rosembrick e Carlinhos Bala eram o bastante para liderar uma empreitada na Série A. E não era o caso.
Claro, não justifica a queda para a Série D. Aí vai muito de azar. E de diretorias fraquíssimas, também (ainda que não necessariamente mal-intencionadas).
Contudo, acho que é besteira achar que o clube coral nunca vai se levantar. Acho mesmo que o ascenso começa esse ano, até por causa da concorrência que praticamente inexiste.
Mas fica o toque. Humildade nunca fez mal a ninguém, e isso também vale para o Sport.
E eu, cá no Sul Maravilha, continuarei torcendo para ver a festa da torcida coral no lugar em que ela merece ser feita: a primeira divisão.