Inexplicável
Não precisava de muito para notar que o Coritiba seria a primeira grande pedra no caminho do Palmeiras na Copa do Brasil, como avisei pelo Twitter, quando eliminou o Santo André.
Se entendermos que os clássicos possuem um contexto diferenciado, se tratava do primeiro teste do ano.
Isso, claro, não justifica os acapachantes 6×0.
E aí, penso eu: o que justifica?
Imediatamente, concluo: nada.
Com um pouco de leitura, podemos, no máximo, tentar entender o que aconteceu para o barco alviverde, de uma hora pra outra, afundar como afundou.
É fato que, além da condição do Coxa como bom time (não mais que isso), a assustadora apatia do adversário contribuiu muito para a classificação de antemão dos paranaenses.
Sendo assim, de duas, uma:
Ou a eliminação do Paulistinha para o Corinthians, no último domingo, resgatou o velho descontrole emocional das épocas de Luxa e Muricy ou, então, tem caroço nesse angu.
Não sou afeito à teorias da conspiração e à infindável mania brasileira de suspeitar da própria sombra. Quando o assunto é esse, prefiro passar por ingênuo a me frustrar com a própria paixão.
Todavia, por maior que seja o esforço, é impossível não se lembrar como Émerson Leão foi demitido em 2006.
Para as mentes mais esquecidas, num domingo que sucedeu a vexatória goleada de 6 x 1 para o Figueirense, pelo Campeonato Brasileiro. Dizem as más línguas, com direito a “entregada” dos jogadores que não aguentavam mais o intempestivo treinador.
Mas não, não pode ser. Recuso-me a acreditar que jogadores profissionais possam fazer isso. No caso de ontem, ainda mais se tratando de uma partida tão decisiva.
Prefiro creditar ao fator psicológico, afetado pela união da Senhora-Carência-de-Títulos com o Senhor-Deixei Escapar-Três-Canecos-nos-Últimos-Três-Anos. Afinal, haja ilusionismo para os estaduais conseguirem servir de justificativa para a defesa que, em 19 rodadas do Paulistão sofreu oito gols, tomar seis em um único jogo.
Contudo, na mesma medida, não se pode cair no erro de acreditar que este seja o único motivo e deixar de refletir acerca dos erros técnicos cometidos por Felipão:
Por que Marcos jogou no lugar de Deola, mesmo concluindo que dificilmente a história seria outra?
Ou porque Wellington Paulista, o tão sonhado 9, não é titular?
Como Rivaldo improvisado pode tomar a lateral esquerda de Gabriel Silva?
Claro que todos esses questionamentos são feitos somente quando se perde.
Tanto que, até outro dia, por mais criticados que sejam, Rivaldo e Luan jogavam mais do que deles se espera.
Jogavam porque estavam motivados, tal como o restante da equipe. Tanto que, no final de semana, deixaram o Pacaembu aplaudidos, embora derrotados por seu maior rival.
Foi positivo porque demonstrou-se apoio vindo de uma torcida acostumada à achincalhar.
Foi negativo porque se evidenciou na vontade o principal triunfo.
Ontem, nem ela, que deveria ser obrigação, pôde ser motivo de louvor.
Por isso, dessa vez, concordo com tudo o que disse Marcos.