Falta ousadia
Qual de nós já não ouviu uma afirmação nesse sentido?
Decerto, você, leitor, por aqui já se deparou com algo assim. Por sinal, assinado por minha pessoa.
E não há porque deixar de ter escrito isso.
Afinal, trata-se da mais pura verdade.
Assumpção transfomou o marketing do clube, antes, quase que inexistente. Renovou uma diretoria que, quando assumiu, se encontrava aos frangálios. Desde lá, preza para que as contas sejam pagas em dia. É como em 2009 (ano em que o presidente assumiu) comparou PVC: “O Botafogo é o cidadão que tem uma casinha em Madureira, projeta comprar uma no Leblon, e vai comprar!”
Todavia, é igualmente verdade que o Botafogo, nesses três anos de gestão, o máximo que ganhou foi um Cariocão.
Com times à base do bom e barato, conseguiu se superar e, com Joel, no ano passado, chegar a brigar por Libertadores. Mas, com exceção ao estadual, nada de caneco.
E aí está o grande problema.
O contentamento com o “brigar por Libertadores”.
Entra ano, sai ano, e é a mesma ladainha:
“O Botafogo tem evoluído muito. Neste ano ainda não dá para brigar por título, mas no próximo…”
Que próximo, ora bolas?!!?
O torcedor está extasiado!
Não aguenta mais jogador mediano. Não aguenta mais ter de na arbitragem ou na síndrome de perseguição cultuada pelo ‘clichêsaço’ “têm coisas que só acontecem com o Botafogo”, justificar um novo fracasso. Não aguenta mais ser sinônimo do grande que se apequenou. Não aguenta mais ter de se contentar, apenas, com a repatriação de Maicossuel, embora esteja ciente do esforço feito pelo vice-presidente, André Silva, para trazê-lo.
O Botafogo precisa de ousadia. Coisa que para Belluzzo, em sua gestão no Palmeiras, foi até excessiva e acabou por aumentar ainda mais a divida do clube (seja para R$ 80 milhões, como ele diz. Ou para R$ 150 milhões, como afirma Mustafá e sua trupe).
Coisa que para Assumpção, falta.
E isso fica evidente quando se permite perder o destaque do time, no início da temporada, para o futebol chinês.
Quando se perde o seu capitão para a reserva do Cruzeiro (e aqui, o demérito, claro, não se refere ao clube. Mas, sim, ao fato de nele ser reserva e, quando contratado, saber que seria)
Ao se mostrar refém de Jóbson, cogitando seu retorno. Quando, na verdade, imerso em problemas e não conseguindo ajudar a si mesmo, é evidente que não dará conta de recuperar o atacante-problema. E vice-versa.
Caio Júnior tem potencial, é jovem e bem intencionado. Tal como é o seu presidente e boa parte dos jogadores.
A dificuldade se torna ainda mais cristalina quando o que deveria ser pré-requisito passa a ser motivo de louvor.
Agora, então, que venha um pouco de genialidade para temperar esse grupo incapaz de transcender o trivial.
Ou isso, “ou pode esperar em novembro por um gol impedido e de canela, feito por Loco Abreu, nos instantes finais da última partida do Brasileirão, salvando o Botofogo do rebaixamento”, hoje, brinca Globe.
E no início de 2012, com boa dose de ânimo por conta do não rebaixamento que se transforma em título para os carentes por ele, vamos lá de novo:
“O Botafogo tem evoluído muito. Neste ano ainda não dá para brigar por título, mas no próximo…”
Ainda dá tempo de mudar.