As chuteiras abertas da América Latina: Guia da Libertadores – Fase de mata-mata
Dezesseis times, uma só taça.
Acabou a brincadeira, torcedor. Agora é matar ou morrer.
Os estádios vão pegar fogo, as torcidas vão dar seu show, os jogadores vão entrar em campo como se fossem pra uma guerra.
Em outras palavras, vai começar a fase eliminatória da Taça Libertadores da América.
E aqui no Futeboteco, o blog que mais fala de futebol sul-americano no Brasil, você, leitor, não vai perder nenhum lance.
Pra começar, dando sequência à tradição, lhe daremos, abaixo, tudo o que você precisa saber sobre as 16 equipes que ainda estão vivas no torneio.
E durante os jogos, seja nas colunas ou no Twitter, estaremos por perto, acompanhando cada dividida, cada gol, cada objeto atirado em campo.
Sem mais delongas, então, vamos aos duelos. Até porque, quem acha que vai ser moleza, mal sabe o que vem pela frente.
1º Jogo – Cruzeiro x Once Caldas:
Cruzeiro – Brasil
Estádio: Arena do Jacaré
Técnico: Cuca
Destaque: Walter Montillo
Time Base: Fábio; Pablo, Gil, Victorino e Gilberto; Henrique, Marquinhos Paraná, Roger e Montillo; Thiago Ribeiro e Wallyson
Em 6 jogos, 5 vitórias, 20 gols marcados e nenhuma derrota. Não há como negar: o Cruzeiro superou as espectativas. Não que alguém duvidasse da capacidade do elenco. Só, talvez, valha a pena lembrar que alguns jogadores, antes do torneio começar, eram cercados de dúvidas. Wallyson, titular absoluto com 6 gols e, até ontem, reserva de Wellington Paulista, talvez seja o exemplo mais bem acabado dessa grata surpresa. Roger, sempre carregando a pecha de chinelinho, também surpreendeu ao formar uma dupla infernal com o craque Walter Montillo. E tais novidades, mais a velha dupla de volantes herdada de Adilson Batista e algumas contratações certeiras, como a do xerifão Victorino, fizeram do Cruzeiro o melhor time da Libertadores, até aqui. Méritos pra Cuca que, diga-se, também luta pra se livrar do rótulo de pipoqueiro. Mas se os mineiros conseguirão passar da condição de surpresa à de campeão, só o tempo irá dizer. Quem sabe, depois de 3 anos batendo na trave, não tenha chegado a hora? Time, a Raposa tem, e muito bem treinado, obrigado. O Estudiantes que o diga.
Once Caldas – Colômbia
Estádio: Palogrande
Técnico: Luis Fernando Montoya
Destaque: Wason Renteria
Time Base: Martínez; Fulle, Amaya, Henriquez e Calle; Henao, Valentierra, Arango e Mirabajes; Dayro Moreno e Rentería
A exemplo do Santos, o campeão de 2004 também acordou tarde na competição. A tendência, aliás, era que o Once Caldas nem se classificasse, dada a dificuldade de seus dois últimos jogos. Aí chegou Rentería. Sim, aquele mesmo: o saci do Beira-Rio. Foi ele quem formou com o ídolo Dayro Moreno uma dupla de ataque extremamente eficaz, dona de 6 gols no campeonato. Resultado: depois de um empate dificílimo contra o Libertad no Defensores del Chaco, o Caldas bateu o bom time da Universidad San Martín, também fora de casa, e sacramentou seu passaporte às oitavas. Medo, o time não mete. Mas a reação é digna de nota.
No mais, comparações com o time campeão de 7 anos atrás, definitivamente não cabem. A retranca histórica daquela equipe passa longe da atual filosofia do bom técnico Luís Fernando Montoya. A defesa, aliás, merece ser considerada o ponto fraco da equipe. Por isso, o segredo é: marcação por pressão e posse de bola. Esse último ítem, vale lembrar, é fundamental. O time é traiçoeiro e, se deixar o quarteto ofensivo jogar, o caldo engrossa.
2º Jogo – América x Santos:
América – México
Estádio: Azteca
Técnico: Carlos Reinoso
Destaque: Matías Vuoso
Time Base: Ochoa; Layun, Mosquera, Valenzuela e Rojas; Pavel Pardo, Rosinei, Oliveira e Montenegro; Vuoso e Sánchez
Um dos times mais invocados da Libertadores-2011, o América já mostrou pro Flu que não veio pra brincadeira. Recheado de titulares da seleção nacional, mais alguns estrangeiros de bom nível, os mexicanos estão longe de ter um time fraco. Claro que excesso de respeito também mata e Muricy, que jogou com 3 volantes no Azteca, sabe muito bem disso. Mas descuido também pode custar caro, até porque Oliveira, Montenegro, Vuoso e Sánchez formam um quarteto ofensivo perigosíssimo. Como diria Tite, portanto, o segredo é ter equilíbrio. Se o Santos já aprendeu a não ser kamikaze, Muricy (espero eu) já aprendeu que a retranca não é uma boa ideia. Por isso, no calor do estádio Azteca, um pouco de calma não faz mal.
Santos – Brasil
Estádio: Vila Belmiro
Técnico: Muricy Ramalho
Destaque: Neymar
Time Base: Rafael; Jonathan, Edu Dracena, Durval e Léo; Arouca, Danilo, Paulo Henrique Ganso e Elano; Neymar e Zé Love
Quem mais pode atrapalhar o sonho da terceira estrela é a assessoria de Paulo Henrique Ganso. No mais, já falei e vou repetir: o Santos tem o melhor time da Libertadores-2011. Direi isso independentemente do que aconteceu no torneio até agora. Não há, no continente, quem aguente marcar Neymar, Elano e Ganso, juntos. Se o alvi-negro penou tanto para se classificar, isso se deve, apenas, a um fator oposto ao que acometeu o Fluminense: o Tricolor melhorou quando percebeu que devia sair da retranca, e o Peixe, no começo, não sabia fazer outra coisa senão atacar. Aí, bobeou em alguns jogos-chave, como contra o Deportivo Táchira na Venezuela, ou contra o Cerro Porteño na Vila. Todavia, quando aprendeu a marcar, o Santos bateu até o Cerro, mais o juiz, em pleno Paraguai.
Portanto, não tem outra. O América é forte, mas se encaixar seu jogo, o Santos atropela. Como já disse, é preciso ser esperto e não incorrer no velho erro. Na Vila, é ir pra cima, mas fora de casa é outra coisa. Quem sabe Muricy, treinando só até o primeiro volante (Xico Sá, genial!) não resolve a parada?
3º Jogo – Júniors Barranquilla x Jaguares de Chiapas:
Júnior Barranquilla-Colômbia
Estádio: Metropolitano
Técnico: Oscar Quintabani
Destaque: Giovanni Hernández
Time Base: Viera; John Valencia, Anselmo, Otálvaro, Juan Valencia; Barahona, Amaya, Viáfara, Hernández; Padilla e Páez
Ao contrário do que pensam os patriotas de plantão, o Barranquilla tem, sim, um bom time. Os gremistas estão de prova. Não, o time não joga no contra-ataque ou na retranca. Não que não possa fazer uso de alguma dessas armas, principalmente jogando fora de casa. Acontece que, se não são o Barcelona, os Juniors gostam da bola. O cabeludo Hernández é habilidoso e o trio de volantes, que inclui Viáfara, capitão do Once campeão de 2004, sabe muito bem tocar a pelota. O ataque perde muitos gols, é verdade. Mesmo assim, porém, deve ser o suficiente pra dominar o Jaguares de Chiapas. Por outro lado, contando que o vencedor do confronto encara Cerro ou Estudiantes, mais do que isso talvez seja pedir demais. De qualquer forma, para a torcida Barranquilla, passando às quartas, a Libertadores-2011 já terá valido a pena. O desafio, ao que tudo indica, será voltar ainda melhor no ano que vem.
Jaguares de Chiapas – México
Estádio: Víctor Manuel Reyna
Técnico: José Guadalupe Cruz
Destaque: Damián Manso
Time Base: Villalpando; Martínez, Chávez, Fuentes e Armas; Razo, Zamora, Rojas e Manso; Jackson Martínez e Salazar
Forte em seu estádio, o Jaguares é uma calamidade fora de casa e quase perdeu sua vaga para o Emelec, que jogou metade da primeira fase desfalcado de Méndez, seu melhor jogador. Além disso, no meio do campeonato, o time perdeu dois de seus nomes mais importantes (Danilinho e o artilheiro Carlos Ochoa) para o Tigres, que nem Libertadores disputa. Culpa, claro, da milionária operadora de TV Televisa, que tira jogadores dos clubes mexicanos com a mesma facilidade com que os contrata. Mas isso são outros quinhentos. Hoje, o Jaguares, enfim, é um time meio desmantelado, que aposta muito no argentino Manso, seu camisa 10. O atacante Salazar, na difícil tarefa de substituir Ochoa, até tem se esforçado, mas ainda está muito aquém do antigo camisa 9. Resumindo: pode se classificar, dependendo do que fizer no México. No geral, porém, é um dos times mais fracos do mata-mata.
4º Jogo – Cerro Porteño x Estudiantes de La Plata:
Cerro Porteño – Paraguai
Estádio: General Pablo Rojas
Técnico: Leonardo Astrada
Destaque: Nanni
Time Base: Barreto; Uglessich, Viera, Fórmica e Benítez; Burgos, Cáceres, Júlio dos Santos e Fabbro; Nanni e Bareiro
Se tivesse que apostar em alguém, fora do Brasil, talvez apostasse no Cerro. Se a chave fosse um pouquinho mais fácil, aliás, diria que as semi-finais já são garantidas. Basta dar uma olhada para o time titular dos blaugranas. Quase todos os seus nomes já disputaram a Libertadores antes, o que inclui o meia Fabbro, campeão em 2004 com o Once Caldas, além do carrapato Fórmica, ex-Boca Juniors e do selecionável Julio dos Santos, ex-Bayern de Munich. Além disso, o experiente atacante Nanni, com 7 gols marcados é o artilheiro do torneio e, no gol, Barreto, que foi para a última Copa, é segurança garantida. E se isso não é o bastante para credenciar o Cerro na briga pela taça, tem mais. A maior arma do técnico Leonardo Astrada (aquele mesmo!), está no banco de reservas. Sim, se você viu o Mundialito sub-20, esse ano, sabe do que estou falando. Juan Manuel Iturbe, destaque da Argentina no torneio, é talvez a maior esperança da torcida do Chaco. É ele o responsável por entrar no segundo tempo e desequilibrar jogos truncados. Por isso, “jogar bem contra o Cerro” significa se manter atento até o último minuto. Qualquer vacilo pode ser fatal, e a primeira colocação, num grupo que tinha Santos e Colo-Colo, é prova disso.
Estudiantes de La Plata – Argentina
Estádio: Ciudad de La Plata
Técnico: Eduardo Berizzo
Destaque: Verón
Time Base: Orión; Mercado, Desábado, Roncaglia e Ré; Sánchez, Braña, Pérez e Verón; Gastón Fernández e Hernén López
Há algumas semanas atrás, pensei em escrever uma coluna com o título “Volta Sabella”. Afinal, foi depois do pedido de demissão do técnico que o Estudiantes embarcou numa crise aparentemente sem saída. Depois de estrear tomando um chocolate do Cruzeiro, o time perdeu suas duas primeiras partidas no Clausura argentino, e parecia não ter mais jeito. Acontece que, mal e mal, a equipe conseguiu se arrumar. Eduardo Berizzo, como novo técnico, aprendeu a fazer as vontades da turminha de Verón, e, assim, o Píncha se classificou para o mata-mata da Liberta, além de voltar às cabeças do futebol de seu país.
Nada disso, porém, quer dizer que se deva temer o Estudiantes. A bem da verdade, o time de La Plata não tem nada de diferente dos anos anteriores – com o adendo de que, em relação a 2009, todos seus jogadores estão 2 anos mais velhos. Não é por isso, claro, que se deva subestimar uma equipe tradicional, que já ganhou quatro Libertadores. Mas não há como negar: Verón e seus comandados já não são mais os mesmos.
5º Jogo – Libertad x Fluminense:
Libertad – Paraguai
Estádio: Defensores del Chaco
Técnico: Gregorio Pérez
Destaque: Pavlovich
Time Base: Bava; Bonet, Portocarrero, Sarabia e Vera; Pouso, Ayala, Aquino e Victor Cáceres; Gamarra e Pavlovich
Assim como o Once Caldas, o Libertad deve sua boa campanha a um jogador que pegou o bonde andando. Seu nome é Pavlovich, argentino autor de 4 gols na atual Libertadores. Diferente do Caldas, porém, os gumarelos não sofreram para conseguir a classificação. Do contrário, terminaram em primeiro lugar do Grupo A, com relativa folga. Acontece que isso não quer dizer muita coisa. Todo ano, o Libertad faz boa campanha nos grupos, e pipoca no mata-mata. Bava, Bonet, Sarabia, Vera, Pouso, Aquino, Cáceres e Gamarra – ou seja, quase o time inteiro – sabem muito bem disso, já que foram eliminados juntos das 3 últimas edições do torneio. Não que isso queira dizer falta de qualidade e, justamente por isso, é prudente respeitar os paraguaios. Só que, a julgar pelos antecedentes, ainda falta muito para se falar em título.
E para eventuais adversários (olha aí, Flu!) vale sempre lembrar: cuidado com o 12º jogador. Não, não me refiro aqui à torcida, ou ao mítico estádio Defensores del Chaco, mas sim à arbitragem da Conmebol, sempre disposta a ajudar o time de coração do presidente Nicolás Leóz.
Fluminense – Brasil
Estádio: Engenhão
Técnico: Enderson Moreira
Destaque: Fred
Time Base: Ricardo Berna, Mariano, Leandro Euzébio, Gum e Carlinhos; Edinho, Diguinho, Marquinho e Conca; Fred e Rafael Moura
45 minutos do segundo tempo, estádio Diego Armando Maradona lotado, pênalti para o Flu. Fred pede a bola, marca e consegue o impossível: classificar o Fluminense para as oitavas-de-final da Taça Libertadores da América. Até o gol, oriundo de um pênalti mandrake, o Fluminense morria abraçado com o Argentino Juniors, classificando América e Nacional de Montevideo. A epopeia ganhou as páginas do continente, tanto quanto a briga com os jogadores argentinos, depois do jogo. Isso, talvez, mais do que qualquer coisa, sirva para apostar em uma boa campanha do Flu, campanha essa, que não existiu até agora.
Além disso tudo, não se pode deixar de lembrar de alguns jogadores, como Fred, Conca e o próprio Deco. Mas se todos esses são capazes de decidir o jogo em um lance, o mesmo se pode dizer da defesa tricolor, formada pelo inseguro goleiro Ricardo Berna e os pesados zagueiros Gum e Leandro Euzébio que podem, também, resolver um jogo em um lance, se é que você me entende. Problema, enfim, para o interino Enderson Moreira, cuja interinidade em si, já pode ser outro problema.
Problema demais? Talvez. Mas o Flu já se mostrou capaz de superá-los. Resta saber até onde essa capacidade vai.
6º Jogo – LDU x Vélez Sarsfield:
LDU – Equador
Estádio: Casablanca
Técnico: Edgardo Bauza
Destaque: Luis Bolaños
Time Base: Cevallos; Reasco, Guagua, Araujo e Ambrossi; Vera, Urrutia, Equi González e Bolaños; Luna e Barcos
Tudo bem, é um clichê. Mas não há pra onde correr: todo ano, a LDU monta bons times. Claro que o conceito de “time bom” é relativo, mas uma coisa não se pode negar: todo ano, a Liga dá trabalho. A base é sempre a mesma, com uma ou duas mudanças. No mais, Cevallos (o terror do Maracanã), Reasco, Guagua, Araujo, Ambrossi, Vera, Urrutia e Bolanõs já são velhos conhecidos, principalmente do torcedor carioca. Esse ano, eles terão companhia de Equi González, também conhecido dos cariocas e dos atacantes Luna e Barcos, que já se mostraram capazes de formar um ataque eficiente.
De qualquer forma, quem assiste Libertadores sabe o que fazer. O time é experiente e joga na falha do adversário. Confusão na área, então, é prato cheio. Nada que assuste muito, mas, até aqui, vem dando certo.
Vélez Sarsfield – Argentina
Estádio: José Amalfitani
Técnico: Ricardo Gareca
Destaque: Maxi Morález
Time Base: Barovero; Tobio, Díaz, Domínguez e Papa; Ramírez, Zapata e Fernández e Maxi Morález; Santiago Silva e Franco
Confesso que esperava mais desse. O Vélez não tem grandes craques (talvez tenha um: Maxi Morález), mas tem um time muito bem montado, com bons jogadores em todas as posições. Era difícil dizer, antes do torneio começar, que o time perderia a liderança do grupo para a Universidad Católica. De qualquer forma, porém, em se tratando de mata-mata, é sempre bom ter muito cuidado. Ok, alguns dos nomes do técnico Ricardo Gareca são ex-corintianos de quem a Fiel não pode nem ouvir falar, como Domínguez e Santiago Silva. Acontece que, ambos, na Argentina dão certo, e muito. E tem outra: se o Vélez ganha o meio-de-campo, o bicho pega. Zapata e Ramírez tocam bem a bola, Fernández é habilidoso e Morález arma, desarma e decide. E se falta poder de marcação, o time de Liniers adora bola parada. Manter a pelota longe da área pode ser uma dica valorosa para os adversários. A divisão de atenção com o campeonato nacional, onde o Sarsfield é líder, também pode jogar contra. No mais, digo o mesmo que digo desde que Chilavert parou de jogar: o Vélez é uma grande incógnita.
7º Jogo – Internacional x Peñarol:
Internacional – Brasil
Estádio: Beira-Rio
Técnico: Falcão
Destaque: D’Alessandro
Time Base: Renan; Nei, Bolívar, Índio e Kléber; Guiñazú, Bollatti, Tinga e D’Alessandro; Rafael Sóbis e Leandro Damião
É o atual campeão, e isso é sempre de se respeitar. Além disso, a exemplo do Grêmio, o Inter tem o privilégio de ter, no banco, o maior ídolo de sua história: Paulo Roberto Falcão. Bom lembrar, também, que o elenco não mudou muito em relação a 2010, e se saiu o talismã Giuliano, chegou o jovem Oscar e o argentino Bollatti, que logo se ambientou. Com tudo isso, mais Leandro Damião se firmando e D’Alessandro jogando com regularidade, o Colorado é um dos times mais fortes do continente. O ponto fraco, porém, certamente é mais emocional do que qualquer coisa: quem não se lembra do vexame contra o Mazembe do Congo, na semi-final do mundial de clubes do ano passado? Sem dúvida, recuperar a moral da tropa, seriamente abalada no fatídico jogo, será uma das mais duras missões de Falcão. E tal missão, em uma fase decisiva como essa que começa, é sempre delicada. Mas calma lá, che! Pode ter Gre-nal nas quartas! Quer mais motivação que isso?
Peñarol – Uruguai
Estádio: Centenario
Técnico: Diego Aguirre
Destaque: Estoyanoff
Time Base: Sosa; Valdez, Moreira, Alcoba, Darío Rodríguez; Domingo, Olivera, Solari, Martinuccio; Estoyanoff e Urretaviscaya
Poucos torcedores, fora do Uruguai, são capazes de dimensionar a importância histórica que tem o Peñarol. Sabe o Maracanazzo? Sim, não é exagero dizer que aquele era o time do Peñarol. Daquela equipe, do craque Obdúlio Varela ao ponto esquerda Alcides Giggia, quase todo mundo jogava no time de Montevideo. E isso é só o começo de uma história. História que teve times comparáveis ao Santos de Pelé. Uma história de 5 taças continentais conquistadas com muita habilidade, técnica e, claro, essa sim, a verdadeira raça uruguaia.
É por isso que, com todo respeito a Inter, Grêmio e quem mais for “o Brasil na Libertadores”, vai ser difícil não torcer para o Peñarol a partir de agora. Depois da história gloriosa que durou até os anos 80, os carboneros se afundaram em um buraco de dívidas e times medíocres do qual, só agora, esboçam intenção de sair. É por isso que deu pena ver o Manya perder para o Independiente em casa, no dia em que seus hínchas estrearam o maior bandeirão do mundo (segundo estatísticas não oficiais). É por isso, também, que todos que tenham um mínimo de respeito à memória do futebol sul-americano olharão com um pouco de carinho para o Peña, sempre que este entrar em campo.
E se já tem gaúcho cantando o Gre-nal nas quartas, eu já aviso: o time uruguaio não é nenhum bicho de sete cabeças, mas também não vai dar moleza. Seu elenco é muito experiente e vende cada derrota às custas de muita briga. O técnico Diego “La Fiera” Aguirre, herói do título de 82 como jogador, é tratado como Deus em Montevideo e dá a séria impressão de estar a frente de um momento histórico.
Não, não tem o time do Inter. Mas tem raça e (muita) tradição. Pode ter certeza disso.
8º Jogo – Universidad Católica x Grêmio
Universidad Católica – Chile
Estádio: Nacional de Santiago
Técnico: Juan Antonio Pizzi
Destaque: Pratto
Time Base: Garcés; Opazo, Vergara, Henríquez, Martínez; Silva, Díaz, Cañete e Mirosevic; Pratto e Gutiérrez
Talvez a surpresa dessa Libertadores, “los cruzados” lideraram o grupo de Vélez Sarsfield e Unión Española, e isso merece destaque. Quem também merece destaque é o atacante Pratto, que veste a camisa 2 e forma com Gutiérrez uma dupla de ataque azeitada. O segredo talvez esteja em marcar os bons armadores Cañete e Mirosevic, evitando que a bola chegue perto do gol. No mais, aproveitar o contra-ataque pode ser o caminho para a glória, principalmente nas costas dos fracos laterais. A zaga também não é das mais fortes e, para se ter uma ideia, Vergara, que não pode aparecer em São Januário nem pintado de ouro, é titular absoluto. Se não é de tirar o sono, é um time que não perdoa vacilos.
Grêmio – Brasil
Estádio: Olímpico
Técnico: Renato Gaúcho
Destaque: Fábio Rochemback
Time Base: Víctor; Gabriel, Mário Fernandes, Vilson e Lúcio; Fábio Rochemback, Adilson, Douglas e Escudero; Borges e André Lima
Sem Racing, Boca Juniors e Independiente, caberá à torcida do Grêmio honrar a tradição de pular e cantar os 90 minutos. Nesse quesito, aliás, tenho certeza que o Tricolor não deixará a desejar. Quem talvez deixe a desejar seja a dupla de ataque, formada por André Lima e Borges (haja esperança no garoto Diego!). Acontece que todo mundo já sabe: não é de hoje que a força do Grêmio está além dos 11 jogadores que entram em campo. Com Diego Souza, Sandro Goiano e Tuta, o Imortal já chegou em final de Libertadores. Duvidar, portanto, é sempre arriscado, principalmente pra quem assistiu à Batalha dos Aflitos. Além disso, assim como o Inter, a ideia do clássico contra o maior rival na próxima fase, é motivação de sobra. Só falta, claro, combinar com os chilenos.
E é isso, caro leitor. Esse guia estará salvo na sessão “As chuteiras abertas da América Latina”, sempre disponível para consulta. Você também pode imprimir a tabela do Futeboteco – Mata-mata da Libertadores, clicando aí abaixo.
Clique na imagem para imprimir a tabela:
* Todos os sábados, nesse mesmo espaço, Gabriel dos Santos Lima assina a coluna “As chuteiras abertas da América Latina”, onde fala do futebol do continente.