Uma boa aposta
Assim que soube que Paulo Roberto Falcão era o novo técnico do Inter, uma cena me passou pela cabeça.
Lembrei-me de um jogo do Grêmio, lá pelo primeiro turno do Brasileirão de 2010, quando o Tricolor ainda lutava pra se afastar da zona de rebaixamento.
O adversário em questão era o Atlético Goianiense, e o Olímpico tava cheio. Cenário totalmente favorável, portanto, aos jogadores gremistas.
Mas aquele jogo tinha um ingrediente especial: Renato Gaúcho.
Depois de amargar um trimestre melancólico na mão de Silas, o torcedor do Grêmio finalmente esboçava alguma esperança com seu novo técnico. E a esperança virou certeza, quando Borges decretou o 2 x 0 e a geral inteira explodiu cantando o nome de Renato – coisa que não acontecia desde a década de 80.
Claro que contar desse jeito tira muito a emoção da coisa. Mas a cena foi arrepiante. Quem viu sabe do que eu estou falando.
Tanto é que, a partir daquele fim de tarde, o Tricolor passou a fazer juz à sua alcunha de Imortal, foi o melhor time do segundo turno e só parou quando se classificou para a Libertadores.
E é aí que eu chego em Falcão.
É justamente ele que, a essa altura, pode ser para o Inter o que Renato foi para o Grêmio.
Isso porque o ex-meia, no banco do Beira-Rio, é o mesmo que Pelé no banco da Vila, Ademir no banco do Parque Antártica ou Zico orientando um treino na Gávea: uma idolatria ímpar.
E o Inter, diferentemente do Grêmio em 2010, não esperou o brasileirão começar para se mexer.
Claro: pode dar errado. Já deu na seleção brasileira.
Mas a outra alternativa (manter Celso Roth) definitivamente não era viável.
Aliás, a bem da verdade, Roth já devia ter sido demitido ao perder pro Mazembe, só que a diretoria colorada quis dar uma de “moderninha”.
Agora, me diga: há alguém melhor no mercado do que Falcão para assumir o Inter, agora?
De futebol, o cara entende. Já mostrou isso como comentarista. É verdade que Celso Roth também entendia muito, mas faltava a ele uma coisa que o Rei de Roma tem de sobra: carisma.
É esse carisma que será fundamental, no sentido de retomar a moral de um elenco desgastado por uma das derrotas mais vexatórias de sua história.
Por tudo isso, eu digo: Falcão foi, sim, uma boa aposta.