Déjà vu imperial
Analisar a relação custo-benefício da contratação de Adriano parece, nos últimos tempos, uma questão de déjà vu.
É como se em um algum momento da sua vida, você já tivesse tratado desse assunto. Pior: falado o que fala neste dado instante.
Tanto é verdade que, quando o Imperador, escurraçado de Milão aterriçou na Gávea, escrevi um post aqui no blog, projetando o seu futuro.
Hoje, sabendo o quão bem foi no primeiro ano de Mengo e o quão mal foi no segundo, e, sabendo ainda o quão não existiu na Roma, escrevo um manuscrito afim de perspectivar quem pode ser Adriano neste ano, seja no Timão ou novamente no Flamengo.
Analisando os aspectos futebolísticos, é importante amparar-se em Mancini e Ranieri e constatar o desprazer do Imperador quando destituído do cargo. Portanto, quem investe nele tem de concebê-lo entre os 11 do seu time.
E aí está um dos problemas.
Diferente de em outrora, Adriano, chegando ao Timão ou ao Fla, poderia perfeitamente sentar no banco de reservas.
Por dois motivos:
1º Por hoje ser ainda menos profissional do que há dois anos, quando retornava à Gávea.
2º Pelo ataque das duas equipes em questão serem posições bem resolvidas.
É óbvio que o meu segundo argumento será questionado por afirmações do tipo: “Ah, Ronaldinho não é centroavante e Deivid não está bem”. “Liedson e Adriano formariam o melhor ataque do Brasil”.
Sim, sim. Tudo isso, em tese, é verdade.
Mas será que na prática vale à pena trocar o certo pelo duvidoso?
A resposta é: não.
E nela nem incluo o quanto custa o problemático jogador (nesse caso, concordo com a sugestão dada por Globe de que Adriano deveria aceitar jogar de graça pelo seu clube do coração).
Claro que, ainda assim, em dimensões nacionais, sua imagem como craque é muito forte e as ações publicitárias certamente teriam êxito.
Por isso, o agora empresário, Ronaldo Nazário, se apressa em trazê-lo ao Parque São Jorge, provando ser fenomenal também no mundo dos negócios.
Todavia, antes de todas as questões aqui levantadas, existe uma muito mais importante.
A questão do SER HUMANO Adriano.
Quando se analisa este caso, é comum se atentar à questões táticas, técnicas, econômicas e esquecer-se de como está a vida do cara em questão. Aspecto elementar em qualquer âmbito.
No futebol, não é (e nem pode) ser diferente.
Existe um problema muito sério para que o Imperador tenha deixado de imperar no futebol.
Seja ele qual for, antes de mais nada, é tal problemática que tem de ser resolvida.
Escrevi isso no tal post de dois anos atrás.
Caso não ocorra uma reflexão por parte do atacante, como não ocorreu na época, daqui há algum tempo, é muito provável que eu sinta a mesma sensação do déjà vu de agora.
Não é o que eu quero.