DNA gremista
O Grêmio foi campeão da Taça Piratini, em cima do Caxias do Sul, graças a um gol achado no último lance de um segundo tempo que teve 6 minutos de acréscimos. Isso é um fato.
Acontece que um fato pode ser interpretado de diversas formas.
Segundo o site oficial do clube gaúcho, por exemplo, a vitória veio “na base da imortalidade”.
Tudo bem, muito bonito. Mas será que, assim como fiz com o Santos, não vale a pena pensar um pouco acerca da tal “imortalidade gremista”?
Vá com calma: primeiro de tudo, quero dizer que vi a “Batalha dos Aflitos” ao vivo, e achei o maior barato.
Além disso, ao contrário do que pode parecer, estou muito longe de ser contra as característas de cada camisa. Acho que o torcedor santista, por exemplo, tem mais é que gostar de ver seu time jogar de maneira ofensiva.
Mas será que um clube X tem que, obrigatoriamente, jogar SEMPRE de um mesmo jeito, só porque a mídia convenceu sua torcida de que isso está em seu “DNA”?
Eu acho que não.
O Grêmio, por exemplo, contra o poderoso Caxias, não teve alternativa senão jogar como jogou.
Digo isso por um motivo muito simples: o Tricolor só tem um bom jogador em seu elenco, e ele atende pelo nome de Douglas.
Fora isso, não tem como exigir muito de Lúcio e André Lima.
Mas se diferente fosse, nenhum torcedor deveria se orgulhar de uma vitória conquistada graças à benevolência do juiz em estender o jogo até o time da casa empatar.
Da mesma forma, ninguém deve se iludir com uma Taça Piratinini. Inevitavelmente, ganhar o gauchão significa vencer um só time, seja colorado ou tricolor. E nem isso o Grêmio fez.
Ou seja: se você é gremista, comemore e muito. Seu time não tem ótimos jogadores e se superou.
Mas viver de superação pode ser muito perigoso.
Lembre-se do que escreveu o grande escritor Eduardo Galeano, em seu livro “Futebol ao sol e à sombra”: a confusão entre o que é ser “raçudo” e o que é ser violento, levou o futebol uruguaio à ruína.
E lembre-se do que diz um amigo gremista meu: ídolo é Hugo de León, não Sandro Goiano.