Molecagem
A melhor coisa que aconteceu em 2010, em termos de futebol, foi o surgimento da segunda geração de “Meninos da Vila”, comandada por Dorival Júnior.
Acontece que essas são águas passadas, a começar pela demissão do próprio técnico.
Hoje, o Santos é um time prepotente que acha que joga mais do que, de fato, joga.
E boa parte dessa triste realidade pode ser creditada a esse senhor de barca branca que ilustra o post: Luís Álvaro Ribeiro, o presidente alvi-negro.
Se ano passado foi o paraíso, desde que 2011 começou, a atual diretoria do Santos só faz besteira. A começar pelo aumento esdrúxulo no preço dos ingressos para jogos de Libertadores, na Vila (atualmente custando de 100 a 200R$).
Ontem, antes do jogo contra o Cerro, torcedores revoltados ostentavam, com toda a razão, uma faixa que dizia “Cadê o alçapão? Vila de burguês!”.
Luis Álvaro, que se diz sociólogo, devia saber que o futebol é um esporte popular, e que a prática da exclusão social é absolutamente abominável.
Além disso, o mesmo Luís Álvaro, que se diz presidente de um clube de futebol, devia saber que um estádio lotado é sempre um décimo-segundo jogador, ainda mais em se tratando de Libertadores.
Por isso, pra começo de conversa, a diretoria santista tinha que ter ouvido a faixa de protesto dos torcedores revoltados de ontem, ao invés da faixa da padaria que pedia a cabeça de Adilson Batista.
Adilson errou? A meu ver, sim. O cara é bom treinador, mas inventa muito. Inventou Pará como volante e botou Maikon Leite e Zé Love no banco, por exemplo.
Isso, porém, não muda o fato de que o responsável pela demissão do técnico é o mesmo responsável pelo empate-derrota de ontem: o tal “DNA santista”.
Esse mito de que o time tem, obrigatoriamente, que jogar sempre pra frente, com três atacantes, é uma armadilha.
Uma coisa é ter coragem, outra é achar que o Cerro Porteño é o Grêmio Barueri.
Nenhum time brasileiro, em sã consciência, joga como o Santos jogou contra um time que tem Nanni e Iturbe.
Além disso, a obrigação de golear, nitidamente, deixou os nervos à flor da pele. Numa dessa, ainda mais se tratando de Neymar e cia, pra ter uma expulsão é um-dois.
Sorte que ainda dá tempo. O problema vai ser achar alguém que queira ser técnico de um clube que demite a troco de nada.
Porque o que a diretoria do Santos vem fazendo tem um nome: molecagem. Isso, Neymar até pode fazer. Mas Luís Álvaro não. Já passou da idade.