Nós não temos mais dinheiro para te seguir, Palmeiras
Palmeiras, eu cansei. Antes que me acusem do crime de outros jornalistas, não trocarei minha torcida pelo alviverde por algum espanhol. Mas cansei da segregação financeira que envolve o clube.
Hoje, quarta-feira, dia de rodada com direito a mata-mata do Campeonato Paulista, mas o assunto mais falado não é a escalação para o jogo, a possível camisa de despedida da Adidas ou as punições aplicadas para os jogadores por declarações pós-Derbi. O assunto é o preço dos ingressos para a Libertadores.
A diretoria resolveu dobrar o valor dos ingressos praticados no Paulista. Assim, o ingresso mais barato custa R$ 180 ou R$ 90 a meia. Muitos defendem que para ter um time forte, é necessário um caixa forte. É um fato. Mas há de se encontrar maneiras para equilibrar tudo isso.
Primeiro precisamos lembrar que o futebol é o esporte das massas, feito pelo e para o povo. “Então o rico não tem lugar?”, claro que tem. Todos tem. O esporte, especialmente o futebol, precisa ser democrático. Afinal, tratamos de uma paixão.
No entanto, aparentemente, com os atuais dirigentes do Palmeiras, isso desde o início da era Nobre, não adianta falar de paixão. É preciso falar de dinheiro. Então vamos falar de dinheiro.
Os R$ 180 pedidos pelo ingresso mais barato no Allianz Parque representam quase 20% do salário mínimo. “Mas boa parte da população recebe mais que um salário”, pois bem, a renda média por pessoa é de R$ 1.723, portanto, o ingresso mais barato equivale a mais de 10% do ganho médio paulistano.
Particularmente, eu não tenho mais condições de te seguir, Palmeiras. Mesmo ganhando acima da média por pessoa na cidade de São Paulo, ainda preciso pagar aluguel, luz, internet, me alimentar… Todas essas questões são prioritárias em relação à essa paixão.
Além disso, segundo o IBGE, 31,5% das casas do município de São Paulo a renda per capita é de até 1/2 salário mínimo. Como bem destacou Gabriel Santoro em seu Twitter, o maior público médio do mundo, do Borussia Dortmund, gasta cerca de 1% do salário mínimo local no ingresso mais barato.
Para não dizerem que estamos apenas reclamando, vamos sugerir uma solução. Atualmente, o Gol Norte, setor mais barato, oferece 8.210 lugares e normalmente custa R$ 90.
Digamos que todos ali pagam meia entrada, uma vez que este é o setor mais disputado pelo programa de sócios. Assim, a renda somente neste lugar é de R$ 369.450. Imagine que este local se transforme em um setor popular, sem cadeiras. Assim, o público aumentaria. Digamos que o acréscimo seja de 50% em público, logo caberiam 12.315 torcedores. Reduzindo o valor para R$ 60 a inteira e R$ 30 a meia, a arrecadação seria EXATAMENTE a mesma.
Portanto, ganharia o povo, enquanto a atmosfera do estádio ficaria ainda melhor, uma vez que estará mais cheio, enquanto o clube não teria nenhum tipo de prejuízo financeiro. O Palmeiras, instituição que arranca dinheiro até para seu povo visitar o CT, fará isso? Duvido. E eu cansei de falar. Cansei, Palmeiras.