O grande ‘mala’?
“Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade.” A frase é do psicólogo, que é mais modinha na internet do que aparelho ostentação é com a meninada, Friedrich Nietzsche. E resume bem a essência humana: somos todos bons e ruins. Não há maldade pura. Nem o inverso.
Isso posto, quero usar a coluna de hoje para defender um craque mundial. Cristiano Ronaldo é, por vezes, tido como um cara “marrento”. Muitos não gostam do “gajo” por, supostamente, faltar humildade a ele.
Quero acreditar que isso aconteça por uma confusão de papeis. Não separam o Ronaldo jogador do ser humano. E isso é bastante complicado.
Dentro das quatro linhas, o português demonstra ter muita confiança em si mesmo – o que, pra muitos, deve ser interpretado como arrogância. Alguns dos seus gols são comemorados com “eu estou aqui”, que, no português canário, quer dizer “eu sou f…”, como diria Edmundo.
Ainda por cima, Cristiano é um completo narcisista. Ingredientes mais do que suficientes para alguns torcedores e profissionais da imprensa transformá-lo num monstro.
Mas vem cá, que mal há em o camisa 7 se olhar no telão dos estádios quando as câmeras o abordam? Que mal há em ele confiar nas próprias capacidades? Nenhum, desde que jogue bola. Neste aspecto acho que não existe discussão.
Não convivo com o “gajo”, mas tenho uma visão positiva dele. Cristiano parece ser de uma generosidade enorme e dotado de um sentimento humano que elogiamos em Balotelli, quando ele doou metade dos seus salários há crianças carentes.
No entanto, mesmo participando de várias obras de caridade, ainda existe quem o ataca sob a justificativa de que “não passam de jogadas de marketing”. Mas que mau humor dessas pessoas, não?
Veja, um dos princípios básicos das jogadas de marketing é a publicidade, e Ronaldo sequer utiliza a imprensa para divulgar suas participações em projetos de caridade, muito menos as publica em redes sociais.
Por motivos semelhantes, Neymar passou e passa por esse mesmo problema. Rogério Ceni é outro que sofre com essas críticas. No caso do goleiro, simplesmente por saber se expressar. E a cada dia essas histórias vão caindo: Neymar na África do Sul e Rogério no dia a dia.
É complicadíssimo o exercício de palpitar sobre a vida de alguém. Ainda mais se você sequer o conhece. Mas o genial Cristiano Ronaldo não se importa com isso. Sem alardes, ele prova o mais importante: que, além de ser o melhor do mundo, busca um mundo melhor.