Por que sempre eles?
Sem treinador desde a demissão de Ney Franco, no fim da última semana, o São Paulo cogita Muricy Ramalho e Paulo Autuori, que são os dois últimos grandes campeões que passaram pelo Morumbi.
Mas será que essas apostas dariam certo novamente? Será que que eles realmente são as melhores opções no mercado? E mais, será que o mercado se baseia somente nestes que grande parte da imprensa tenta empurrar goela abaixo de todos os grandes clubes brasileiros?
Recentemente, o Santos foi quem tentou mudar este paradigma, chegando a negociar com dois importantes nomes internacionais: Marcelo “El Loco” Bielsa e Tata Martino. Apesar de não ter tido sucesso em ambas as negociações, o clube alvinegro abriu o leque de opções para as equipes brasileiras.
O Brasil sempre foi o principal exportador de jogadores para o mundo, mas, por algum motivo, nunca foi um grande exportador de treinadores.
Não digo que os técnicos brasileiros são ruins ou inferiores aos treinadores estrangeiros. É óbvio, porém, que há várias diferenças de métodos de trabalho e, mais do que nunca, precisa-se iniciar um intercâmbio de profissionais da área para o que nível do futebol brasileiro possa evoluir.
Mas o que falta para os clubes brasileiros começarem a considerar a contratação de algum profissional estrangeiro?
Incrivelmente, não é o aspecto financeiro. É claro que nenhum clube brasileiro teria a condição de trazer profissionais do gabarito de Pep Guardiola, José Mourinho ou Fábio Capello. No entanto, se analisarmos melhor, vemos que os grandes times do Brasil têm condições financeiras de trazer excelentes opções. Basta pesquisar, procurar, analisar, ter coragem. Um exemplo disso é o quanto estamos pagando para os nossos treinadores, que, diga-se de passagem, estão supervalorizados.
Muricy Ramalho, um dos técnicos pretendidos pelo São Paulo no momento, faturava cerca de R$ 700 mil mensais no Santos, era 22° maior salário do mundo entre os treinadores, segundo uma pesquisa feita pela Pluri Consultoria há alguns meses. Muricy faturava mais que Jürgen Klopp, treinador do Borussia Dortmund e finalista da última edição da Uefa Champions League. Klopp ocupava a 26° colocação.
Ou seja, enquanto um treinador tinha um dos elencos mais caros e o melhor jogador do país ao seu dispor e não conseguia sequer dar um simples padrão tático ao time, o outro brigava de igual para igual com clubes financeiramente muito superiores que o seu, aplicando um estilo de jogo super moderno e eficiente.
Os clubes precisam de coragem. Coragem para fazer apostas. Ou será que qualquer um desses treinadores disponíveis no mercado brasileiro são garantia de sucesso?
O que não adianta é trazer um treinador estrangeiro e não dar a ele tempo. O clube que fizer este tipo de aposta tem que saber o que quer e o que está fazendo, e a parte ruim é que este é o grande problema.
A demissão do uruguaio Jorge Fossati pelo Internacional em 2010 foi um grande exemplo disso. Fossati havia classificado o clube para as semifinais da Copa Libertadores e, mesmo assim, acabou no olho da rua. À época, o treinador criticou parte da imprensa gaúcha, dizendo que se sentia-se perseguido.
Está mais do que na hora de sairmos da mesmice, de pararmos de considerar sempre os mesmos nomes que, podem até render algum sucesso durante algum tempo, mas que não deixam nenhum legado para o futuro.