Análise da 23ª Rodada
Com média de 2,4 gols por partida, a 23ª rodada do Campeonato Brasileiro foi a rodada dos tropeços. Quatro dos grandes postulantes ao título – Corinthians, São Paulo, Botafogo e Flamengo – tropeçaram fora de casa. Com isso, o Vasco, que jogou pro gasto contra o Figueirense, ganhou um pontinho e pulou para o segundo lugar. Quem também se deu bem foi o Atlético-MG, só que na parte de baixo da tabela. Em um jogo de seis pontos, o Galo bateu bem o Bahia e se livrou, pelo menos por enquanto, da zona do rebaixamento. Enfim, vamos à análise de cada partida:
Santos 1×0 Cruzeiro – Vila Belmiro, Santos (SP)
Borges segue fazendo seus golzinhos, e já tem gente pedindo ele na seleção. Fato é que, se o torcedor santista deve essa vitória a alguém, esse alguém se chama Neymar. Foi ele que meteu uma linda carretilha em Léo, fazendo o zagueiro perder a cabeça e ser expulso. Antes disso, era só Cruzeiro. Depois disso, o Santos cresceu. Não chegou nem perto de ser aquele Santos que todos nós conhecemos, é verdade. De qualquer forma, o alvi-negro já não perde há 5 partidas. Já é um bom passo em direção à parte de cima da tabela. Quem sabe se Muricy colocar alguns volantes a menos no meio-de-campo, de modo a não sobrecarregar tanto o jovem Felipe Anderson, o Peixe não volta a ser aquele? Ah! E um detalhe: o nome do cidadão que marcou o vergonhoso pênalti de Dracena em Montillo é Francisco Nascimento, do Estado de Alagoas. Árbitro fraquíssimo…
América-MG 2×2 Avaí – Arena do Jacaré, Sete Lagoas (MG)
Me responda uma pergunta: se não ganha em casa, do vice-lanterna do campeonato, o América Mineiro vai ganhar de quem? Sinceramente não sei. E detalhe: o Coelho chegou a ter dois gols de vantagem no placar. Mesmo assim, foi displicente e cedeu o empate. E com essa zaga, meu prognóstico é que a coisa vai piorar. Aliás, quem também não vai nada bem é o Avaí, que a cada dia prova que a boa campanha da Copa do Brasil foi um brilhareco que não se repetirá.
Palmeiras 0x3 Internacional – Pacaembu, São Paulo (SP)
Tirone já assumiu a culpa. Felipão não sabe mais o que fazer. E eu só sei de uma coisa: Leandro Damião é o cara. Com três gols, foi ele o responsável por acabar com o time alvi-verde em pleno Pacaembu. E com a vitória, o Inter, aos poucos, consolida sua reação e prova que vai, sim senhor, brigar pela Libertadores. Time pra isso, o Colorado tem. Além do artilheiro Damião, Oscar segue em franco amadurecimento, com o aporte do maestro D’Ale. Felipão, aliás, já tinha alertado pra isso antes do jogo. Só faltou avisar sua defesa, que apesar de ter melhorado com Henrique, ainda é muito confusa e, volta e meia, fica em linha. Mas se a defesa alvi-verde é fraca, também não dava pra esperar muito de um ataque formado por Luan e Fernandão. Imagino que o torcedor palmeirense já deve estar morrendo de saudades de Kléber.
Fluminense 1×0 Corinthians – Engenhão, Rio de Janeiro (SP)
Pra quem quer ser campeão, o Corinthians tem vacilado até demais. Não que jogar contra esse Fluminense no Engenhão seja fácil. Mas o Timão me surpreendeu, sobretudo, por não ter demonstrado capacidade de reação, ao contrário de seus últimos jogos. Foram mais de 60 minutos pra encontrar um gol, e nada. Liedson, isolado, esperava uma bola que não chegava nunca do sonolento Alex. Enquanto isso, Jorge Henrique e William corriam, corriam, mas não encaixavam uma jogada que assustasse muito. Sorte do Flu, que achou um gol com Fred em uma cobrança de falta desviada e soube morder nos contra-ataques, principalmente nas costas dos laterais-reservas corintianos. É verdade, o Tricolor não é uma maravilha. Nem é aquele do Conca. Mas Lanzini tem se saído melhor do que eu esperava. Além disso, ao fim do jogo, o Engenhão inteiro cantava que “o campeão voltou”. Quem sabe? Nesse momento, o Flu é melhor do que o Flamengo (ainda que tenha menos time). O Corinthians? Bom, digamos que contou com a incompetência dos concorrentes…
Ceará 1×1 Atlético-GO – Presidente Vargas, Fortaleza (CE)
Jogo muito pouco interessate. A carroça desembestada do Ceará já perdeu o pique. O forte continuam sendo os laterais, principalmente Egídio. Se ele acerta um cruzamento pra Washington cabecear, em uma jogada mais velha do que andar pra frete, aí o Vozão até chega. Fora isso, o time ainda carece de criatividade, já que Thiago Humberto chuta melhor do que toca. Mas eu não esqueço do que disse no começo do ano: se não cair, já tá ótimo. E, sinceramente, acho que demitiri o pressionado Vágner Mancini, a essa altura, seria um grande erro. Repito: pro Ceará, não cair é lucro. Aliás, digo o mesmo do Atlético Goianiense.
Coritiba 5×0 Botafogo – Couto Pereira, Curitiba (PR)
Sou fã confesso do Loco Abreu, e não escondi de ninguém minha empolgação com o bom momento do Botafogo. Mas pô! Quando todo mundo começa a acreditar, o time vai lá e me toma 5 do Coritiba! Falha gravíssima, que nenhum campeão pode cometer. E que Caio Potter aproveite a oportunidade pra dar um jeito nessa defesa que dá muita bobeira. A falta de Maicosuel também não pode ser desculpa pra quem quer brigar por Libertadores. Aliás, falando em Libertadores, será que o Coritiba chega? Diferentemente da torcida coxa-branca, eu não acredito, mas acho realmente impressionante a capacidade que o alvi-verde tem de massacrar os oponentes quando encaixa seu jogo. Se fosse assim sempre…
Figueirense 1×1 Vasco – Orlando Scarpelli, Florianópolis (SC)
O Vasco foi o gaiato da rodada. Dos clubes que brigavam na parte de cima da tabela, foi um dos únicos que não perdeu. Com os tropeços de São Paulo, Botafogo e Corinthians, então, saltou para a vice-liderança, a apenas um ponto do líder Timão. Entretanto, justiça seja feita: o Vasco jogou pro gasto essa rodada. A sorte foi que Fágner percebeu o caminho do ouro: o lado direito da defesa catarinense. Foi por lá que o gol saiu. Mas se não fosse isso, também, o Expresso da Vitória bem que poderia ter saído derrotado. Claro: o torcedor cruz-maltino, hoje, não tem porque se preocupar. Pelo contrário. Mas a auto-crítica é necessária. O Vasco podia estar, hoje, na liderança. Só que mostrou que Juninho faz falta, e isso é um problema. Problema pros badalados Diego Souza e Felipe resolverem nas próximas semanas.
Flamengo 1×2 Atlético-PR – Cláudio Moacyr, Macaé (RJ)
Oito jogos sem vencer e, o que é pior, a perda da último posto do G-5 para o rival Fluminense. A luz amarela foi ligada na Gávea. Nas próximas rodadas, Vanderlei Luxemburgo terá um problema mais complicado de resolver do que as flatulências de seus comandados: o Mengo precisa dar um jeito de jogar quando Ronaldinho é bem marcado. Basta alguém colar com força no camisa 10, que ele começa a apelar para a individualidade. É nessas horas que Thiago Neves tem que assumir a responsabilidade de levar o time. Um centro-avante também ajudaria, claro, afinal, o imóvel Deivid saiu no intervalo para a entrada de Jael, que teve o nome gritado pela mesma torcida que o vaiou ao final da partida. Enfim, ainda acho que o Flamengo tem um dos melhores times do campeonato. Mas o momento tá pra lá de ruim. Aliás, esse Renato Abreu aí é aquele mesmo que o Mano convocou? Ele entrou em campo essa rodada?
Grêmio 1×0 São Paulo – Olímpico, Porto Alegre (RS)
O discurso são-paulino após a partida era um só: culpa da arbitragem. Patético. É verdade: Casemiro teve um gol anulado em um lance pra lá de discutível. Mas e daí? O São Paulo era o vice-líder, jogando contra o décimo-terceiro colocado. Tinha a obrigação de vencer. Até porque o Grêmio, a cada rodada, mostra que sofre de uma dependência maluca de Douglas, que não à toa foi o autor do gol (golaço, diga-se). Enfim, é hora de Adilson Batista pôr a cabeça no lugar, porque seu time também depende muito de um jogador: Lucas. E quando ele não joga (dessa vez, deu até uma solada em Fernando), o time não cria. O centro-avante também faz falta, mas isso talvez seja uma tarefa para o Fabuloso. Enfim, só acho bom lembrar que não é todo dia que vai ter festa no Morumbi…
Atlético-MG 2×0 Bahia – Arena do Jacaré, Sete Lagoas (MG)
Torço pra que o Atlético não caia, por se tratar de um time campeão brasileiro, que tem uma torcida maravilhosa. Mas não posso deixar de dizer a mesma coisa com relação ao Bahia, logo, não sei muito bem o que sentir depois desse jogo. O Tricolor nordestino, agora sem Renê Simões, entrou na zona de rebaixamento e, ao que me parece, vai ter dificuldades para sair mais tarde. Resolver a fragilidade da defesa sem entupir o time de volantes será o grande desafio de Joel Santana nos próximos dias. Pelo menos Jóbson volta na próxima rodada, então, quem sabe… Mas vamos falar do Galo: sou daqueles que não entende como o alvi-negro se meteu nesse balaio, com o time que tem. A falta de banco, talvez seja uma hipótese. Mas isso é pra se pensar na semana que vem. Por enquanto, Cuca tem mais é que esfriar sua cabeça, pois vai dormir fora da zona do descenso. E eu quero fazer uma sugestão à CBF (argh!): se tem prêmio pra melhor revelação, podia ter pra melhor veterano, também. Vai dizer que o magnata Magno Alves não merecia? O cara é uma máquina…