Jogador de clube
Em primeiro lugar, caro leitor, permita-me justificar a escolha do tema.
Antes de escrever este post, dois assuntos não me saíam da cabeça: as declarações dantescas de Ricardo Teixeira e a demissão de Carpegiani, no São Paulo.
Depois de muito pensar, porém, cheguei à seguinte conclusão: o rei da CBF terá o que merece aqui no blog, ainda nessa semana. Ademais, o texto do Rodolfo já havia tratado bem da lama que é o nosso futebol (leia aqui).
Carpa? Não acho que dê um post, e já falei demais dele no Twitter. Você, leitor, pode e deve ler as opiniões aí ao lado, e sentir-se à vontade para comentá-las aqui nesse mesmo espaço.
Dito isso, vamos ao que interessa – o assunto dessa coluna: Messi é jogador de clube.
Sim, sei que dito dessa forma, pode parecer meio controverso e, até mesmo, sensacionalista. Mas, diferente de muita gente por aí, não quero dizer que o cara tem uma espécie de maldição que o impede de jogar com a camisa da seleção.
Quero, aí sim, dizer que o atual melhor jogador do mundo (não tenho dúvidas quanto a isso) não tem suficiente preparo, ou mesmo colhões grandes o suficiente, para suportar o peso que tem a camisa argentina em situações decisivas (como uma Copa América em casa, ou uma Copa do Mundo).
Veja: não estou dizendo que ele “não é decisivo”. O cara já decidiu duas Champions League para o Barça. Mas as duas coisas são bem diferentes. O Barcelona é um time bem estruturado, e não mexe com a paixão de um país inteiro. Encarnar uma nação, ainda mais quando essa nação te olha com total desconfiança, é muito mais difícil do que jogar para uma torcida comportadinha que te idolatra.
É verdade: essa desconfiança dos argentinos, em muito não é culpa de Messi. Ele joga na seleção porque quer, pois podia muito bem se naturalizar espanhol. Além disso, no começo, o cara tentou as categorias de base do River, que não pôde pagar seu tratamento de saúde (onde, também, o River não tem culpa de ser pobre).
Mas uma coisa é fato: Messi não cantou o hino contra a Colômbia. E, depois do vexame, não apareceu pra dar entrevistas, como seria esperado do melhor do mundo, grande craque do time. Em outras palavras, não encarnou o espírito da coisa, nem deu a cara pra bater.
Volto a dizer: a não-identificação de Messi com seu país se deve às circunstâncias. Não é culpa dele ter nascido em um país de terceiro mundo, que não pôde investir nele. Mas essa distância, o fato dele nunca ter jogado no Boca, no River, no Racing, no Independiente, faz sim diferença.
Aliás, isso tudo me parece pesar mais do que a falta de Xavi e Iniesta, ou a incompetência de Sérgio Batista. Messi não jogou nada, INDIVIDUALMENTE, contra a Colômbia. Aos 45 do segundo tempo, teve uma falta no bico da área e, ao invés de cruzar, bateu na lua. Não acertou um drible, não se apresentou e errou muitos passes.
Enfim, cansei de ouvir comparações entre Maradona e Messi. E sempre é difícil comparar jogadores, ainda mais de épocas diferentes. Mas, ora: Dieguito, sozinho, ganhou da Inglaterra. Messi nunca chegou nem perto disso.
Bom, mas Maradona é argentino, se sentia bem na seleção, etc. Exatamente: eis uma das contradições do tal “futebol globalizado”. E eis a diferença entre o melhor jogador de clube de todos os tempos e um deus.