No limite
“O momento no Palmeiras é para nos preocuparmos”, disse Tinga, hoje, à Folha de S. Paulo.
Concordo plenamente.
No entanto, não o faço por temer uma não-classificação palmeirense à próxima fase do Paulistinha ou uma tragédia ‘à la ASA’ na Copa do Brasil.
Até porque, no Estadual, nem que o Palmeiras queira consegue ficar fora do G8, e, como afirmou o volante na entrevista, a disputa é para ficar entre os dois primeiros e ter a vantagem de jogar as finais em casa.
Na Copa do Brasil, a facilidade inicial é semelhante, já que o próximo adversário na competição é o tão amador quanto o Comercial do Piauí, Uberaba, de Minas Gerais. E, na fase seguinte, Sampaio Corrêa ou o Santo André, adversário do último e melancólico embate.
Concordo, sim, por um motivo bem mais preocupante:
O Verdão dá mostras claras de ter chegado no seu limite.
A equipe que por todo campeonato estadual ocupou a primeira colocação, começa a perder o fôlego na reta final.
Todavia, reitero: se classificará porque o Paulistão, muito embora permaneça sendo o melhor dos estaduais, ainda assim goza duma SENHORA discrepância entre a qualidade técnica de grandes e pequenos, e, principalmente, duma inovadora fórmula que permite com que você se classifique “sem querer”.
E é nessa que o Palmeiras se ilude.
Quando desde a terceira rodada lidera um campeonato pra lá de fraco e torcida e imprensa se empolgam. Quando goleia o Comercial-PI com dois homens a menos e acha que encontrou o centroavante a que tanto procura, somente pelo simples fato dele ter marcado quatro numa defesa semi-amadora.
Defesa essa, que, aliás, antes de Michael Jackson assinalar o seu primeiro tento, muito dificultou as coisas para o inofensivo ataque palmeirense, àquela altura penando demasiadamente com a saída de Kléber, ainda nos minutos iniciais.
Indo mais além, esse jogo nem deveria ter acontecido pois, me desculpe, o Palmeiras tinha – e sempre terá quando o duelo for separado por um abismo tão grande entre as duas agremiações – obrigação de eliminar o jogo de ida.
É evidente, também, que existem aspectos positivos no referido plantel. Eles só não podem encobertar os vários defeitos também existentes nele, de forma a comprometer a evolução de uma equipe que tem, sim, tudo para evoluir.
No entanto, tal progresso depende primordialmente da agregação de novos valores à ela.
Claro que o atacante xará do astro-pop pode vir a ser um ótimo reserva.
Tal como figuras como Rivaldo e João Vítor – os quais, quando acionados por Big Phill, quebraram um galho – podem ser importantes na composição de um elenco. Assim como nas laterais o Palmeiras tem duas belas apostas cuja regularidade, apenas, precisam aprimorar.
Todos esses são aspectos importantes para a formação de um time.
A meu ver, o grande mérito de Felipão até aqui: conseguir transformar o bando de jogadores com os quais se deparou quando chegou, em julho, em um time.
Competitivo e brigador (pode-se reclamar de tudo nesse grupo, menos que ele não possui empenho).
Mas com limites.
E são eles que começam a aparecer já com pouco mais de dois meses de futebol em 2011.
O Gladiador não aguenta mais gladear sozinho e o time que no início parecia ter conseguido se livrar da dependência das bolas paradas de Assunção, agora, nem mais com elas consegue êxito
O Mago tem de decidir logo se será magnífico, também, nessa segunda passagem pelo Palestra. Caso contrário, é melhor aliviar a já altíssima folha salarial do clube.
Sem poder contar com Mago e, sabe-se lá por que, com Lincoln (Felipão, alega falta de vontade a ele), a participação de Tinga é ainda mais elementar. Ele não tem sido o mesmo do final do ano passado e início desse ano.
Enfim. Como é de conhecimento geral da nação, o Verdão possui carências enormes na zaga, no meio e, sobretudo, no ataque.
Necessita, o quanto antes, montar um elenco para o campeonato brasileiro que já esta aí.
Necessita, o quanto antes, tornar a pensar grande!
Missão de Tirone neste início de mandato.
Felipão tem razão quando clama à diretoria por um centroavante gabaritado.
Não tem a mínima razão quando torna isso público.
E, caso chegue o tal do 9, aí poderemos notar até onde o atual estilo de jogo do Palmeiras se confunde com o eterno estilo de jogo de Felipão. Ou se ele está apenas relacionado ao elenco que o treinador, hoje, tem à disposição.
Antes disso, claro, Scolari tem de se entender com a diretoria. No contrário…