O Majestoso que não teve só a arbitragem como protagonista
Entra ano e sai ano nada muda. Infelizmente, após uma semana polêmica, dada a possibilidade de árbitro de vídeo na 25a rodada, a arbitragem não teve o auxílio e acabou, novamente, sendo protagonista. Desta vez, do intenso Majestoso entre São Paulo e Corinthians, ontem, no Morumbi.
Logo após o apito final, estive na zona mista, trabalhando pela Rádio ESPORTESNET, e o papo central com os personagens se deu apenas nos erros do juiz e seus auxiliares, especialmente os de linha de fundo. Reclamação de um lado e contemporização do outro. Como de costume em nossa imprensa, falou-se pouco de futebol, o que vou tentar fazer aqui.
Com a bola no chão, bom jogo do Tricolor. Não um “banho de bola”, como disse o falastrão Petros, autor do bonito gol são-paulino ainda na etapa inicial. Longe disso. Mas uma atuação convincente, consistente e de boas perspectivas para as próximas 13 rodadas, mesmo tendo apenas dois jogos no Morumbi até dezembro.
O time de Dorival Júnior fez um bom primeiro tempo. Com muita movimentação, troca de passes inteligente, raça e atuações individuais satisfatórias, o torcedor mais cético encontra motivos para ter alguma esperança futura, como no caso de Cueva, melhor do time enquanto esteve em campo, e do zagueiro equatoriano Arboleda.
Contudo, o momento chave do duelo foi a péssima mexida do técnico tricolor na metade do segundo tempo, ao sacar Lucas Fernandes e colocar o inoperante Denílson, que pouco tem figurado nos jogos do São Paulo. Aliás, como todo sistema defensivo, ele falhou no gol de empate do rival. Mas, muitos só repercutiram uma possível falta de Rodriguinho em Tavares que falaremos abaixo.
A entrada do camisa 41 tirou o poder de fogo dos donos da casa e deu a bola cedo demais ao time de Carille. Este, sabiamente entendeu que Romero fazia uma jornada ruim e colocou Clayson, forçando a bola pelo esquerdo de ataque corintiano. Funcionou.
Antes do belo gol de empate do Timão, Dorival ainda fez outra mudança crucial, tirando Cueva, o homem que ditava o ritmo de sua equipe, para promover Jucilei. Claramente queria o 1×0, fechando a casinha. Logo em seguida veio o castigo. Júnior Tavares pediu falta que não houve de Rodriguinho, numa bola praticamente dominada pelo lateral na linha de fundo. Vale o detalhe para o drible humilhante do corintiano, antes de cruzar para Romero exigir boa defesa de Sidão e, no rebote, Clayson estufar as redes e silenciar 61.142 presentes no Cícero Pompeu de Toledo, recorde de público na temporada. Na comemoração, o volante Gabriel fez gestos obscenos aos torcedores atrás do banco. Pode ser punido.
Com a igualdade no placar, Dorival tentou corrigir a besteira e colocou Maicosuel, visando um abafa no final. O tiro saiu pela culatra, pois o time não teve armação, perdeu o meio campo e ainda se viu exposto as esticadas do rival pelos lados, com Clayson, empolgado pelo belo gol, e Marquinhos Gabriel, que deu mais mobilidade ao ataque. Além disso, Rodriguinho cresceu de produtividade e passou a dominar a articulação alvinegra, procurando os pivôs de Jô, que, mesmo apagado, deu trabalho, sobretudo ao zagueiro Rodrigo Caio.
Polêmicas à parte, o jogo são-paulino foi satisfatório pelos primeiros 45 minutos e até seu treinador fazer uma leitura precipitada de um clássico que estava dominado. Fica a lição para o restante do campeonato, que segue disputadíssimo na parte de baixo, afinal a diferença do 9° para o 17°, o próprio São Paulo, é de apenas 4 pontos. Fugir do rebaixamento já é uma realidade muito possível no Morumbi. Sobretudo, porque a cada rodada aparece um novo concorrente à Série B 2018 e o futebol começa a dar sinais de melhora.
Dentro de campo, Dorival conseguiu um feito importante com tantas mudanças no elenco em 2017: já tem um time titular, com uma maneira clara de jogo. Na manhã de ontem, ficou nítido também que o bom funcionamento dessa equipe depende dos pés de Cueva e Hernanes. Pratto, outra referência e atualmente contestado por não marcar a 10 jogos, ajuda o time na armação e incomoda muitos os defensores adversários. Só precisa ficar mais dentro da área, seu habitat. Na defesa, além de Arboleda, Militão parece ter resolvido a lateral direita, enquanto Petros deu boa sustentação à defesa e, sobretudo, à saída de bola. Marcos Guilherme é agudo e Lucas Fernandes tem folêgo para revezar com Cueva na articulação. A única incógnita é Júnior Tavares, que antes de sair do time, vinha falhando muito em lances de gols e, agora que retornou à equipe, falhou novamente.
Do lado do Corinthians, o esperado. O time é isso aí. Não faz um grande segundo turno. Está onde está por conta do primeiro, que foi muito fora da curva. Os próprios jogadores sabem disso, pois fizeram história e, agora, tentam administrá-la, já que nenhum adversário parece, de fato, querer ganhar o campeonato que só eles priorizaram.