1# Histórias que a imprensa conta: elenco do Galo
Hoje inicio uma nova série de textos que nada mais é do que uma profunda admiração pela nostálgica série chamada Histórias que o povo conta, da aclamada produtora nacional de filmes adultos, Brasileirinhas, que ficou muito famosa no final dos anos 90 e início dos anos 2000.
A premissa é a mesma: existem histórias que de tanto ouvirmos, mesmo sem saber sua total veracidade, passamos a acreditar piamente. Neste último fim de semana, por um acaso, eu me deparei com diversas histórias contadas pela imprensa futebolística que me deram a ideia não só de escrever esse texto, mas sim de criar uma série.
Como o tema já foi escancarado no título, muitos certamente vão me chamar de oportunista, afinal “é claro que o blogueiro está se aproveitando da derrota do Galo para o frágil Vasco em casa e, mais do que isso, está se aproveitando do aproveitamento esdrúxulo do time mineiro em seus domínios”. Mas não é esse o caso, até porque a campanha do Atlético é uma surpresa até para mim, que sempre defendi que seu elenco não era uma das sete maravilhas do mundo.
O primeiro erro que a imprensa faz você acreditar, torcedor, é que o custo de um elenco é diretamente proporcional ao seu real potencial. E isso é uma mentira que todo ano é desmentida no futebol brasileiro.
O segundo erro é analisar apenas os nomes mais famosos, não olhando para o desempenho atual do jogador, mas olhando para aquilo que ele potencialmente poderia produzir, uma vez que já teve um desempenho satisfatório em outros momentos de sua carreira. Nessa, deixa-se de olhar para jogadores cujo currículo é um pouco mais modesto, só que muitas vezes supre as necessidades de um time muito mais do que jogadores badalados.
E o terceiro erro é olhar primordialmente para o ataque das equipes e para suas opções de suplência naquele setor, esquecendo assim que todo elenco para ser realmente bom precisa ter equilíbrio e bons jogadores reservas para todas as suas posições.
Essa basicamente foi a receita de bolo para se chegar à conclusão de que o Galo tem um dos três melhores elencos do país. Não importa se o time não tem bons defensores, laterais, goleiro e volantes reservas. O que importa é que o elenco é muito caro, cheio de grandes nomes, e com um banco recheado de bons jogadores de frente que hipoteticamente seriam titulares em outros times da Série A.
Claro, como eu disse no início, mesmo não sendo um elenco que seja condizente com seu custo mensal, era obrigação do time fazer muito mais do que vem fazendo. O trabalho de Roger Carvalho, que diga-se de passagem continua sendo um técnico promissor, foi muito ruim. Pela sua pouca experiência na profissão, é fato que o jovem treinador merece um voto de confiança. Mas o que melhor que ele pode fazer agora é se preparar um pouco mais e não aceitar convites até o ano que vem.
A missão agora está nas mãos de mais um promissor treinador, que tem um desafio de altíssimo nível pela frente. Afinal, com todo esse desequilíbrio já citado do elenco do Atlético, a nítida falta de confiança dos jogadores, a grande pressão da torcida e diretoria pelo investimento feito, e não bastasse tudo isso, a falta de tempo para treinamentos, a verdade é que Rogério Micale terá que conceber um verdadeiro milagre para tirar o melhor de cada jogador do Galo.
É mais um promissor treinador que daqui a alguns meses pode ter sua capacidade questionada, por isso foi um passo bastante corajoso. Admiro homens de coragem, mas o Micale vai precisar de muito mais do que isso para colocar os eixos nos trilhos pelos lados de Belo Horizonte.