A detentora dos direitos de transmissão também tem culpa no 7×1
O 7×1 que o Brasil tomou da Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo, disputada em casa, foi a marca de um futebol em ritmo de falência. Depois daquele dia, todos se tornaram mais críticos e sacaram a fragilidade do futebol praticado aqui.
Já achamos diversos culpados, Felipão, Thiago Silva, o grupo de jogadores, a falta de treinos, mas lhes apresento um que ninguém ousou contestar: a emissora detentora dos direitos de transmissão de quase todos os eventos que envolvem futebol em nosso país. Explico.
Tal canal, sediado no Rio de Janeiro, adota como política não utilizar nome de patrocinadores, mesmo que esses estejam presentes no nome oficial de um campeonato ou estádio. O principal torneio da América é a Libertadores, que já foi Toyota Libertadores e Bridgestone Libertadores, e jamais teve seu nome anunciado de forma correta na emissora. O Allianz Parque, inaugurado numa derrota vexatória ontem, se torna Arena Palmeiras, mesmo que o primeiro nome esteja em todos os documentos oficiais.
E o que isso influencia no 7×1 – outra derrota vexatória? Bom, para isso recorro ao futebol europeu. A liga mais disputada do mundo, uma das mais fortes, é a inglesa, batizada de Barclays Premier League e assim tratada por toda a imprensa local. A espanhola é BBVA, a italiana leva o nome da Tim e, por aqui, a Chevrolet investiu nos estaduais e a Petrobras já patrocinou o nacional. Mas empresas desse quilate não tem o retorno desejado no Brasil e, por isso, passam a pensar duas vezes antes de gastar com futebol.
Investir na base? Criar programas sociais envolvendo futebol? Jamais farão. Afinal, para quê, se não terão essas ações divulgadas? A Brahma, recentemente, começou a colocar grama sintética em campinhos de várzea, melhorando o local e atraindo mais jovens a jogar. Você viu isso na rede que transmite o futebol brasileiro? Eu vi, em um comercial que a marca precisou pagar. E tudo isso ajudaria a base, fortalecendo os clubes e formando melhores profissionais.
Portanto, amigos futebotequeiros, não irei mais me referir à detentora dos direitos de transmissão do campeonato brasileiro pelo nome. A partir de agora, irei tratar como “aquele canal”, “tal emissora”, “a detentora”, “a rede” e qualquer outro termo cabível, pois também é dela a culpa da nossa falência.