El alma de los catorce
Caros brasileiros, pentacampeões mundiais. Há uma nova assombração em nossas terras. Nova pois, em 16 de julho de 1950 ela
surgiu como um fantasma, mas nos assombrou até 58, apenas. O fantasma da derrota certa, o Marcanazzo, foi esquecido em 58, exorcizado em 62 e superado em 70. Isso no lado brasileiro da fronteira.
Do lado uruguaio, o fantasma perdura como o exemplo do sucesso intangível. Desde 50, a Celeste não ganha mundiais. Assusta,
como na campanha de 2010, muito por conta de sua raça insuperável, mas não ganha.
Um mundial no Brasil, obviamente, trataria de ressuscitar esse fantasma. Para os dois lados. Porém, na primeira rodada o fantasma passou longe do Brasil. Surgiu primeiro do lado uruguaio, como “Castelanazzo”. No primeiro jogo da, por enquanto, Copa das Copas, a equipe de Óscar Tabárez parecia qualquer coisa, menos o Uruguai. No grupo da morte, a derrapada diante da surpresa Costa Rica, tida como a presa fácil antes do início da competição, indicava o exorcismo definitivo do fantasma de 50. É, mas faltou – pasmem – raça. Alma.
Alma: psique ou psiquê; o âmago da personalidade; na filosofia é parte espiritual do ser humano; vida, vigor, animação. No
futebol é o pilar fundamental do time. Pode ser um jogador. Uma característica. A torcida. Até mesmo o rival.
No duelo contra a Inglaterra, que valia a vida de um dos campeões, a Alma apareceu. Logo contra o país onde ele joga. Com
vários amigos de clube do outro lado. Todos o amam e odeiam. Ao jogar do seu lado, é amor, quando precisam enfrenta-lo,
odeiam com todas suas forças.
E se a Celeste é raça, Suárez é alma. Sem ele não há vida. Cavani é a técnica e frieza, como no cruzamento para o primeiro
gol. Godín, Lugano e Arévalos são os maiores exemplos da raça. Já, Suárez, é tudo. É raça e técnica. Qualidade e suor. Frieza
da finalização e choro na entrevista pós-jogo.
Se não tememos o fantasma, é bom respeitarmos a alma, pois ela promete assombrar.