A culpa é de Kleina?
Na semana passada, no dia em que a novela Alan Kardec se encerrou, nosso colunista Renan Rodrigues escreveu um bom texto, criticando a mentalidade pequena de Paulo Nobre. O título da coluna era autoexplicativo: Apequenando um gigante.
Pois bem. Não precisou passar muito tempo para a opinião de Rodrigues se provar certeira. Para o lugar de Kardec, o Palmeiras contratou o fraquíssimo Henrique. Logo em seguida, o time tomou um sacode do Flamengo (que também não é lá essas coisas) e demitiu o técnico Gilson Kleina.
Aos poucos, portanto, o gigante Palmeiras, campeão do século XX, dá mostras de que vai passar o ano de seu centenário na seca.
E agora é fácil apontar culpados. Até porque não somos nós que administramos um time financeiramente quebrado, recém saído das trevas da Série B. Mas algumas medidas pontuais da chefia palestrina precisam, sim, ser criticadas.
Comecemos por Kardec. O São Paulo ofereceu 350 mil reais mensais pelo jogador, além de mais 4 milhões ao Benfica. Um delírio total, ainda mais em se tratando de alguém que não vem com garantia de ser titular. Isso pra não falar que a prioridade de Carlos Miguel Aidar, no atual momento, deveria ser a contratação de um zagueiro.
Mas o Palmeiras não precisava pagar isso tudo. Brunoro havia acertado um salário de 220 mil, até que Paulo Nobre rechaçou o acordo, afirmando que não pagaria mais de 200. Ou seja: prometeu e não cumpriu. Por causa de 20 mil reais por mês, o Palmeiras perdia seu melhor jogador.
Não estou dizendo que o palmeirense deva chorar por Kardec. Já disse e reafirmo: trata-se de um jogador mediano em boa fase. Acontece que a boa fase é fundamental. Sem esse cara, a torcida fica sem um ídolo, e o elenco perde sua referência. Ok, pode não ser o Evair, mas era o que tinha pra hoje.
Por isso Nobre precisa perceber que este não é qualquer ano. Precisa perceber que manter Kardec naquele momento tinha uma importância simbólica muito grande. E precisa, sobretudo, perceber que deixar o atacante “pular o muro” destruiu a autoestima palmeirense, que já não vinha muito bem.
Por isso, agora, que não me venham jogar a tragédia na conta de Kleina, que reergueu o clube com um contrato de produtividade no bolso. Já passou da hora de aprender que nem Felipão faz milagre com um elenco medíocre.
Sim: o elenco palmeirense é medíocre. No Domingo, o time tomou um golaço do Flamengo no qual o perna-de-pau Wallace carregou a bola de uma intermediária à outra, sem achar marcador que lhe oferecesse resistência. No meio-de-campo, a grande referência é Valdivia, o mago dos chinelos; o ataque depende de Leandro e Henrique e, pasmem, o grande reforço é o meia Bernardo ex-Vasco!
Me parece até que Paulo Nobre já se prepara pra encarar a segundona em 2015. Mas aí eu te pergunto: a culpa é de quem? A culpa é de Kleina?