Boteco da Champions: pesou a experiência e o “rabo” de Mourinho
Em meu texto de estreia no Futeboteco, falei sobre a falta de experiência internacional que prejudicava o bom time do Manchester City na Uefa Champions League. Para isso, usei como exemplo justamente o Chelsea, classificado às semifinais nesta terça-feira diante do Paris Sanit-Germain.
O que vimos no Stanford Bridge foi um jogo típico de uma equipe que sabe exatamente o que precisa fazer dentro de campo para avançar de fase. Os ingleses construíram sua vaga pouco a pouco. De início, minaram, aos poucos, as alternativas do adversário. Depois, contaram com a sorte, algo que jamais faltará a um time vencedor – e a cara deste Chelsea de José Mourinho, duas vezes campeão e oito vezes semifinalista; as últimas cinco, de maneira consecutiva.
Quando o belga Hazard saiu com lesão, muitos se preocuparam. Afinal, o meia é um dos mais talentosos do elenco. Mourinho, sem demonstrar desespero, rapidamente chamou o jovem alemão Andre Schürrle, ex-Bayer Leverkusen.
Minutos depois, após uma cobrança de lateral, David Luiz raspou a cabeça na bola e ela sobrou viva dentro da pequena área. O camisa 14 não vacilou e bateu no canto do goleiro, abriu a contagem e colocou os donos da casa na frente. O primeiro tempo se arrastou sem que Petr Cech precisasse trabalhar. Apenas um chute foi em direção à meta que ele defendia, mas, sem perigo, a bola se perdeu pela linha de fundo.
Durante os primeiros 45 minutos, o PSG de Lareunt Blanc pouco atacou. Parecia tranquilo, jogando apenas em função da vantagem construída em seus domínios.
Se analisarmos time por time, os franceses levam ligeira vantagem, principalmente por contarem com grandes atacantes: Edinson Cavani e Zlatan Ibrahimovic, além de ótimos coadjuvantes, como Lucas, Lavezzi, Pastore, Matuidi, entre outros.
Talvez a ausência do sueco tenha sido sentida do lado francês, que perdeu a principal referência ofensiva e, principalmente, a confiança. Afinal, ao contrário da maioria dos jogadores do Chelsea, que tem em seu currículo seguidas participações na UCL, o elenco do PSG não é tão acostumado assim com embates decisivos.
Na etapa final, todo o esquema armado pelo treinador português, de alternâncias e jogadas trabalhadas, foi pelo ralo. Mourinho sacou Oscar e Lampard, optando por povoar a área dos visitantes. Com três centroavantes (Demba Ba, Fernando Torres e Samuel Eto’o), dois pontas (Schürrle e William) e nenhum meia, foram minutos e minutos de lançamentos na área de Sirigu, na esperança de que uma hora a chance do gol salvador apareceria.
Quando o relógio marcou 42 minutos, ela apareceu.
Eto’o tentou, a defesa afastou, e a redonda sobrou para Azpilicueta. Em seguida, o lateral espanhol bateu cruzado. O zagueiro brasileiro Alex tentou cortar e a bola sobrou limpa para o senegalês Demba Ba chutar estranho, mas o suficiente para que ela entrasse no alto e estufasse as redes.
A cena mais inusitada foi o pique que, no momento do gol, José Mourinho deu para comemorar com os jogadores e aproveitar para passar instruções.
Quando a equipe parisiense reiniciou a partida, teve de tudo. A cera dos Blues foi enorme e, mesmo assim, quase não foi suficiente para selar a vaga. Em jogada linda pelo flanco direito do ataque, Marquinhos, que é zagueiro, quase fez o impossível, mas parou nas mãos de Cech, que fez excelente defesa.
Na saída do gramado, com o estádio em êxtase, Mourinho foi indagado por um repórter: “você colocou o Schürrle e ele fez o gol. Depois, colocou o Demba Ba e ele também marcou. Como explicar?”
A resposta foi simples e ao melhor estilo Mourinho de ser: “rabo”.
Assim como o City, o PSG precisa continuar disputando todos os anos a Champions League. Uma hora ou outra vai bater campeão, é natural. Foi assim com o Chelsea, que penou até chegar ao ápice em 2012. É preciso saber que nem tudo se compra. Em competições assim, acima de bom futebol, criar uma casca, uma identidade, pode pesar em momentos decisivos. Isso o PSG não teve. Algo que sobrou do outro lado.
O Chelsea chega forte nas semifinais.
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