Boteco da Champions: as vantagens de um franco atirador
Ontem, por volta das 14h30, o amigo futebotequeiro Renan Rodrigues me chamou no bate-papo do Facebook para perguntar qual jogo do dia eu iria acompanhar. O cárdapio estava bom, só com filé mignon: Manchester United x Bayern de Munique ou Barcelona x Atlético de Madrid?
Sem titubear, optei pelo duelo entre ingleses e alemães. Afinal, adoro jogos envolvendo opostos. O Bayern chegou ao confronto com todos os predicados (merecidos) de favorito. Já o United, um gigante, mas em temporada pífia, enxergava na Champions League a chance de salvar o ano e, principalmente, a pele do ameaçado treinador David Moyes.
Tinha tudo para ser um baita jogo de futebol.
E foi.
Rolou a bola em Old Trafford e, rapidamente, foi possível notar a postura tática de cada equipe. Como era de se esperar, os bávaros se apossaram da pelota e dominaram as ações. O clube inglês, por sua vez, fez o óbvio: defendeu-se.
Com raça, determinação e, sobretudo, disciplina tática, os Reds Devils não deram espaço à equipe de Guardiola, que pouco criou. As melhores chances do primeiro tempo foram do lado vermelho.
A começar pelo gol anulado de forma equivocada pelo árbitro mexicano, alegando pé alto do atacante Welbeck, substituto do artilheiro Robin van Persie. Aliás, o holandês não perderia a chance que o camisa 19 desperdiçou de maneira displicente ante o goleiro Neuer, tentando encobri-lo.
O primeiro tempo, que terminou 0 a 0, mostrou que, mesmo se defendendo dentro de casa, o United poderia surpreender. O bicho não era tão feio assim.
Começou a etapa final e, logo de cara, o gol do capitão Vidic serviu para comprovar a tese de que, em jogos assim, entre equipes em situações totalmente opostas, o favoritismo nunca é preponderante a ponto de decidir quem será o vencedor.
O Bayern sentiu o golpe, balançou e se segurou na lona, mas não caiu. Pelo contrário. Como um treinador de boxe, Guardiola agiu e voltou à luta.
Trocando um apagado Müller por Mandzukíc, os alemães recuperaram o controle da partida e, também, deram um nocaute no oponente com o tento anotado por Schweinsteiger, após bela troca de passes e ajeitada primorosa do atacante croata.
Semana que vem, na Alemanha, o Bayern joga pelo empate em 0 a 0. Por outro lado, um novo empate em 1 a 1 leva o jogo para a prorrogação. 2 a 2 classifica os ingleses.
Guardiola terá inúmeros desfalques, entre eles, Schweinsteiger, expulso. Dante retorna de lesão. Thiago Alcantâra e Javi Mantínez também estão fora.
Do lado vermelho, van Persie provavelmente não terá condições.
O que podemos tirar de lição do “primeiro tempo” de Manchester United 1 x 1 Bayern de Munique é que, às vezes, ser amplamente favorito diante de um tradicional adversário pode transformá-lo em franco atirador.
O Bayern ainda é favorito, mas este Manchester, com cara de coitadinho, pode surpreender.
Na próxima semana, nem vou pensar em que jogo assistir.
*Sempre que houver rodada do maior torneio de clubes do mundo, Felipe Oliveira escreverá neste espaço.