Neymar e Messi: o dilema de Martino
Nesta semana, após atuação razoável de Neymar no Superclássico, a imprensa espanhola passou a criticar ainda mais o camisa 11. Cruyff, ídolo holandês do Barcelona, afirmou que o problema do clube é o brasileiro. Ainda disse que o alto salário do jogador – o segundo maior do time – causa inveja aos companheiros e que, aos 21 anos, Neymar não é Deus.
Também há quem crie conspirações, ao alegar que Messi não quer perder o protagonismo. Já dizem que o “hermano” não se dá bem com Neymar. Outros falam que o brasileiro não se adaptou ao futebol catalão – o estilo do time seria o oposto do dele. Por aqui, fala-se sobre uma perseguição da mídia espanhola tentando desestabilizar nossa seleção.
Aposto em algo muito mais simples: questões táticas. Quando o dez da equipe de Felipão entra em campo pelo Barça, na companhia do dez Seleção Argentina, Tata Martino opta por deixá-lo do lado direito do campo, onde rende menos.
Prova disso é o vídeo abaixo. Nele, o único hat-trick de Neymar até aqui, diante do escocês Celtic, pela Champions League.
Perceba que, quando caiu pelo lado direito, Neymar serviu Pedro. Ao cair pela esquerda, marcou dois e, centralizado, um. Portanto, nessa partida, sem Messi, Neymar teve a liberdade dos tempos de Santos. A liberdade que tem na Seleção.
Atualmente o Barça é escalado com três homens de frente, com Messi centralizado, Neymar na direita e o Andrés Iniesta na esquerda. A primeira vez que Martino tentou essa escalação foi no duelo de ida das oitavas da Champions, contra o Manchester City. No entanto, naquela oportunidade Neymar estava voltando de lesão e ficou no banco; Alexis Sánchez fez o lado direito e Fábregas começou jogando pelo meio.
Longe de mim querer o lugar de Tata Martino, mas já que posso opinar neste espaço, mudaria aos poucos a estrutura do time. Para isso, existem duas opções: a primeira é recuar Iniesta da ponta esquerda para o meio, formando um losango neste setor com Busquets, Fabregas e Xavi. Com isso, Neymar e Messi teriam liberdade para se movimentarem na frente.
A segunda possibilidade seria manter este losango, porém recuando Messi para a função de armador no lugar de Fábregas ou Iniesta (ele é gênio e rende em qualquer posição) e deixar Neymar e Pedro ou Sánchez livres mais à frente.
Afinal, se um talento desse não vingar em um time tão estelar, também é culpa do técnico, não?
Pelo menos, quando chegou no Camp Nou, Martino disse que a responsabilidade seria toda dele caso não conseguisse fazer com que Neymar e Messi jogassem juntos…