O campeão sem taça e volta olímpica
Posted On 18 de novembro de 2012
0
688 Views
0 Na tarde deste domingo, ante o Cruzeiro, o tetracampeão Fluminense terá o direito de levantar a taça do Campeonato Brasileiro de 2012 em campo e diante de sua torcida. Sim, no futebol da CBF o que deveria ser óbvio é motivo de destaque.
Isso porque, desde 2005, o troféu original do Campeonato Brasileiro só pode ser entregue ao clube campeão durante a cerimônia do prêmio Craque do Brasileirão, que a entidade máxima do nosso futebol criou, em parceria com a Rede Globo, para ser a festa oficial da competição.
A partir de então, os clubes campeões tiveram de, em campo, onde conquistaram os louros, se virar com réplicas do troféu.
Foi assim com o próprio Fluminense há dois anos, quando o capitão Conca só pôde erguer o troféu na festa que aconteceu no Theatro Municipal, no centro do Rio de Janeiro. Vale lembrar que na vitória por placar mínimo sobre o Guarani, no Maracanã, pela última rodada do Nacional, na qual o Flu se sagrou tricampeão, o argentino e melhor jogador daquela edição teve de comemorar com um troféu de papelão, feito por um torcedor.
Não fosse a legítima insistência da diretoria tricolor em receber o troféu neste domingo, o absurdo se repetiria em 2012. E com o adendo de que, desta vez, os cariocas teriam de comemorar em São Paulo, no Auditório do Ibirapuera (!), onde os paulistas do Corinthians comemoraram em 2011.
Ainda assim, o capitão tricolor Gum não gozou do direito de levantar o troféu ou, muito menos, de puxar a volta olímpica no jogo que deu o título ao seu time, contra o Palmeiras, em Presidente Prudente. E na comemoração nas Laranjeiras, novamente, de novo, outra vez estava ela, a réplica da taça (foto).
Em 2009 foi necessário Zico e o Jogo das Estrelas, tradicional amistoso de fim de ano organizado pelo Galinho, para, no Maracanã, a nação rubro-negra conseguir ver de perto a taça do pentacampeonato brasileiro do Flamengo 21 dias depois de conquistá-la.
Os estádios paulistas já perderam as bandeiras com mastro e os sinalizadores. Os brasileiros, a cerveja. Há sete anos perdeu a volta olímpica e a entrega do troféu de campeão na principal competição do país.
Os estádios paulistas já perderam as bandeiras com mastro e os sinalizadores. Os brasileiros, a cerveja. Há sete anos perdeu a volta olímpica e a entrega do troféu de campeão na principal competição do país.
E mais maluco ainda é pensar que, mesmo com tanto tempo com o Campeonato Brasileiro nessa, sem beijo na taça de verdade, dando volta olímpica em “festa de pinguim”, para que possa ser transmitida num programa de TV, ninguém toma alguma providência.
O Fluminense tomou nesta semana. Mas nos acréscimos do segundo tempo e porque conquistou o título. Ou a cada final de temporada, o campeão nacional terá de pressionar a CBF para ter direito de comemorar como campeão?
O Fluminense tomou nesta semana. Mas nos acréscimos do segundo tempo e porque conquistou o título. Ou a cada final de temporada, o campeão nacional terá de pressionar a CBF para ter direito de comemorar como campeão?
E muito provavelmente esse conformismo todo tem relação com a realidade do Facebook, do Twitter, do Instagram, do Iphone, do Ipad e do “ai” sei lá o quê. As novas tecnologias inventadas pelo homem tornaram ele menos humano. E o futebol brasileiro tem acompanhado essa lógica.
O campeão incontestável
Erros ajudaram e prejudicaram os 20 participantes deste Brasileirão. Eles aconteceram não para favorecer um clube específico, mas porque o nível da arbitragem brasileira é baixíssimo, mesmo.
Um time que tem Deco, Thiago Neves, Wellington Nem, Rafael Sóbis, o melhor goleiro do país, o melhor centroavante, que por sinal é o artilheiro do campeonato, Abel Braga treinando todos eles, e faz 76 pontos em 35 jogos, tendo três para superar a marca do São Paulo de 2006, não pode ser ruim, pode? Por isso, inclusive, merece bater o recorde do tricolor paulista. Assim como merece vencer os três jogos que restam e superar os 72,5% de aproveitamento do Cruzeiro de 2003, outra equipe espetacular.