Análise da 33ª Rodada
Com a melhor média de público (mais de 21 mil pagantes) e faltando cinco rodadas para o seu final, o Brasileirão permanece indefinido tanto embaixo quanto em cima da tabela.
Na briga para ficar no G4, apenas o Figueira e a dupla Fla-Flu venceram. Os catarinenses, sensação do campeonato, estão a dois pontos do 4º colocado e última vítima, Botafogo. Os Tricolores, donos da melhor campanha do returno, já estão na 3ª posição. Na briga para se safar do Z4, somente Avaí e Cruzeiro não venceram. O Palmeiras, derrotado pela 4ª vez consecutiva, ainda que com “gordura” de sete pontos, se vê com chances reais de rebaixamento.
Jogos de sábado:
Bahia 4 x 3 São Paulo – Pituaçu, Salvador (BA)
Os são-paulinos, até então dominados pelo Bahia, se empolgaram com o golaço, de “duplo lençou”, marcado por Wellington. O craque Lucas, principalmente.
Visivelmente com o seu ego ferido devido às críticas que vêm sofrendo, o prodígio tricolor jogou bem, chamou a responsabilidade e tratou de desempatar a partida quando o gol de empate baiano, no início da segunda etapa, surpreendeu um time que era melhor. Além de no primeiro tempo quebrar a coluna de Fabinho com um drible desconcertante que, não fosse o apurado reflexo de Marcelo Lomba, teria terminado em gol de Luís Fabiano.
Todavia, o São Paulo voltou a pecar no sistema defensivo. Luiz Eduardo marcou contra e João Filipe, em sua pior atuação desde que chegou ao Morumbi, nem de longe se assemelhou a Beckenbauer. O garoto Rodrigo Caio, que o substituiu, entrou numa cilada e foi ainda pior. Tanto que Leão, para corrigir o erro, o trocou pelo mais experiente, porém volante de origem, Denílson. Outro improviso equivocado do treinador foi Cícero na lateral esquerda. Embora tenha feito o terceiro tento, o meia-esquerda se perdeu todas as vezes que tinha de recompor a defesa, e o seu setor só não se transformou em uma avenida porque o lateral direito do Bahia, Marcos, não soube aproveitá-lo.
O tricolor baiano, com muita vontade, um Joel iluminado e um Souza saindo da área para buscar a bola, virou o jogo emocionante e conseguiu três pontos importantíssimos para se safar do rebaixamento.
O tricolor paulista, há nove jogos sem vencer – e até ontem há quatro sem marcar um gol -, dá adeus tanto ao título como à vaga na Libertadores não por questões matemáticas, mas, sim, pelo seu retrospecto atual.
Botafogo 0 x 1 Figueirense – Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Até a noite de ontem, o Botafogo não havia perdido para ninguém jogando no Engenhão. Mas, como tem coisas que só acontecem com o time da estrela solitária, a derrota em casa veio justamente nesta reta final, em uma “partida de seis pontos”.
O Figueira, invicto há 12 jogos, faz campanha sensacional e, agora, além de vaga inédita na Libertadores, tem quem acredite, lá em Floripa, em festa completa, com título nacional e rebaixamento do arqurrival Avaí na última rodada.
O Engenhão estava cheio (25.321 presentes), mas podia estar mais. Assim como o Botafogo ter se imposto e a torcida presente ter sido justa. Caio Júnior, que faz belíssimo trabalho, não merece ser hostilizado.
Só um milagre pode dar a taça ao Fogão. No entanto, o retorno à Libertadores é título para um clube que há 15 anos não disputa a competição e durante toda a sua história só disputou oito torneios continentais.
É nisso que o torcedor botafoguense tem de pensar.
Atlético Mineiro 2 x 0 Grêmio – Arena do Jacaré, Sete Lagoas (MG)
Todos estão empolgados com a boa fase do Galo. A torcida atleticana empurra o time. O motivador Cuca aproveita o embalo. Renan Ribeiro salva gols que entrariam em outrora; enquanto André acerta aqueles que não entrariam. Daniel Carvalho joga bem. Neto Berola também. E, lá na Russia, Tardelli quer voltar.
O Atlético Mineiro não cairá e, quem sabe, pode ser o único representante do futebol mineiro na Série A em 2012. O Grêmio, sem mais o que fazer nesta temporada, já pensa na próxima. De preferência, não repetindo o apagado ano de 2011.
Jogos do domingo:
América Mineiro 2 x 1 Corinthians – Parque do Sabiá, Uberlândia (MG)
Com quase 40 mil alvinegros no Parque do Sabiá, o inimaginável, em qualquer outro campeonato, ocorreu: o líder perdeu para o lanterna. Digo “em qualquer outro campeonato” porque, neste, a lógica é de total equilíbrio e imprevisibilidade. Aliás, no primeiro turno, este confronto, com ambas as equipes nas mesmas posições, também foi disputado e o Corinthians conseguiu a vitória apenas por 2 a 1.
Os corintianos, com razão, reclamarão do pênalti inexistente marcado a favor do América. Todavia, o maior obstáculo encontrado pelo Timão foi a apatia dos seus jogadores (Liedson, Danilo, Paulinho e a contusão de Alex, cujo lugar cedeu a Emerson, que criou alguma coisa), os quais não atuaram como quem briga pela caneco. Mesmo que eles sejam os principais favoritos a levantá-lo. Tanto que, quando tropeçam, o destino conspira ao seu favor.
Santos 2 x 0 Vasco da Gama – Vila Belmiro, Santos (SP)
O Santos, completo e focado, pode jogar o melhor futebol do país. Ainda mais diante de um desfalcado Vasco. Foi o que aconteceu nesta tarde, já nos preparativos alvinegros para o Mundial Interclubes no Japão. O Vasco, com a derrota do Corinthians, teve a grande chance de retomar a ponta da tabela. Entretanto, parou no talento do segundo melhor jogador do globo, Neymar, e na pecisão do artilheiro do campeonato, agora com 23 tentos, Borges.
O destaque positivo vai para a boa atuação de Ganso, que será elementar no iminente confronto com o Barcelona.
O destaque negativo fica para o gol de Diego Souza, equivocadamente anulado e que poderia mudar a história do equilibrado embate. E, por conseguinte, do equilibrado campeonato.
Assim como a história em Uberlândia, com pênalti erroneamente apitado, também poderia ser outra e mudar o rumo da competição.
Flamengo 5 x 1 Cruzeiro – Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Quando a fase é ruim, pênalti não entra. Quando a fase é ruim, a bola bate nas costas do goleiro e entra. Quando a fase é ruim, goleiro bom entrega a paçoca. Se o Palmeiras joga feito rebaixado, seu irmão palestrino de BH não é diferente. O clássico contra o Atlético-MG, na última rodada, pode muito bem rebaixar os cruzeirenses em sua pior campanha dos últimos tempos.
O Flamengo, com mais uma ótima atuação de suas joias da base, Muralha (que entrou no lugar do apagado Maldonado) e Tomás, e o talento de Thiago Neves, goleia, soma 55 pontos volta a briga pela Libertadores e, se deixarem, pelo título. O destaque negativo vai para a imprudência absurda de Alex Silva, que merecia ser expulso, ao cometer penalidade em Montillo e, na sequência, infantilmente reclamar da marcação do árbitro.
Avaí 1 x 2 Ceará – Ressacada, Florianópolis (SC)
Com a volta do problemático Thiago Humberto e o segundo gol irregular, o Ceará ganhou o imprevisível confronto direto com o Avaí, fora de casa. Ambos possuem sequências difíceis, porém, a do Vovô é menos complicada. Sobretudo, se fazer valer o seu mando de campo. Ainda assim, não me surpreenderei se a a dupla dar as mãos e jogar a Série B no próximo ano.
Internacional 1 x 2 Fluminense – Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Rafael Sóbis, em palco que bem conhece, com o orgulho ferido viu a oportunidade de dar o troco na diretoria que o dispensou. Com um passe e um gol – que por respeito não comemorou -, conseguiu. O líder do returno Flu e o surpreendente Figueira são os times que mais crescem nesta reta final e conseguem emplacar uma sequência de vitórias. No caso do Flu, inclusive, é o que sempre lhe faltou para disputar as cabeças. Por isso, pode ser campeão.
O Inter, no máximo, abiscoita uma vaga na Libertadores. O que eu não acredito que ocorra. Mas isso é puro palpite.
Palmeiras 0 x 2 Coritiba – Pacaembu, São Paulo (SP)
Trágica a situação do Verdão, com pinta de rebaixado. Quatro pontos salvam os palestrinos e Felipão poderá, enfim, pensar em 2012. A questão – a mesma da última análise – é: conseguirá?
Atlético Paranaense 2 x 1 Atletico Goianiense – Arena da Baixada, Curitiba (PR)
Na raça, e com dois gols de Nieto, o Furacão venceu o clássico dos atléticos. O triunfo faz com que os paranaenses se igualem ao número de pontos do Cruzeiro (34) e dependam apenas de si para deixarem o Z4.