A única saída
Há algum tempo estou querendo escrever sobre o já divulgado calendário do futebol brasileiro para o ano que vem. Mas desta vez eu não vou apenas criticá-lo e dizer que os problemas que sofremos este ano serão ainda piores em 2012.
No final de julho, pudemos acompanhar as notícias sobre greves promovidas pelos próprios jogadores na Espanha e na Itália.
Na Espanha, por exemplo, cerca de 100 jogadores reivindicavam salários atrasados. Entre eles, era de se admirar a presença de Casillas, Puyol e Xabi Alonso, que se uniram simplesmente por solidariedade aos companheiros que atuam em agremiações menos favorecidas. Depois de uma rodada adiada e sete reuniões, os jogadores aceitaram as garantias da LPF (Liga Profissional de Futebol) e encerraram a greve.
Eu estou cansado de ouvir treinadores reclamando do nosso calendário e cartolas fazendo de tudo para adiar jogos. O principal prejudicado por esta estupidez da CBF é o jogador. É ele que tem que entrar em campo 250 mil vezes ao ano. É ele que enfrenta viagens de 20 horas para atuar no dia seguinte, ou até no mesmo dia. E é ele que é cobrado se o seu clube ou a sua seleção não vai bem.
Este ano, estamos acompanhando uma das maiores revoluções feitas por jogadores profissionais na história. A NBA, que é tida como uma das maiores ligas do esporte mundial, já passa de 30 rodadas adiadas pelo locaute promovido pelo sindicato dos jogadores.
Imaginem se aqui no Brasil, jogadores das duas primeiras divisões se reunissem e resolvessem parar o campeonato brasileiro visando melhorias no calendário, nos direitos trabalhistas, nos gramados. Eles são os únicos que podem mudar o panorama do nosso futebol.
O nosso país vive um momento econômico estável, mais jogadores estão voltando, menos estão saindo. Além do equilíbrio, o nosso campeonato é com toda certeza um dos mais fortes do mundo. O nosso único problema, é que não temos uma liga decente e organizada.
Aqui os clubes negociam direitos de televisão individualmente. Aqui se obtém ajuda do governo para a construção de estádios. Aqui os árbitros não são profissionalizados. Sem contar os mais variados problemas civis que enfrentamos.
O Brasil tem uma excelente chance de contornar todos estes problemas e se organizar, afinal, a Copa do Mundo está chegando. Contudo, sem o interesse daqueles que fazem o futebol existir, será impossível.