Análise da 30ª Rodada
Com apenas 22 gols e público superior aos 20 mil somente no Engenhão e no Serra Dourada – que nem de longe superaram os 60 mil tricolores que festejaram no Arrudão o acesso do Santinha à Série C -, a 30ª rodada do Brasileirão, de pênaltis inexistentes, consolidou no topo da tabela quem mais esteve nela até aqui: o Corinthians. De resto, só deu carioca, com os quatro classificados para a Libertadores, caso o campeonato terminasse hoje, oriundos da Cidade Maravilhosa. O Inter, meio despercebido, tentar mudar o sotaque de “S” carregado desse G4.
Jogos de sábado:
Figueirense 2 x 1 América Mineiro – Orlando Scarpelli, Florianópolis (SC)
O Figueira, que tem tudo para terminar numa honrosa posição e disputar a Sul-Americana de 2012, encerrou, após três jogos, a sequência de invencibilidade do lanterna América Mineiro, que retornará à Série B no próximo ano.
Ceará 0 x 1 Flamengo – Presidente Vargas, Forltaleza (CE)
Com a dupla Thiago Neves-Ronaldinho inspirada, o Flamengo se impôs contra o Ceará, fez o gol com Deivid e só ficou nisso porque, logo no início do segundo tempo, o Gaúcho, por bobeira, foi expulso e brecou sua equipe.
O Fla, se entendermos que o São Paulo está fora da briga, é o time que possui maior qualidade técnica dos concorrentes ao caneco.
O Ceará, que não possui uma equipe ruim, com muita mudança e dependendo da falta de profissionalismo de Thiago Humberto e Marcelo Nicácio, há três jogos sem vencer, têm boas chances de cair. Desesperados, Galo e Cruzeiro torcem para isso.
Jogos de domingo:
Palmeiras 1 x 2 Fluminense – Canindé, São Paulo (SP)
O Fluminense que durante todo o campeonato pecou pela falta de regularidade, com três vitórias em quatro jogos e a melhor campanha desse segundo turno, tem tudo para engrenar nessas últimas oito rodadas.
Sobretudo, por conta de Fred que, pelas duas últimas partidas, com cinco gols e sendo o dono delas, legitima as convocações que vinha recebendo sem merecer.
Já o Verdão, meio à tamanha crise, se eu fosse o Tirone – e, claro, se pudesse – propunha um acordo à CBF: não jogamos as oito últimas rodadas, mas não podemos cair, nem conquistar vaga na Sul-Americana.
O Palmeiras precisa esquecer esse ano, se reciclar e recomeçar do zero, já projetando 2012.
Para isso, sou a favor de uma faxina. E que ela comece por Felipão, Kléber e Valdívia. Sou, também, a favor de que Marcos se aposente, para o bem dele e do clube. Daqui pra frente, a norma no Palestra Itália tem de ser “sangue novo”.
Para constar: o pênalti de Martinuccio em Luan, marcado pelo árbitro Francisco Carlos Nascimento, e convertido por Valdívia, não existiu.
Santos 0 x 1 Grêmio – Vila Belmiro, Santos (SP)
O Santos puxou o freio de mão. Não tem cabeça, nem condição física, para prosseguir no Brasileirão. Só não pode, ainda, se dar ao luxo de esquecê-lo porque apenas sete pontos o separa do Z4. Contudo, o desligamento da competição é iminente, até porque quem está lá em baixo não desiste de tropeçar. Sorte do Flamengo que o enfrentará na próxima rodada. Do Vasco que o encarará daqui a três. E mais ainda, do São Paulo que o receberá na última.
Para o Grêmio, os três pontos foram valiosíssimos e as chances de vaga na Sul-Americana são grandes.
Cruzeiro 0 x 1 Corinthians – Arena do Jacaré, Sete Lagoas (MG)
Se contra o Atlético Goianiense a vitória foi de campeão, nesta tarde, ante o Cruzeiro, embora brigando pra não cair, não foi diferente. Em um jogo duríssimo, o Corinthians, com a força do seu conjunto, principal marca do time de Tite, retoma a pegada que lhe permitiu liderar dezenove das trinta rodadas jogadas até aqui. Para as oito restantes, o retorno de Liédson, caso de fato esteja recuperado da contusão no joelho – coisa que não demonstrou hoje -, é o principal reforço. Já que o Imperador, ao que tudo indica, só poderá tentar tornar a imperar em 2012.
Apesar dos meus comentários iniciais, não se pode dizer que o Timão jogou bem. No primeiro tempo, muito preso, o Cruzeiro foi melhor e criou as chances mais claras de gol. Na segunda etapa, o gol de Paulinho, logo de início, deixou o time celeste ainda mais tenso e as coisas melhoraram para os alvinegros.
O Cruzeiro, a exemplo do seu irmão palestrino e do seu rival mineiro, é uma “pilha de nervos”, e o pênalti perdido por Montillo foi apenas uma trágica ilustração disso. Além, é claro, de um ato de justiça dos deuses da bola, tendo em vista que a penalidade máxima não ocorreu e Tite foi expulso por reclamar dela.
Internacional 4 x 2 Avaí – Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
O Inter começou mal, dando muito espaço para o Avaí, especialmente pelo lado esquerdo de sua defesa e, por isso, os catarinenses terminaram a primeira etapa com vantagem mínima no marcador.
Mas o Colorado tinha D’Alessandro, o qual repetiu a bela atuação contra o Vasco, marcou dois e resolveu a parada. Teve também Oscar, que entrou bem no lugar de Andrezinho, apagado desta vez.
O Internacional permanece sem conseguir emplacar uma sequência de vitórias. No entanto, D’Alessandro, e Damião quando voltar, podem levar uma das quatro vagas da Libertadores para o Beira-Rio. São Paulo e Fluminense são seus adversários, que podem, sim, ser superados.
Botafogo 2 x 0 Atlético Paranaense – Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
A euforia de Caio Júnior após o convincente triunfo diante do Corinthians, no meio de semana, foi emblemática.
O Fogão renova seu ânimo e vai com força total para essa reta final.
É bem verdade que é sempre muito duro acreditar no time da Estrela Solitária, que vive morrendo na praia feito a Lusinha, cuja vaga na Série A de 2012 conquistou. Como tem afirmado nosso colunista Gabriel Lima, é a hora do Botafogo decidir se volta, ou não, a ser grande.
Ainda que não seja campeão, o retorno à Libertadores deve ser tido como título em General Severiano. E manter essa base, que tem o melhor meio-campo do Brasil (já que o do Santos, sem Ganso e, muitas vezes, sem Arouca, não é mais o mesmo), é a chave para alçar voos ainda maiores em 2012.
O destaque negativo vai para o pênalti inexistente de Manoel em Antônio Carlos, assinalado pelo juíz Nielson Nogueira Dias. O que não tira os méritos do Botafogo que, no conjunto da obra, foi melhor na partida.
Vasco da Gama 2 x 0 Atlético Mineiro – São Januário, Rio de Janeiro (RJ)
O Vasco, dos candidatos ao título, é o que demonstra mais vontade de ser campeão nesse campeonato reconhecido pela gentileza de quem está na frente.
O Galo, por sua vez, também se dedica ao máximo, porém, ainda assim, perde feito aquele que parece fadado ao descenso.
Se a arma do Corinthians é o conjunto, a do Vasco é a transpiração de um grupo determinado a faturar a tríplice coroa.
Coritiba 0 x 0 Bahia – Couto Pereira, Curitiba (PR)
Empate sem gols que retrata bem o que tende a ser o destino de ambas as agremiações: do meio da tabela para baixo, mas sem adentrar o Z4.
Atlético Goianiense 3 x 0 São Paulo – Serra Dourada, Goiânia (GO)
A exemplo do que ocorreu nos dois turnos da edição anterior, os tricolores paulistas cairam diante dos tricolores goianos.
Hoje, o resultado foi ainda mais trágico. Se o hepta começa a ser enxergado como utopia, a vaga na Libertadores passa a ser ameaçada: pela primeira vez no campeonato, o São Paulo está fora da zona de classificação para o torneio continental.
Por isso, Adilson Batista caiu ao final da goleada do Dragão, para delírio da torcida são-paulina que não aguentava mais o treinador.
A pergunta que fica é: E agora, alguma coisa vai mudar?
Fabuloso continua muito mal fisicamente. Lucas foi quase imperceptível nesta noite e a bola tricolor permanece não entrando. A impressionante sequência de três bolas na trave no primeiro tempo, com a segunda delas pegando nos dois paus, ilustrou com perfeição tal situação. A cobrança de falta de Rogério, que em outros tempos entraria, também.
Só para constar, embora Dagoberto já fale como ex-jogador são-paulino, o camisa 25 continua sendo o melhor jogador do time.
O Atlético, de belíssimo futebol sob o comando de Hélio dos Anjos, mostra que não é fácil vencê-lo no Serra Dourada.