Mineiros
Por poucos pontos (4, pra ser mais exato) os três times de Minas Gerais não habitam, hoje, a zona de rebaixamento do campeonato brasileiro.
O dado é dramático, com certeza. Aliás, se fossem três times de São Paulo, ou do Rio de Janeiro, a imprensa com certeza estaria mais preocupada.
Mas vamos por partes. Times são feitos de pessoas, e cada vértice do triângulo mineiro enfiou o pé na lama de maneiras diferentes.
Peguemos o América, por exemplo. O time é ruim. Ponto final. Com esses jogadores, podia ter José Mourinho como técnico e jogar em Wembley que, da mesma forma, estaria na lanterna.
Muito diferente, porém, é a situação do Atlético-MG. O Galo tem Lima, Réver, Mancini, Dudu Cearense, Pierre, Richarlyson, Daniel Carvalho, Guilherme e André. Jogadores que, é verdade, não carregam um time nas costas; mas que, juntos, formam time pra ficar, no mínimo, entre os dez primeiros.
Além disso, sou obrigado a lembrar, o Atlético já teve o melhor técnico do Brasil, segundo eu mesmo. Sim: Dorival Júnior.
E porque nada disso dá certo? O amadorismo é uma hipótese. Afinal, não é em todo lugar que o presidente do clube assiste a um jogo no banco de reservas. Ademais, não podemos esquecer que o Galo vem de uma seca de títulos relativamente longa, coisa que pesa, e muito. Vide o Palmeiras.
Ah! E não posso deixar de acrescentar: pra mim, Cuca nunca foi técnico pra tirar ninguém do rebaixamento.
E, bom, falando em Cuca, chegamos no Cruzeiro.
O Cruzeiro que, pra mim, tem o melhor jogador do campeonato: Montillo. O Cruzeiro que acertou em trazer Vágner Mancini. Duas razões pelas quais, creio eu, a Raposa não cairá esse ano. O que, claro, não quer dizer que o clube não deva ficar sempre alerta.
Essas são as diferenças entre os três clubes mineiros,. Vamos agora às semelhanças.
O América, pelo menos ao que parece, não tem um presidente daqueles. Confesso que, aí, me faltam informações. Só que não posso dizer o mesmo do Cruzeiro e Atlético Mineiro.
Perrella é um mafioso latifundiário que, aos poucos, vai trocando seu brinquedinho azul pela carreira na política, ao lado de seu amigo e patrono Aécio Neves. E Alexandre Kalil, ainda que não tenha pretensões parlamentares, nem por isso é menos demagogo. Vive de promessas e notícias sensacionalistas em seu Twitter, que dão à torcida do Galo a sensação de que tudo ainda pode dar certo.
E aí chegamos naquele ponto em que todos estão tocando: a interdição do Mineirão. É verdade: ela atrapalha e muito. Mas eu até entendo que Kalil reclame disso. Agora o presidente cruzeirense, que vive das tetas da CBF e nunca fez nada pra romper com a lógica maluca da Copa-2014 (pelo contrário) – aí não.
Se tem alguém que não pode reclamar de ter que jogar na Arena do Jacaré, esse alguém chama-se Zezé Perrella.
Quem pode (e deve) reclamar é a torcida mineira, que vê clássicos com apenas uma torcida, estaduais que são uma piada, e, agora, seus times na zona do descenso. Zona da qual, espero, o Cruzeiro sairá, nos pés de Montillo e no bom trabalho de Mancini. Zona da qual, espero, o Galo também sairá, ainda que com um pouco mais de dificuldade.
De qualquer forma, fica a dica. Na série B ou na A, muita coisa vai ter que mudar em Minas pro ano que vem. E não estou falando do Mineirão…