Cadê o torcedor?
Concordo em gênero, número e grau com o que o Barão disse em seu último post: o Campeonato Brasileiro de 2011 é um dos melhores dos últimos tempos.
Pelo conjunto da obra, pelo equilíbrio, pelos craques. Sim: craques. Montillo, Neymar, Lucas, Ronaldinho Gaúcho. O ótimo time do Corinthians. Tudo.
Claro que enquanto o Brasil for uma colônia da bola, sempre vamos lamentar o fato de um jogador X ou Y atuar na Europa. Mas fora isso, não tem como deixar nosso campeonato melhor. Pelo menos não em termos de competição.
Tirando isso, tem uma coisa que, na minha opinião, podia ficar muito melhor: a nossa média de público. Na última rodada, com a briga pela liderança a todo vapor, cada estádio tinha, em média, 10 mil torcedores. O jogo do líder Corinthians, contra o Coritiba que faz boa campanha, tinha 26 mil pagantes, sendo que o Couto Pereira suporta mais de 37 mil. A última rodada do primeiro turno, aquela que só tem clássicos graças a uma medida inteligente da CBF, teve média na casa dos 20 mil.
Ou seja: a torcida está abaixo da espectativa. Isso é consenso. O que não é consenso são as razões que provocaram esses números. E é isso que eu quero discutir.
Tenho observado papos interessantes a esse respeito e, hoje mesmo, no Bate-Bola Primeira Edição, vi o PVC debater o tema com o Mauro Cézar Pereira.
Isso porque, segundo esse último, o torcedor brasileiro não gosta de ir no estádio e deveria aprender com fãs de outros países que, supostamente, gostam mais de sair de casa. PVC, por outro lado, discordava sob o argumento de que o torcedor não tem condições de ir ao estádio.
E eu estou com o PVC nessa.
A vida do Brasileiro já é um martírio. Não há porque se martirizar no seu momento de lazer. Não se pode obrigar ninguém a ser masoquista.
Sim: ir ao estádio, em nosso país, é difícil. O ingresso é caro. A torcida do Corinthians, por exemplo, torna-se, a cada dia que passa, menos “maloqueira e sofredora” por essa razão. E não é só o ingresso que é caro. O ônibus, o estacionamento, o lanche, a cerveja – tudo. E se o preço não ajuda, os horários, então…
Ah! E também podemos pôr na conta da estatística,o estupro de alguns patrimônios culturais, casos de Maracanã e Mineirão, o que obriga clubes gigantes a jogarem em estádios inacessíveis e sem tradição. No caso de Minas Gerais, por exemplo, o clássico Cruzeiro e Atlético-MG, na 20ª Rodada, teve apenas 16 mil presentes na gloriosa Arena do Jacaré, onde, aliás, toda santa rodada o América-MG presta o desserviço de levar menos de 2 mil pessoas às bancadas, reduzindo consideravelmente a média de público dos fins de semana, enquanto o Santa Cruz leva multidões à Série D.
É isso. Flamengo, Corinthians e São Paulo, as três maiores torcidas do país, estão nas cabeças. Não tem outra explicação.
Como se muda isso? Aí é a lição que nós já sabemos de cor: melhores horários, ingressos mais baratos, não-cumprimento das exigências irracionais da FIFA, enfim… Tudo aquilo que, enquanto não acontecer, me fará dar razão a quem preferir ir ao cinema.