Futebol Barbárie
Esse fim de semana, conversava com o Barão sobre uma questão muito espinhosa: Torcidas Organizadas.
Claro que o tema dá muito pano pra manga e, como não é minha intenção dedicar um post inteiro a ele, acho que podemos usá-lo para, pelo menos, introduzir o assunto de hoje.
Eis porque: não sou contra a existência de Gaviões da Fiel, Mancha Verde e afins. Pelo contrário. Acho fundamental que existam entidades para organizar torcedores no estádio, de modo a tornar a festa mais bonita.
Claro: nem tudo é como a gente gosta. Hoje, as organizadas não servem apenas ao carnaval. Do contrário, são verdadeiras gangues, a serviço apenas da bárbarie e da demência de boa parte de seus dirigentes.
Mas pare e pense: isso é culpa de quem? Será que o simples fato de uma pessoa entrar para uma instituição, muda o comportamento dela?
Eu respondo: não. As torcidas são feitas de pessoas, logo, se as pessoas que a compõem são violentas, a torcida será violenta. Se, ao contrário, as pessoas são pacíficas, a torcida é pacífica e por aí vai. E é aí que eu quero chegar.
Porque será que, na esmagadora maioria, os membros das organizadas são violentos? Pra mim é óbvio: nossa sociedade é violenta. Porque você acha que Paulo Serdan, diretor da Mancha, é doente? Mais uma vez, óbvio: ele nasceu e se criou em um mundo doente.
E existem milhares de provas da patologia da nossa sociedade. Mas podemos até pegar uma só do mundo da bola como exemplo: um torcedor morreu esse fim de semana. E aí você pergunta: “pelas mãos de um torcedor rival”? Não! Pelas mãos de um policial. Alguém que deve zelar pela segurança da população e que, em algum momento, confundiu uma bala de borracha com uma bala de verdade.
Essa é a sociedade em que vivemos, e o nosso futebol está doente, assim como ela. Comprovei isso nesse Domingo ao ver que, diante do desmaio de Ricardo Gomes, fãs do Flamengo cantavam gritos, como se quisessem que o pior acontecesse.
O esporte tem aos poucos deixado de ser esporte. Tem, aos poucos, se transformado em um negócio altamente rentável que movimenta milhões de cifras, enquanto seus consumidores descontam suas frustrações pessoais na vontade de ver seu rival se dar mal a qualquer custo.
Felizmente, de vez em quando, um Lucas, ou um Ganso, faz um golaço como os que fizeram nesse Domingo. Mas mesmo nessas ocasiões, aparece um Caio Ribeiro pra dizer que gostou do drible de Lucas porque ele “foi objetivo”. Ou seja: driblar por prazer não pode. Senão, é “provocar o adversário” e, aí, quem se sente provocado tem o direito de partir para a violência – como Chicão, que achou bem feito Valdivia ter se machucado por usar seu drible característico.
Enfim, assim caminha a humanidade. E o futebol. Não é de se admirar que o UFC venha fazendo tanto sucesso…