Entusiasmo e temor
Algo de muito especial tem ocorrido no nosso futebol e me felicitado caudalosamente: os protestos políticos.
O que, até outro dia, era coisa de qualquer mundo que não o da bola.
Desde os últimos três meses, reivindicar é tão importante quanto torcer.
Primeiro foram os tuitaços, depois os movimentos no Rio de Janeiro e em São Paulo, para, agora, a manifestação contra Ricardo Teixeira atingir seu ápice: torcidas organizadas de todo o País se unirão a fim de pedirem a saída do mandatário boca-suja.
Quando que pensaríamos presenciar os líderes das organizadas saindo de seus universos particulares e egoístas para se aliarem aos seus “inimigos”, em prol de uma causa de toda a coletividade futebolística?
Na última rodada do primeiro turno do Brasileirão das séries A e B, poderemos nos dar ao luxo de tão maravilhosa visão.
Estou indescritivelmente entusiasmado!
A coisa começou tímida no Twitter até adentrar ao Trend Topics. Na sequência, virou protesto de rua nas duas principais cidades do Brasil e, agora, ocupará estádios nos quatro cantos dele, numa SENHORA manifestação durante os clássicos regionais da Primeira Divisão, em que a torcida de todas as organizadas será por um só time: o campeoníssimo CAI FORA RICARDO TEIXEIRA F.C.!
É realmente formidável!
A história mostra: são os movimentos sociais os possibilitadores de qualquer revolução.
No entanto, temo que a Revolução no Futebol Brasileiro pare por aí.
Tal qual temo pela escolha dum substituto que cag… um montão ainda maior que o ex-genro de João Havelange, cuja cagad.. que executou na Fifa também não foi pouca.
Pelo visto, é certo que Ricardo Teixeira goze do seu cargo no máximo até 2015, como afirmou à “piauí”.
Torcemos para que seja deposto antes.
O problema é que só a sua saída não adianta. Na prática, ela pouco trará mudanças à impregnada CBF.
Suas amizades escusas, as mesmas que permitem mais de duas décadas de poder, colocarão em seu lugar alguém tão podre quanto ele.
Evidentemente, não será mais Marcelo Campos Pinto, diretor de esportes da Globosat, por conta da recente “traição” do Jornal Nacional ao pacto Globo-CBF.
Porém, poderá ser uma figura tão dissimulada e prepotente quanto, a qual drible a opinião publica ao invés de explicitar o quão maquiavélico é.
Andrés Sánchez, mandatário do time dono da segunda maior torcida do País e cupincha de Teixeira, está na parada e o argumento do indiscutível progresso do Timão durante sua gestão, na base malufista do “a gente rouba, mas faz”, será seu principal trunfo perante à opinião pública.
A presidenta da agremiação com mais seguidores, Patrícia Amorim, também é amiguíssima de Teixeira…
São eles, presidentes dos clubes, que escolhem os presidentes das federações estaduais, os quais, por sua vez, escolhem o “dono” do futebol brasileiro.
Quando Teixeira cair, as mobilizações populares não podem, de forma alguma, acabar.
Far-se-ão ainda mais elementares, não só no sentido de pressionar o seu sucessor, como, antes disso, pressionando os presidentes dos clubes e das federações estaduais que irão elegê-lo. Ou então, sendo mais sonhador, por que não exigindo o voto popular para a escolha de quem dirigirá o nosso futebol?