O Ganso, o mar, Neymar e a terra
12 de Março de 2011. Ganso recebe o cruzamento e, com classe, mete pra dentro. 2 a 1 Santos.
O jogo em questão era contra o Botafogo de Ribeirão Preto. Pra se ter uma ideia, o técnico dos caras era o Argel. E Ganso voltava de meses sem jogar, em função da operação no joelho.
Fato é que o lance foi a senha que a mídia do oba-oba precisava para exaltar Ganso como um dos grandes gênios do futebol brasileiro.
E Ganso está longe disso. Ganso, pra mim, continua sendo uma promessa.
O que é uma promessa? Sabe aquele jogador que, mesmo que desapareça do mapa nesse exato momento, não deixará de ser lembrado? Esse cara deixou de ser uma promessa.
Ganso tem tudo para ser um cracaço, e tem toda a minha torcida nesse sentido. Mas, naturalmente, ainda vai ter altos e baixos.
Só que ninguém parece ter mais paciência. Eu entendo. A carência de ídolos é grande. A necessidade de vender notícia, igualmente. Mas tudo tem limite. Não é porque o Santos perdeu alguns jogos que vamos execrar ninguém. Tampouco, se Ganso arrebentar no próximo jogo, vai estar no patamar de Romário, Ronaldo e Pelé. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra.
Temos que entender de uma vez por todas que Ganso e Neymar ainda são muito jovens. Que, se com 30 anos já é difícil manter uma regularidade, quem dirá com menos de 23.
E, se queremos refletir sobre alguma coisa nessa ressaca santista, temos que pensar em questões mais amplas, como a assessoria dos jogadores e até que ponto a mesma está influenciando nas suas decisões. Ou então, em Muricy retranca Ramalho. Afinal, até que ponto a mudança que ele promoveu no estilo de jogo alvi-negro está prejudicando o talento individual?
Mas, sobre Neymar e Ganso, vamos ter um pouco mais de paciência. Tanto na hora de vaiá-los no estádio, quanto na hora de pedir a convocação para a Copa.
Porque o Santos vai sair dessa, e vai ser em breve. Mas eu acho o jogo contra o Barça muito importante e não acho prudente esculhambar a moral da equipe nesse momento de fragilidade.