Para o bem do futebol brasileiro
São poucos aqueles que acreditam em uma revolução do futebol brasileiro. Menos ainda, aqueles que acreditam que Neymar, Ganso, Lucas e muitos outros podem jogar, serem felizes e realizados durante toda a sua carreira sem precisar atuar no futebol europeu.
Podem me chamar de romântico ou de sonhador, mas acredito que é possível mudarmos esta visão.
Como todos nós sabemos, nossa economia vive um momento estável, sediaremos a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Além disso, temos o melhor futebol do mundo.
Sim, eu acredito nisso.
Se voltarmos alguns anos, lembraremos que antes da década de 70 não éramos meros exportadores de matéria prima. E por essas e outras, faturamos três copas em um intervalo de 12 anos.
Nossos jogadores se conheciam, eram acostumados uns com os outros. Quando não atuavam juntos, se enfrentavam toda semana.
Acontece que a partir do momento em que o esporte foi hiper-valorizado, passamos a não poder competir com as cifras europeias e ter de ceder nossos maiores talentos.
E isso já dura tanto tempo que para muitos virou cultura.
Ou seja, os jogadores brasileiros que atuam no país nunca serão valorizados como os que atuam lá fora. Eles nunca serão indicados a prêmios e nosso campeonato será ignorado pelo mundo. Ou visto apenas como “caça-talentos”.
A partir do momento em que a realidade do nosso país muda, a ponto dos clubes brasileiros poderem oferecer às nossas estrelas uma remuneração igual a que eles ganhariam em qualquer outro lugar do planeta, a exportação deles perde o sentido.
Potencial não nos falta. Temos mais clubes grandes que qualquer outro país, um campeonato equilibradíssimo. A camisa amarela é a maior e mais famosa do planeta.
O que falta no Brasil é organização, transparência e força de vontade dos dirigentes.
Será que é tão difícil?
Será que é tão difícil para os dirigentes do Botafogo conservarem o gramado do novíssimo Engenhão?
Quem assistiu a Atlético-PR x Santos, no último domingo, aposto que duvidou que a Arena da Baixada irá ser palco de partidas da Copa do Mundo. O gramado estava impressionantemente ruim.
Precisamos de um novo calendário, de bons gramados e dos nossos ídolos. Porque o resto nós já temos.
Pelé e Garrincha não precisaram ir para a Europa para serem quem são.
Pelo contrário, a Europa que precisava deles. Assim como precisa de Neymar, Ganso e Lucas.
Como são hipócritas alguns jornalistas da nova e da velha geração. Criticam os clubes pela subserviência à CBF, criticam o campeonato brasileiro pela falta de talento; ao mesmo tempo que defendem a ida de Neymar, Ganso e Lucas para o Velho Continente.
Afirmam que uma eventual saída para a Europa seria uma etapa importante em suas carreiras. Até mesmo para se julgar se estes se confirmarão ou não grandes jogadores. Me poupem!
Espero que muitos destes tenham mudado de opinião quando assistiram Santos x Flamengo.
Hoje, existe apenas um time no mundo que destoa dos outros. O Barcelona! O resto é tudo mais ou menos do mesmo nível.
Ou você desconfia que Flamengo, Corinthians, São Paulo, Santos, Vasco e outros tantos grandes do futebol brasileiro não jogariam de igual para igual com Manchester United, Real Madri, Milan, Porto e por ai vai?
A partir do momento em que tivermos uma confederação ativa, que nos proporcione uma Liga descente e organizada como um todo, poderemos ter o campeonato e o futebol mais respeitado do mundo novamente.
Neymares, Ronaldinhos, Patos e Gansos não precisarão atravessar o Atlântico em busca de reconhecimento.
Crianças que hoje estão lutando para serem jogadores, sonharão novamente em serem ídolos dos nossos grandes clubes.
Podem me chamar de romântico ou de sonhador, mas eu acredito que podemos mudar esta visão.