Análise da 3ª rodada
Três rodadas já se foram. Quer dizer, quase. Atlético-MG x São Paulo se enfrentam somente nesta quarta-feira, e um deles pode tirar a liderança do Corinthians, que alcançou sete pontos, com empate contra o Flamengo.
Com a mesma quantidade de pontos, mas em desvantagem no saldo de gols, aparece o Palmeiras, em condição idêntica a do Paulistão: sem alarde, sem tomar muitos gols e sem vencer de outra forma que não seja através da bola parada de Assunção.
Na Terra Maravilhosa, o favorito Cruzeiro perdeu para o atual campeão Flu e ainda não conseguiu vencer na competição. Em Santos, os Meninos da Vila B deram um vareio no Avaí que, após a eliminação na Copa do Brasil e a perda dos seus dois principais jogadores – Renan e Marquinhos -, terá de trabalhar muito para repetir a boa campanha de 2010.
Jogos do sábado:
Fluminense 2 x 1 Cruzeiro – Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Sem Fred, Rafael Moura encarregou-se dos gols. À propósito, desde o início do ano, o He-Man é bem mais decisivo que o selecionável de Mano. Talvez, é verdade, não tenha força suficiente para ostentar a camisa 10 que veste. Mas, sem dúvida, não pode ser reserva.
O Flu acumula seis pontos, vence um dos favoritos ao título, e, aguardando Abelão, torna a gozar de um momento positivo desde a eliminação na Taça Rio. É bom só não esquecer que continua tendo Gum e Leandro Euzébio na zaga; e Edinho e Valência na proteção dela.
Em contrapartida, o Cruzeiro (especialmente Montillo, Wallyson e Thiago Ribeiro) poderia, muito bem, relembrar o futebol apresentado no início do ano. Afinal, o trauma pós-Libertadores está mais do que obsoleto.
Palmeiras 1 x 0 Atlético Paranaense – Canindé, São Paulo (SP)
Durante a coletiva, Felipão disse não entender que o Palmeiras é refém das bolas paradas de Assunção. Como não?
Me diga ele, então, o que aconteceu ontem no Canindé.
Dúvido que ele consiga afirmar algo que fuja de “um jogo pavoroso, em que o Atlético-PR colaborou uma barbaridade para isso, e o Palmeiras usou e abusou das bolas alçadas por Assunção”.
O que, evidentemente, não é um demérito. Pelo contrário: o chute do camisa 20 é uma baita arma. Tanto que, por conta dele, o Verdão levou os três pontos na sua última tentativa – das várias que ocorreram durante a pelada -, que culminou com a cabeçada certeira do ex-Furacão, Chico.
Agora, isso, não tira o fato de que o Palmeiras é refém de tal jogada.
Claro, a dependência dela varia conforme o brilho do pessoal lá da frente: Valdívia, Kléber, Luan, Wellington Paulista…
Sem o Mago, e com nenhum dos outros três jogando bem, a dependência do talento de Assunção foi gritante.
O que, volto a dizer, é um artifício dos mais válidos. Contudo, muito pouco para quem quer terminar no G4. Quase nada para quem quer ser campeão.
É lógico, também, que Felipão não gosta de ser submisso à ela. Fosse mais qualificado o elenco, o time, decerto, jogaria um futebol mais vistoso. Só não pode o técnico negar o que qualquer leigo consegue enxergar.
A chegada de Martinuccio e Maikon Leite, culminando com a possibilidade de Valdívia apresentar um futebol semelhante ao da sua primeira passagem pelo Palestra Itália, pode alterar esse panorama.
O Atlético, por coincidência, igualmente é afetado pelo mesmo mal: a dependência da bola parada, no caso, de Paulo Baier. Porém, diferente do Palmeiras, as iminentes saídas – ao invés de chegadas – no rubro-negro, como é o caso de Guerrón, quase acertado com CSKA-RUS, torna o seu futuro bem mais complicado. Digo mais: pelo andar da carruagem, só um milagre como o do ano passado salva o Atlético-PR.
Figueirense 2 x 0 Atlético Goianiense – Orlando Scarpelli, Florianópolis (SC)
Dois fortes candidatos ao descenso se enfrentaram em Florianópolis. Na sua característica defensiva, o Figueira saiu vencedor por ter arriscado mais no segundo tempo, diante de um adversário que pouco lhe ofereceu perigo. A se destacar da partida, somente o bom atacante Héber, cujo primeiro gol anotou. Os alvinegros, a exemplo do que foi contra o São Paulo, demonstram que venderão caro a vitória, principalmente quando atuarem em seus domínios. Todavia, dificilmente conseguirá algo melhor que não cair. O Atlético Goianiense, idem.
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Jogos do domingo:
Flamengo 1 x 1 Corinthians – Engenhão, Rio de Janeiro (SP)
A tarde era de despedida de Pet. Uma pena não ter sido no Maracanã em que fez o gol mais importante da sua carreira. Mesmo assim, o Engenhão, pintado com as cores de Flamengo e Sérvia, comportou com maestria equivalente a festa do gringo.
Em campo as duas maiores torcidas do país. Ronaldinho Gaúcho de uma lado, Liedson do outro. E o jogo fez jus à tamanha grandeza.
O Corinthians, muito melhor no primeiro tempo, não merecia ir para o intervalo sem estar à frente no marcador. Tal como Petkovic não merecia dar adeus com uma derrota. Por isso, Renato, honrando a inscrição (Petkovic) que tinha às costas, se encarregou de fazer o gol cujo sérvio, depois de hoje, só poderá realizar em suas recordações. Com justíssima volta olímpica, o camisa 43 se despediu do futebol com a correção feita pelos deuses da bola, que teria sido perfeita tivesse Pet, ao invés de Renato, cobrado a falta que originou o empate rubro-negro.
Nos 45 minutos restantes, o Mengo, com Ronaldinho querendo jogo, foi melhor e por uma bola na trave não saiu vitorioso. Ainda assim, deu tempo de Felipe salvar o Fla antes Heber Roberto Lopes apitar, dando noção de que o empate, agora, era justo.
Na (irônica) estreia de Émerson, foi Willian, mais uma vez, quem se destacou. Se futebol for o critério, tanto o Sheik como o Imperador, terão de comer muito arroz e feijão para serem titulares.
Já do lado flamenguista, com um Ronaldinho inconstante e sem um centroavante, se evidenciou a falta que faz Thiago Neves.
Coritiba 5 x 1 Vasco da Gama – Couto Pereira, Curitiba (PR)
Com 20 minutos estava 3×0 para o Coxa e o inevitável vinha à memória dos vascaínos: o histórico 6×0 dos curitibanos ante o Palmeiras, na mesma Copa do Brasil em que as duas equipes que duelavam hoje, decidirão o título, no mesmo Couto Pereira, daqui há três dias.
Quando se deram conta que a finalíssima aconteceria, somente, na quarta e as equipes que disputavam aquela peleja eram as reservas, a desvantagem, no segundo tempo, já havia se ampliado em mais dois dígitos.
Élton ainda diminuiria o placar para o Vasco, já pensando em uma história diferente no embate que realmente vale alguma coisa. Maranhão, antes disso, fazia o quinto ao passo que pensava estar goleando o Vasco no jogo errado. É esperar para ver. O Cruz-maltino goza da vantagem do empate. Diga-se, totalmente reversível. Principalmente para um adversário afeito a goleadas.
Grêmio 2 x 0 Bahia – Olímpico, Porto Alegre (RS)
Em Porto Alegre, o Grêmio conseguiu sua primeira vitória no Olímpico. Júnior Viçosa, autor dos dois tentos, se credita à titularidade do ataque. Ao menos, até a estreia de Miralles. Quem estreou, aliás, foi Marquinhos. Logo menos, com a antecipação da janela de transferência de jogadores vindos da Europa, é a vez de Gilberto Silva. Encorpado, o tricolor gaúcho pode aspirar vôos mais altos neste campeonato.
Já o tricolor baiano, me preocupa. Sei que é cedo, assim como tenho ciência de que o Bahia possui um elenco mais talentoso, quando comparado aos seus rivais diretos na briga contra o rebaixamento. O problema está em ajustá-lo durante a competição. É clichê, mas vale: os pontos perdidos agora, podem fazer falta lá na frente.
Santos 3 x 1 Avaí – Vila Belmiro, Santos (SP)
Em tese, não poderia se esperar muito de um clube que, na véspera da decisão da Libertadores, com a equipe mesclada, joga a 3ª rodada de uma competição que possui 38. Com o Santástico, é diferente.
Sem Edu Dracena, Elano, Ganso e Neymar, Borges aproveitou e roubou a cena. O artilheiro das cambalhotas fez duas vezes sua pirueta e mostrou que chegou para ser titular. Aliás, com as ausências das principais estrelas, os recém-contratados aproveitaram mesmo para aparecer. Richelly, o qual jogou o Paulistão pelo Santo André, também estreou e marcou.
Para quem acredita que o Santos puxe o freio de mão caso conquiste a Libertadores, a partida contra o Avaí serve para provar o contrário.
No que diz respeito aos catarinenses, a impressão é proporcionalmente inversa. Com a eliminação na Copa do Brasil e a perda dos seus principais jogadores, o goleiro Renan e o capitão Marquinhos, Silas terá de trabalhar muito para juntar os cacos e recomeçar.
América Mineiro 2 x 4 Internacional – Morenão, Campo Grande (MS)
A decisão de time que pretende jogar a Série B em 2012, foi tomada no início da semana pelo América-MG, quando aceitou trocar seu mando de jogo para atuar em Campo Grande, onde seria evidente o predomínio da torcida do seu adversário.
Não deu outra. “Em casa”, o Inter não teve dificuldades para se impor e com pouco mais de 20 minutos já estava 3×0, com direito a dois gols de Oscar, o melhor em campo. No segundo tempo, sem saber explorar os contra-ataques, os gaúchos tomaram pressão dos mineiros, que fizeram dois mas, ainda assim, não conseguiram sequer empatar o duelo.
Com a vitória, Falcão tem mais tranquilidade para trabalhar e transformar este potencial candidato à taça, em uma equipe que efetivamente brigue por ela. Mauro Fernades, por sua vez, como já se esperava, lutará, junto com os seus comandados, por algo que dificilmente conseguirá: permanecer na Primeira Divisão.
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(Atualizado na quinta-feira, 9) Jogo transferido para quarta-feira (8):
Atlético Mineiro 0 x 1 São Paulo – Arena do Jacaré, Sete Lagoas (MG)