Guia do Brasileirão 2011 – Parte 2
Já com uma rodada de campeonato, é possível notar a lógica que tem contemplado as duas últimas edições de Brasileirões: o equilíbrio.
Cruzeiro
Estádio: Arena do Jacaré (Joaquim Henrique Nogueira)
Mascote: Raposa
Títulos brasileiros: 2 (Taça Brasil, em 1966; e Brasileirão, em 2003)
Presidente: Zezé Perrella (mandato até 12/2011)
Técnico: Cuca
Destaque: Montillo
Quem chegou: Vitor (LD, Emprestado ao Sport, pertencia ao Palmeiras) e Bruninho (M, Bahia de Feira de Sanatana)
Quem saiu: Edcarlos (Z, Cruz Azul-MEX), Fabrício Carioca (Z, Atlético-PR), Wellington Paulista (A, Palmeiras), Pedro Ken (M), Ernesto Farías ([ARG] A) e Reis (A)
Mascote: Figueira
Títulos brasileiros: 0
Presidente: Nestor Lodetti (mandato até 12/2014)
Técnico: Jorginho
Destaque: Reinaldo
Quem chegou: Joílson (LD) e Leandro Chaves (M) do Boavista, Eduardo (G, Resende), Jônatas (V, estava parado há mais de um ano, seu último clube foi o Espanyol-ESP), Aloísio Chulapa (A, Chapecoense) e Rhayner (A, Grêmio Barueri)
Quem saiu: Willian Rocha (V, América-MG)
Títulos brasileiros: 6 (Brasileirão, em 1980, 1982, 1983, 1987, 1992 e 2009)
Presidente: Patrícia Amorim (mandato até 12/2013)
Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Destaques: Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves
Quem chegou: Júnior César (LE, São Paulo)
Quem saiu: Marcelo Lomba (G, Bahia)
Embora os estaduais não sejam parâmetro para nada, o Flamengo, campeão carioca invicto, tanto na Taça Guanabara como na Rio, é um dos favoritos a levar o Brasileiro, junto com Santos e Cruzeiro. Pelos nomes que o rubro-negro possui, não seria louco de dizer o contrário: Léo Moura, Ronaldo Angelim, Maldonado (machucado), Willians, Renato, Botinelli, Ronaldinho Gaúcho, Thiago Neves, Deivid, todos sob a tutela do pentacampeão Brasileiro,Vanderley Luxemburgo.
Aliás, esse time é melhor que o campeão de 2009. Ao menos, tem mais potencial para ser. Claro, não tem um Adriano lá na frente. Mas o trio Botinelli, Ronaldinho e Thiago Neves compensa, até mesmo, a dobradinha que o Imperador fez com Pet naquele ano. Compensaria mais se o trio fosse um quarteto, e Deivid convertesse, ao menos, metade dos gols que fez vestindo a camisa de Corinthians, Cruzeiro e Santos, sob o comando do próprio Luxa.
À propósito, junto da quatro e seis, a camisa nove permanece sem dono absoluto. O Flamengo tentou Vágner Love, e os russos só aceitaram conversar no meio do ano. Para a zaga, a repatriação de Juan, da Roma-ITA, seria a solução. Na lateral esquerda, Júnior César, ex-tricolores carioca e paulista, chega para resolver.
Consolidando as duas possibilidades anteriores de contratação, e com Ronaldinho mais próximo daquele do Barça, poderei, com ainda mais convicção, dizer: o Flamengo, juntamente com Santos e Cruzeiro, é favorito ao título.
Fluminense
Mascote: O Urubu
Títulos brasileiros: 3 (Taça de Prata, em 1970; Brasileirão, em 1984 e 2010)
Presidente: Pieter Siemsen (mandato até 12/2013)
Técnico: Enderson Moreira (Abel Braga chegará do Al Jazira do EAU, em junho)
Destaques: Conca
Quem chegou: Abel Braga (T, Al Jazira-EAU), Rodrigo (V, Madureira) e Ciro (A, Sport)
Time Base (4-4-2): Ricardo Berna, Mariano, Gum, Leandro Euzébio e Carlinhos (Júlio César); Diguinho, Valência (Diogo), Marquinho (Deco) e Conca; Rafael Moura (Ciro e Araújo) e Fred
Abel Braga, o salvador da pátria. Nele, são depositadas – consciente e inconscientemente – as esperanças tricolores para este ano. Isso porque, o atual campeão brasileiro, muito bem reforçado nesta temporada, de uma hora pra outra perdeu o rumo: Conca parou de jogar. Sem nunca ter jogado, Deco permaneceu no marasmo. Com Fred machucado, o He-Man passou a ser o herói tricolor. Com nojo de rato, Muricy Ramalho saiu reclamando da falta de infraestrutura do clube e, Émerson, por sua vez, cantando o “Bonde do Mengo”. Tudo isso, culminando com uma eliminação precoce na Libertadores.
Como se pode notar, não é à toa a ânsia do presidente Siemsen pela chegada de Abelão, na tentativa desesperada de que alguém modifique essa situação calamitosa. Tal qual não é à toa a constatação de que, por ora, dificilmente o Fluminense conquistará o bi.
Claro, se tratando do Flu, mestre na arte de trabalhar com o imponderável, nunca se pode descartar uma chance, por menor que ela seja. Porém, para levar este Brasileirão, necessitará de mais que apenas guerreiros: um clima tão bom quanto o do ano passado.
Grêmio
Estádio: Olímpico (Estádio Olímpico Monumental)
Mascote: Mosqueteiro
Títulos brasileiros: 2 (Brasileirão, em 1981 e 1996)
Presidente: Paulo Odone (mandato até 12/2012)
Técnico: Renato Gaúcho
Destaques: Douglas
Quem chegou: Ezequiel Miralles ([ARG] A, Colo Colo-CHI) e Gilberto Silva (V, Panathinaikos-GRE)
Time Base (4-4-2): Vitor, Gabriel (Mário Fernandes), Rafael Marques, Rodolfo (Neuton) e Gilson (Neuton ou Bruno Colaço); Adilson Warken (Fernando ou Gilberto Silva), Fábio Rochemback, Douglas e Lúcio (Escudero ou Vinícius Pacheco); Leandro e Miralles (André Lima)
Ano passado, existia uma possibilidade concreta do Grêmio cair para a Série B. Foi assim até o começo do segundo turno. Aí chegou Renato Gaúcho, e o time disparou. Da zona do descenso, o Tricolor saltou para a quarta colocação, e terminou o ano em estado de graça – e o que é melhor: na Libertadores. O grande erro, porém, foi achar que aquele time não precisava de reforços. Damián Escudero, grande contratação do clube para a temporada, mal estreou, em função de problemas físicos. Resultado: o Imortal Tricolor morreu, de maneira melancólica, diante da Universidad Católica e, dias depois, perdeu o Gauchão para o maior rival, na disputa de pênaltis. Por tudo isso, hoje, “decepção” talvez seja a melhor palavra para descrever o sentimento da torcida gremista. Mas, para reverter esse quadro, Paulo Odone foi ao Chile, para buscar, no Colo-Colo, o ótimo atacante Ezequiel Miralles. É ele a esperança de gols de Renato Gaúcho, que ainda considera Diego e Júlio Viçosa muito novos. A grande questão, porém, talvez seja municiar o atacante, já que toda a criatividade da equipe passa pelos pés de Douglas, que já não é mais nenhum menino. Além disso, a defesa da equipe continua sofrendo de falta de experiência – e excesso de violência. Trabalho dobrado, portanto, para o bom goleiro Víctor, que segue sendo um dos destaques do grupo.
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Títulos brasileiros: 3 (Brasileirão, em 1975, 1976 e 1979)
Presidente: Giovanni Luigi (mandato até 12/2012)
Técnico: Paulo Roberto Falcão
Destaque: Andréas D’Alessandro
Quem chegou: Gilberto (A, Santa Cruz) e Siloé (A, Horizonte)
Quem saiu: —
A excessão de Bolatti, o Inter continua sendo o mesmo time que ganhou a Libertadores de 2010. Só tem um porém: continua sendo, também, o time que perdeu para o Mazembe do Congo, no Mundial do mesmo ano. Essa é a questão. O grupo é bom e têm ótimos nomes em quase todas as posições. Só que na hora de decidir, se complica. Foi assim, por exemplo, diante do Peñarol, na Libertadores desse ano, quando o Colorado tomou dois gols-relâmpago e viu a classificação escapar pelos dedos, em pleno Beira-Rio. E é aí que entra Falcão, maior ídolo da história do clube. Hoje treinador, é dele a responsabilidade de dar um fim à vocação pipoqueira de D’ Alessandro e cia. Nesse sentido, o campeonato Gaúcho, conquistado de maneira épica na casa do maior rival, já é um bom sinal. Resta esperar pela volta de Rafael Sóbis às redes, e pela transformação de Oscar e Damião de “promessas” em “realidade”. Só assim, o Inter poderá voltar a sonhar em ser a “glória do desporto nacional”. Afinal, em terras verde-amarelas, já fazem 32 anos que o clube é, exclusivamente, internacional, como diria seu nome.
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Estádio: Pacaembu (Paulo Machado de Carvalho)
Mascote: O Periquito
Títulos brasileiros: 8 (Taça Brasil, em 1960 e 1967, Taça de Prata/Robertão, em 1967 e 1969; e Brasileirão, em 1972, 1973, 1993 e 1994)
Presidente: Arnaldo Tirone (mandato até 12/2013)
Técnico: Luís Felipe Scolari (popular ‘Felipão’)
Destaques: Kléber e Valdívia
Quem chegou: Wellington Paulista (A, Cruzeiro), Maikon Leite (A, Santos, chega no final de junho) e Paulo Henrique (LD, Paraná)
Quem saiu: Danilo (Z), já negociado com a Udinese da Itália, deixará o Palmeiras no segundo semestre
Time Base (4-4-2 ou 4-2-3-1): Marcos (Deola), Cicinho, Thiago Heleno, Danilo (Leandro Amaro) e Gabriel Silva (Rivaldo); Márcio Araújo, Marcos Assunção, Tinga (Patrik ou Luan) e Valdívia; Kléber e Wellington Paulista (Luan ou Maikon Leite)
Entra ano e sai ano, o Palmeiras continua sendo motivo de chacota por parte dos rivais. Os motivos são, em primeiro lugar, a longa fila sem títulos de expressão, e, em segundo, algumas eliminações vexatórias, como as da Sul-americana e da Copa do Brasil, respectivamente diante de Goiás e Coritiba sendo, essa última, resultado de um acachapante 6 a 0. É por isso que, com a confiança pra lá de abalada e com os nervos à flor da pele, é difícil apostar no alvi-verde. Frequentemente sujeito a turbulências, o clube sempre dá um jeito de mergulhar numa crise doida, dispararando a metralhadora de críticas do ídolo Marcos. Felipão, que adora atacar todo mundo pela imprensa, também colabora nesse sentido. Além do mais, como se não bastasse, dentro de campo o time é limitadíssimo, sofrendo de uma incurável dependência da bola parada de Marcos Assunção. Valdívia, com problemas físicos, também não ajuda muito e o gladiador Kléber, isolado no ataque, acaba servindo mais para cavar faltas. E para mudar esse quadro, pelo menos dentro das quatro linhas, as esperanças recaem muito sobre Wellington e Maikon, bons atacantes, apesar de dispensados de seus ex-clubes. Enfim, não deve disputar o título, mas nem é essa a pretensão. Abiscoitar uma vaga na Libertadores já tá mais do que de bom tamanho. Mas, mesmo assim, vai ser difícil. Haja gol de falta!
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Santos
Estádio: Vila Belmiro (Urbano Caldeira)
Mascote: A Baleia
Títulos brasileiros: 8 (Taça Brasil, em 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965, Taça de Prata/Robertão, em 1968; e Brasileirão, em 2002 e 2004)
Presidente: Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro (popular ‘LAOR’)
Técnico: Muricy Ramalho
Destaque: Neymar
Quem chegou: Borges (A, Grêmio)
Quem saiu: Maikon Leite (A), no final de junho, irá para o Palmeiras; Zé Love (A), no mesmo período, irá para o Genoa-ITA; e Keirrison (A) não terá seu contrato renovado
Time Base (4-4-2): Rafael, Jonathan, Edu Dracena, Durval e Léo; Arouca, Danilo (Charles), Paulo Henrique Ganso (Alan Patrick) e Elano; Neymar e Zé Eduardo (Borges)
É o time da moda. É o time de Ganso e de Neymar. Mas tem mais: é o time de Elano, de Danilo, de Arouca, de Jonathan. É, sem dúvida, um dos melhores elencos do Brasil. E, agora, se faltava técnico, não falta mais. Muricy chegou e parece, aos poucos, resolver os calcanhares de Aquiles do Peixe, como a zaga e a exposição ao contra-ataque. Tenho por mim que, se ninguém sair, é franco-favorito ao título. Mas reitero: se ninguém sair. E aí talvez esteja um problema: Zé Love já tá negociado, e Ganso está louco para ser também. Caberá ao técnico e à diretoria, evitar confusões nesse sentido. Contudo, principalmente em se tratando de pontos corridos, a retranca muriciana, somada ao talento dos meninos da Vila, pode e deve dar samba. Só acrescento: o resultado da Libertadores pode ser crucial quanto ao resto do ano. Uma vitória deve fazer a equipe se concentrar no mundial. Uma derrota pode tornar o Brasileirão uma prioridade. Por isso, é prudente esperar um pouco. No mais, é um timaço, ao que acrescento sem medo: o melhor do Brasil.
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Estádio: Morumbi (Cícero Pompeu de Toledo)
Mascote: O Santo Paulo
Títulos brasileiros: 6 (Brasileirão, em 1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008)
Presidente: Juvenal Juvêncio (mandato até 4/2013)
Técnico: Paulo César Carpegiani
Destaques: Rogério Ceni e Luís Fabiano
Quem chegou: Luís Fabiano (A, Sevilla-ESP)
Quem saiu: Cléber Santana (V, Atlético-PR), Júnior César (LE, Flamengo), Thiago Carleto (LE, América-MG), Miranda (Z, negociado com o Atlético de Madri-ESP, deixa o Tricolor no segundo semestre), Fernandão (A, sem clube)
Após o tri com Muricy, parece que o sonho acabou. Desde a saída do técnico, Juvenal e cia não acerteram um. Já foram degolados Ricardo Gomes e Sérgio Baresi. O próximo candidato é Carpegiani, que só ainda não saiu por falta de opção melhor. E isso é só a ponta do iceberg. A outrota aclamada “estrutura diferenciada” do clube também já caiu por terra. Hoje, nem o referenciado departamento médico funciona, uma vez que não dá conta da contusão de Luís Fabiano, que chegou com festa e ainda não estreou. Além do mais, Alex Silva não joga bem sem contrato, e Miranda não joga bem com a cabeça na Europa. Claro: não descarto a possibilidade do Fabuloso desandar a meter gol e levar o time ao título, como não descarto que Lucas passe de “promessa” a “craque”. O problema é que, sem um técnico respeitado e com Rivaldo se escalando, vai ser difícil. O mais provável é uma campanha de altos e baixos. Muito pouco para quem já foi “Soberano”.
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Vasco da Gama
Títulos brasileiros: 4 (Brasileirão, em 1974, 1989, 1997 e 2000 [Copa João Havelange])
Presidente: Roberto Dinamite (mandato até 12/2011)
Técnico: Ricardo Gomes
Destaques: Diego Souza e Juninho Pernambucano
Quem chegou: Juninho Pernambucano (M, Al Gharafa-QAT)
Quem saiu: Renato Augusto (M, Atlético-GO)
Time Base (4-4-2): Fernando Prass, Fágner, Ânderson Martins, Dedé e Ramón; Eduardo Costa (Rômulo), Bernardo (Juninho Pernambucano), Diego Souza e Felipe; Éder Luís e Alecsandro
Após um início de ano desastroso, parece que o time de São Januário finalmente se ajeitou. Para salvar o time que perdeu as quatro primeiras partidas do estadual, chegaram muitos reforços, de várias partes do país. A maior contratação, porém, veio de longe, mais especificamente do Qatar. Sim: Juninho Pernambucano, um dos maiores ídolos do clube nos últimos anos, vai, novamente, vestir a 8. Se ele aguenta? Com 38 anos, é difícil dizer. Todavia, mesmo só entrando no segundo tempo, o craque pode ser muito útil, já que outros meias mais jovens, como Diego Souza e Bernardo, podem correr os 90 minutos. Além disso, Felipe (aquele mesmo) tem dado indícios de querer ser um pouquinho do que prometia ser (e nunca foi). O problema vai ser escalar toda essa gente e evitar a revolta de quem ficar no banco. Problema à vista pra Ricardo Gomes, que não teve pulso pra aguentar outros abacaxis do gênero.
Melhor jogador: Montillo (Cruzeiro)
Artilheiro: Liédson (Corinthians)
Revelação: Leandro Damião (Inter)
Melhor técnico: Falcão (Inter)
Libertadores (nessa ordem): Cruzeiro, Inter, Santos, Flamengo
Rebaixados (começando pelo último): Atlético Goianiense, América Mineiro, Atlético Paranaense, Figueirense
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