O maior da História; para sempre?
“Messi será o maior de todos os tempos”, afirmou o presidente da AFA (Associação de Futebol da Argentina), Julio Grondona, em entrevista ao Lance!net, no início da semana.
Claro, vindo dum alguém tão apaixonado pelo futebol de seu país, é provável que recebamos esse tipo de declaração com boa dose de descrédito.
Isso porque existe uma condição imposta no futebol que impede o surgimento dum alguém que seja intitulado dessa forma.
E pensemos…
Por que não?
É evidente que se trata de um tema pra lá de polêmico. Não há – salve raríssimas exceções, como Grondona – quem tenha a pachorra de se quer cogitar a possibilidade de um dia, quem sabe, presenciar o maior da história.
Quem viu, viu. Quem não viu…
E quem não viu?!!?
Poderá um dia, com a graça dos deuses da bola, ver, não?
Absolutamente longe de mim questionar o Rei que fora Pelé.
Se Neymar é o jogador de outro jogo, ainda que existam os poucos que joguem com ele, o maior camisa dez da história jogava o seu jogo sozinho, pois não existia outrem capaz de fazer o mesmo. Ou seja, era de outro planeta. Incomparável.
Dessa forma, questiono, sim, a impossibilidade que abruptamente se instala no discurso daquele, cujo sacrilégio comete ao pensar que possa nascer um ser que se compare ao maior da história.
E aí volto ao início.
Por que esse ser não pode, por ventura, se chamar Lionel Messi?
Tudo bem, no futebol atual é quase impossível se equiparar aos 1.082 gols de Pelé.
Com o calendário que se tem, ganhar o número de títulos que ganhou e ser artilheiro de um mesmo torneio sete vezes, a exemplo do que fez no Paulistão, onde em 58, converteu o número do ano em tentos.
Mas Messi possui apenas 23 anos, é o maior artilheiro da história do futebol espanhol, além de bi-campeão e triartilheiro da Champions, está indo para o seu tri-campeonato de melhor do mundo. A julgar pelo seu “work-a-holic”, a tendência é que, a cada ano, tal currículo se amplie com a superação dos seus próprios recordes.
Faltaria, somente, jogar bem uma Copa para não terminar feito Puskás.
Aliás, não apenas jogá-la: ser o melhor dela. Levar a taça do mundo à Buenos Aires.
Mesmo assim, é verdade, será difícil a missão de destronar o Rei.
Todavia, não por isso – principalmente se tratando de esporte – devemos permanecer vivendo no outono, relegando à utopia um papel de coadjuvante.
Na Bíblia, Jesus afirma que ninguém é insubstituível.
Armando Nogueira, por sua vez, ao lado dele, dirá: “Pelé era o melhor muito antes de ser e continua sendo mesmo depois de ter sido”.
Ainda que o Mestre tenha razão, temos de acreditar no contrário.
Pelo bem do futebol lúdico na contemporaneidade.
*Em tempo: A imagem acima, do Dedoc da Abril e publicada por Placar, tem autoria de Manoel Mota.