Muito trabalho pela frente
Vai começar o Campeonato Paulista. Sim: o que tivemos até agora, assim como em todos os outros estados, não passou de uma pré-temporada.
Saldo da brincadeira: alguns técnicos decapitados, quatro grandes classificados (como não poderia deixar de ser), dois ou três bons times no interior e a Lusa classificada sem querer.
Média de público? 4.957 testemunhas, por partida.
Isso mesmo: a elite do futebol paulista levou, em 2011, por jogo, menos de 5.000 pessoas ao estádio.
O mais interessante, porém, é pensar como vai ficar essa média em 2012, sem a terceira torcida do campeonato.
Calma: não me refiro, aqui, a nenhum clube dito “grande”. Me refiro ao São Bernardo Futebol Clube – time cujos torcedores bateram, em presença nas bancadas, as torcidas de Santos e Palmeiras.
Esse mesmo São Bernardo, ontem, caiu para a série A-2 do estado, derrubado por um gol do atacante Ananias, da Portuguesa.
Esse mesmo São Bernardo tirou quase 12.000 torcedores de casa, no clássico do ABC contra o Santo André. Clássico este, que só vai acontecer ano que vem porque o Ramalhão também caiu.
Esse mesmo São Bernardo, aliás, é um exemplo de administração. A começar pela prefeitura da cidade, gerida por Luiz Marinho, representante do que ainda há de “trabalhador” no Partido dos Trabalhadores.
E tudo isso foi por água a baixo, ontem. Agora, teremos que aturar, na primeira divisão, o São Caetano com média de 1.230 torcedores por jogo.
Assim não dá. Com todo o respeito que a cidade de São Caetano merece, não faz sentido que times sem torcida (pra não falar em empresas como o Grêmio Intinerante) tenham vagas que poderiam pertencer a Guarani, Comercial, Noroeste ou o próprio São Bernardo.
Faço minhas as palavras do Barão: ou os estaduais mudam, ou acabam.
Um dos argumentos a favor dos mesmos não é a de que, sem eles, os times do interior vão falir? Pois bem: crie-se uma fórmula que privilegie, de fato, os clubes pequenos. Caso contrário, a tendência é um campeonato com 16 times-empresa e 4 grandes jogando pra ninguém.
Enquanto isso, os torcedores do São Bernardo terão muito trabalho pela frente. Mas paciência. Não é a toa que o nome de seu estádio é 1º de Maio.