Futebol Esquizofrênico
Peço licença a Tostão, pois foi de uma coluna dele que tirei o título desse post.
Aliás, não me lembro bem se a coluna tinha esse nome mas, se não tinha, falava disso no texto: o futebol brasileiro é esquizofrênico.
Em outras palavras, a realidade dos nossos clubes é uma, e o que todo mundo pensa é outra. É tudo uma maluquice só.
E não falo aqui da desconexão entre as cifras milionários do mundo da bola e a realidade do salário mínimo do trabalhador brasileiro.
Isso também é uma loucura, mas é tema pra outro post.
O ponto é: você acha certo, caro leitor, o São Paulo pagar a contratação de um atleta de 30 anos com a venda de um jovem de 19 para o Chelsea?
Não estou julgando o carinho do torcedor São-Paulino por Luís Fabiano, tampouco a qualidade técnica do jovem Lucas Piazon, despachado para Londres.
Estou falando de uma coisa chamada “princípio”.
Talvez Piazon seja só mais um Lulinha. Talvez o Fabuloso faça o gol da final da Libertadores, em cima do Corinthians.
A questão é: estamos, a preço de ouro, repatriando atletas no ocaso de suas carreiras, ao mesmo tempo em que perdemos jóias não-lapidadas para a Europa.
Exemplo: o Vasco acabou de contratar Juninho.
É bom jogador? É ídolo? Sem dúvida.
Mas tem 36 anos e jogava no Al-Gharafa.
Enquanto isso, Philippe Coutinho, que tinha 17 e prometia, já tá na Inter de Milão faz tempo.
Outro exemplo: o Fluminense, da Unimed, contratou Belletti e Deco por uma bolada. Sabe onde está, a essa altura, o jovem atacante Wellington Silva? No Arsenal.
E tem o Corinthians, de Ronaldo, Roberto Carlos e Adriano. Corinthians que já teve Jucilei e Elias .
Isso pra ficar só no que a vista alcança.
Pense em Messi. Até explodir no Barça, ninguém sabia quem ele era.
Hoje, o atual melhor do mundo pode até voltar pra Argentina. Só não mudará o fato de que, quem viu seu auge, foram os Espanhóis.
Por isso temos que rever nossos conceitos. Pensar se o que queremos são apresentações pirotécnicas de ex-ídolos, ou o bem real do nosso esporte.
A sociedade do espetáculo, é claro, fica com a primeira opção. Mas eu não. E alerto enquanto é cedo.
Corremos o risco de virar celeiro e asilo, ao mesmo tempo. Corremos o risco de revelar, dar para o outro usar e receber de volta, já gasto, uns 10 anos depois.
Lembremos desse risco, enquanto Neymar e Ganso ainda não saíram…