Lutar até o fim
Aos 41 do segundo tempo, Deco decretou: o Fluminense está vivo na Taça Libertadores da América.
Isso, porém, não quer dizer que o Tricolor terá vida fácil pela frente. Longe disso.
Encarar o Argentino Juniors em Buenos Aires, assim como o Nacional em Montevideo, vai ser jogo duro. Mais duro ainda se lembrarmos que, no Engenhão, os cariocas não conseguiram vencer nenhum dos dois.
Mas o momento agora é outro. “Lutar até o fim” é a palavra de ordem nas Laranjeiras.
Tudo bem, isso é ótimo, apesar de eu achar que “não desistir” não é mais do que obrigação. Só não vamos esquecer do que aconteceu antes, para que os erros não se repitam.
Por exemplo: uma peça chave da vitória do Flu contra o América chama-se Araújo.
Se você tem boa memória, há de se lembrar que estou falando do mesmo Araújo que Muricy se recusava a escalar, alegando má forma por parte do atacante. Na cabeça do técnico, Rafael Moura era muito melhor.
Tudo bem, o cara também não tinha Fred nem Deco, ambos recém saídos do departamento médico. Mas isso não é desculpa, já que o Flu ganhou o Brasileirão praticamente sem nenhum dos dois.
E muita calma nessa hora: nada descarta a contratação de um técnico de verdade (Abel é uma boa), bem como um goleiro mais seguro do que Berna. Isso é um trabalho para a Unimed.
O que não tem nada a ver com a empresa, é a reforma das Laranjeiras. Essa cabe à amadoríssima diretoria do Flu, que hage como se dirigisse o Íbis.
Enfim, só faltou eu dizer dizer que Muricy foi anti-ético ao abandonar o barco e começar a flertar com o Santos. Ou que é muito fácil criticar a estrutura de um clube, enquanto se ganha 700 mil por mês.
Difícil é um técnico lutar para mudar a estrutura de um clube, como fez o próprio Muricy, no Náutico, antes de se tornar retranqueiro e mascarado.
Fato é que o Flu tem um ano pra salvar, em seus dois próximos jogos pela Libertadores.
A tarefa é árdua, e os pontos são poucos. Mas como diria Nélson Rodrigues: “digam-me todos os fatos que o Fluminense não é o melhor time do mundo. Eu lhes digo tão somente: azar dos fatos”.