Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa
Inicio este post salientando que, embora entendedor da justiça ofertada pelos pontos corridos, sou um inconsolável viúvo das emocionantes finais de Brasileirão.
Até porque, futebol, de fato, não nasceu para ser justo.
A graça está exatamente na possibilidade de ganhar mesmo jogando pior, e vice-versa. E são as finais do mata-mata que oferecem isso.
Tudo bem. Nas duas últimas edições de nacionais, os pontos corridos têm demonstrado seu potencial de surpresa, com decisão de título nos instantes derradeiros, digna das mais espetaculares finais.
No entanto, não será sempre dessa forma.
Haverá a edição em que teremos um Cruzeiro de 2003 ou um São Paulo de 2006.
Pode, aliás, ser a desse ano. E não é por isso que prefiro o mata-mata.
O método dos pontos corridos é sucesso indiscutível. Nos últimos dois anos, emocionante.
Tal como a troca de fórmula de disputa não possuí a mínima relação com a solução para as ‘entregadas’ que andaram acontecendo, nos mesmos últimos dois anos.
“Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa” – já diria o poeta (ou Milton Neves).
Quem entrega na última rodada para que seu rival não seja campeão, também entrega na mesma última rodada para que ele não fique no G8.
Quem prefere o mata-mata, não necessariamente desgosta dos pontos corridos.
Só prefere garantir a tal da emoção por meio das finais e finalíssimas.
Simples assim.
E da mesma forma se dá a minha leitura sobre a decisão tomada pela CBF, nesta tarde.
Humano como os demais comentaristas de futebol, não consigo enxergar solução melhor para impedir as ‘entregadas’ no Brasileiro, do que colocando uma penca de clássicos na ultima rodada.
E não é isso que me impede de entender que tal decisão é demagoga.
Não é isso que me impede de ponderar quanto à segurança dos torcedores paulistas e cariocas, na fatídica última rodada.
Sobretudo, não é isso que me impossibilita de, com Valdomiro Neto, ser ‘desumano’ (no melhor dos sentidos). De atestar a falência da humanidade e entender que, com essa medida, a CBF coloca Deola e o marmelo no mesmo embrulho.