Muricy vai ao teatro
Há oito décadas atrás, a mídia esportiva do Brasil era dominada por jornalistas sem nenhuma criatividade. Ler uma manchete sobre o seu time era uma tarefa tão inglória quanto ler uma bula de remédio.
Foi então que, em meados de 1930, o grande Mário Filho, o mesmo que hoje dá nome ao Maracanã, estampou uma bomba na capa do Globo: “Hoje é dia de Fla-Flu!”.
Nascia o maior clássico do futebol brasileiro. Só que parece que poucos aprenderam com Mário Filho.
Hoje, assistir a um Flamengo e Fluminense significa ouvir um punhado de doutores da bola, transformando qualquer toque que Ronaldinho dá em coisa de outro mundo.
Mas falar disso não é a idéia desse post, como você já deve ter percebido pela imagem que o ilustra.
Pois bem: Muricy caiu fora. E se você acompanha o que eu escrevo aqui no blog, já deve estar esperando algumas chibatadas.
Vamos a elas: o cara é retranqueiro e não sabe lidar com jovens revelações.
Além disso, passou a vida toda no São Paulo reclamando da falta de um meia e, quando teve o melhor do Brasil na mão, ficou muito aquém do que se esperava na Libertadores.
Tudo bem: Conca acabou de se recuperar de contusão, Fred vive contundido e Émerson Sheik já deixou de existir.
Mas isso não muda o fato de que o Flu vinha jogando com dois zagueiros e três volantes.
E o Tricolor ainda tem uma saída: Adilson Batista.
Defendo ele por um motivo simples: o cara faz, mais ou menos, a mesma coisa que Muricy, sendo que improvisa mais e cobra menos. Ainda dá pra contratar um preparador físico melhor.
Nada, porém, que vá mudar a assustadora forca das Laranjeiras, assim como o amadorismo de um time que perde técnico por causa de saída de dirigente. Mas isso são outros quinhentos…
Só tem mais uma: se o Santos contratar Muricy, Luís Álvaro é hipócrita. Ou isso, ou não entende de futebol.
Porque, segundo ele, o Peixe é o time do espetáculo, do DNA Santista.
E não vamos nos esquecer que, para Muricy, quem quer ver espetáculo tem que ir ao Teatro Municipal.